Capítulo 14 - Serkan

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Ouvir conversa alheia é errado mas quando entendi do que Eda e Ceren falavam não resisti. Me arrependi em pouco tempo porque podia sentir a mágoa dela por mim e senti que ia ser difícil ela não ir embora. E então ela soltou a facada final dizendo só ficaria se eu tivesse minhas memórias. Doeu, porque eu não poderia controlar aquilo e porque antes ela estava disposta a ficar mesmo sem memórias e eu arruinei tudo.

Minha vontade era ir embora mas eu não podia desistir por essas palavras dela. Ela ficou quando eu estava sendo horrível com ela, isso não é motivo pra eu desistir. Sei que ela pode não aceitar assim mas tenho que tentar e se ela dizer não então eu vou pensar em um plano porque se ela me amou uma vez, ela pode me amar de novo.

Eu bato na porta e em seguida me aproximo da cama dela. Vejo em seus olhos que ela está confusa e me encarando todo o tempo tentando me decifrar.

Eu? Estou com muito medo. Acho que nunca me senti assim. Tento me conter mas tá muitos difícil. Em poucos minutos já disse vários elogios,e não consigo tirar os olhos dela. Sei que não é a hora disso. Sei que deveria falar que sei que Selin me manipulou,ainda tenho que lidar com essa mulher... Mas enfim devia dizer que sei que Selin me manipulou e eu deixei, que terminei o noivado antes do acidente, que já estava sentindo falta antes mesmo dela ir. Mas o nervosismo me faz meter os pés pelas mãos e eu simplesmente solto de uma vez

-Eda não vai embora, fica. Eu quero consertar tudo mas preciso da sua ajuda. Sei que temos que conversar com mais calma e você deve ter muito a dizer  e eu também mas agora só quero que você me diga que não vai, que tá disposta a ficar e nos dar essa chance de fazer dar certo. E então o que me diz?

Ela me encara e franzi a testa, então abre os lábios para falar mas desisti. Agora eu tô encarando seus lábios enquanto ela me encara confusa e com um olhar de repreensão? Eu devo estar doido. Definitivamente estou doido porque eu simplesmente me sento em sua cama,  pego sua mão me inclino e deixo um selinho em seus lábios.

Eu pensei em beija- lá mas resolvi não tentar a minha sorte. Mas quando abro os olhos vejo que ela esta com os olhos fechados mas não impede uma lágrima de cair dos seus olhos, eu quero bater em mim mesmo por isso. Por causar tanta dor em um anjo como ela. E contra tudo que eu esperava naquele momento, com seu braço livre ela me puxa e me beija.

Eu posso sentir o seu gosto e parece familiar como se eu nunca estivesse ficado sem ele mas ao mesmo tempo sei que ela não parou de chorar pois sinto o sal da suas lágrimas, isso não é muito higiênico mas resolvi ignorar pra não perder esse momento.

Sua mão que me puxou ainda toca meu pescoço e alguns fios do meu cabelo me fazendo sentir cada parte do meu corpo, eu me aproximo mais zerando a distância entre nós, acaricio seu cabelo. É um beijo terno e delicado,ela não vai além disso e eu me seguro muito pois preciso que ela me diga sim primeiro e que saia desse hospital. Embora eu acredito que isso já seja um sim. Me desligo dos meus pensamentos e me concentro em nosso beijo até que ela corta o contato de nossos lábios e se afasta lentamente. Observo seus lábios agora ainda mais rosados e sorrio ao lembrar dessa troca que tivemos. Definitivamente preciso de mais doses de Eda. Ela percebe meu olhar e provavelmente entende o que estou pensando e me chama, lentamente eu busco seu olhar mas antes olhando para cada detalhe daquele rosto até chegar aos seus olhos e nesse momento meu peito se aperta porque pelo seu olhar eu vejo que aquilo não era um sim.

- Serkan, eu sinto muito. Eu não consigo mais, não agora. Não consigo simplesmente passar uma borracha em tudo e sei que ficar aqui vai me machucar ainda mais. Te ver sem lembrar de mim dói, te ver e lembrar do que vivemos e quanto você me machucou dói ainda mais. Eu preciso de um tempo.

Antes do beijo eu espera algo assim mas depois... Eu tinha criado esperanças.

- Quanto tempo?Eu espero.

- Não espere. Pode ser uma vida.

- Então por que me beijou? - Me arrependo da forma que falei assim que termino mas não sei o que pensar, ela estava tão perto a um minuto atrás e parece que simplesmente ela está escorregando das minhas mãos e eu não posso fazer nada.

- Não sei, tá bom? Eu não devia ter beijado e sei disso mas talvez meu coração precisava disso pra se despedir, me desculpe se passei a impressão errada.

Eu quero brigar com ela, dizer que ela não podia me beijar se ainda ia embora. Mas não consigo.Depois de tudo que ela passou por nós, ela pode o que quiser, menos ir embora,  e eu não posso julgar. Mas não vou desistir.

- Certo, vou deixar você descansar. Boa noite Eda Yildiz.

Algo no que eu disse fez ela sorrir. E quando eu já estou na porta ela se despede, ainda com um doce sorriso.

- Boa noite Serkan Bolat.

Saio do hospital e saio vagando até chegar em sua casa. O portão está aberto então eu entro e bato a porta.

- O que faz aqui?

- Melek, sei que não sou sua pessoa favorita no momento então

- Ótimo, então vá embora. Liberte a minha amiga disso tudo, você não acha que já deu?

- Não. Não deu. Pelo que eu ouvi dizer você sempre foi nossa maior apoiadora então por favor me ajuda, eu não quero mais machucar ela eu só quero apagar tudo de ruim e recomeçar.

-A questão é que minha amiga tem memória e não dá pra apagar tudo. E sim eu apoiava vocês talvez até demais só que nesse momento minha amiga precisa de um tempo.

- Entendo.Vou te pedir uma última coisa então, eu posso entrar? Talvez se eu ver as coisas dela eu consiga lembrar de algo e isso seria o melhor pra todos.

- Tudo bem. Entre mas sem barulho tia ayfer tá dormindo e não demore.

- Tudo bem. Eu vou ser breve.

Melek me guia até o quarto dela e me deixa sozinho ali. Eu consigo sentir sua alma, nas cores, no cheiro... Não deixar de sorrir absorvendo tudo ali. Me sinto como se estivesse mais próximo dela. Enquanto meus olhos passeiam pelo quarto me deparo com minha foto com alvo e alguns dardos em minha cabeça, se antes eu estava sorrindo agora sinto um aperto em meu peito como se eu sentisse a dor dela ao lançar aqueles dardos e então tenho um daqueles flashs de memória onde estou olhando essa imagem " então isso é o amor por Serkan Bolat hum" e fim. Me sinto um idiota por não conseguir lembrar de tudo completamente, apenas esses fragmentos sem contexto.

Enquanto saio da casa observando cada detalhe, confesso que um com um pouco de medo de não voltar mais ali, lembro da conversa de Eda com Ceren onde dizia que se eu lembrasse ficaria. E como Melek se mostrou mais aberta quando eu disse que entrar poderia me ajudar a lembrar. Eu só preciso lembrar. Tenho que lembrar.

Enquanto dirijo minha cabeça está a mil, acabei não lidando com Selin, nem sei se a polícia já foi atrás dela mas isso vai ter que esperar. Sei que quando Eda tiver alta ela vai querer viajar sabe-se lá para onde imediatamente e eu preciso lembrar antes disso.

Após horas dirigindo sem rumo e em círculos tive uma ideia, talvez não seja a melhor e a mais correta mas é algo provisório e para um bem maior. E afinal os fins justificam os meios ou é isso que estou me dizendo para seguir com isso. Pego meu telefone e ligo para Engin.

- Engin, estive no hospital e falei com a Eda, ah muito obrigada por não me avisar que ela acordou.

-Deculpe eu

- Tudo certo, ao invés de se desculpar você vai me ajudar no meu plano

- Plano? Que plano?

- Como eu disse conversei com ela e ela não quer ficar de formal alguma mas eu tive uma ideia. Se reúna com minha mãe e Seyfi, estou indo me encontrar com vocês, tenho um plano e vocês vão ter que me ajudar.

Tired lovedWhere stories live. Discover now