Com amor, Utopia • jikook •

6 • Antlia

#pessegodoce

As mãos de Jungkook suavam. Seu pomo de adão descia e subia toda vez que ele girava a caneta em sua mão. Não era uma pessoa ansiosa, não a esse ponto. Mas estava a cinco minutos olhando para o papel à sua frente, trocando a caneta de uma mão para a outra, já que era ambidestro desde o jardim de infância.

Jimin ficaria furioso. Não, na verdade ele ficaria arrasado.

O Sol do meio dia entrava pela janela, refletindo um pouco em seus óculos de armação escura. Passou a mão na têmpora, onde ficava a tatuagem. Quando olhou para Namjoon a sua frente, de braços cruzados e à espera de que ele assinasse os papéis, o arquiteto sorriu sem jeito e teve certeza que o ambiente estava ficando mais quente do que deveria para uma primavera em Londres. O papel branco a sua frente, com linhas posicionadas para a sua assinatura, refletia em seus olhos como se fosse de propósito, para lembrar da traição que estava cometendo.

Não, não podia pensar assim. Já não era o mesmo com Jimin desde a faculdade.

Levou o copo de água até a boca e molhou os lábios, sabendo que o advogado à sua frente lhe esperava ansiosamente. Fora Jungkook quem tinha ligado, marcando para o encontro. Agora, não tinha ninguém e nada para impedir que tomasse uma das piores decisões de sua vida. Sentia muito, sentia por Jimin, mas já bastava.

— Vamos, Jungkook, assine! — Namjoon pediu, de rosto surpreso pela demora. — É só seu cadastro no restaurante para concorrer a um sorteio. Até parece seu divórcio.

O advogado e o arquiteto estavam no restaurante Skylon, onde turistas e londrinos frequentavam com bastante frequência por adorarem o menu e o chef cinco estrelas por trás dos pratos bem temperados. Localizado no centro da cidade, foi a escolha de Namjoon para um encontro, ou melhor, um almoço entre futuros amigos próximos, quando Jungkook ligou semana passada para seu telefone particular.

O arquiteto aceitou a proposta de Namjoon sobre um encontro informal, e ficou entusiasmado quando a escolha foi um restaurante que fornecia uma grande variedade de comidas vegetarianas. Era algo a se avaliar por Jungkook, indispensável, na verdade.

O problema era que Jimin odiava o ambiente. Não a arquitetura em si, porque o ruivo não entendia nada sobre, apenas concordava que os tons claros e as janelas amplas eram um verdadeiro charme. Na forma leiga de Jungkook lhe explicar como o interior era bonito cada ambiente. O foco estava em seus pratos de frutos do mar e o café, que nas palavras de Jimin, são horríveis. Tudo bem que ele era alérgico a frutos do mar e precisou sair de ambulância na vez que frequentou com Jungkook, no inverno do segundo semestre da faculdade.

Contudo, o café não era ruim, só não era no estilo de Jimin. E, no estilo do ruivo, podemos nos referir a um tipo de café quase inexistente, porque mudava com facilidade o seu gosto e sua preferência por tons de café. De qualquer maneira, assinar aquele papel seria uma afronta ao enfermeiro, mesmo o restaurante ter mudado alguns de seus pratos. Jungkook conseguia relembrar, Jimin em cima da maca gritando para todos que o café era uma água suja e o peixe estava mais para uma piranha das profundezas do mar.

Se ele soubesse que o arquiteto estava assinando um cadastro e um sorteio para um jantar...

St. Mary - Final de plantão de Jimin

— Dora, tem alguma coisa errada.

— Tá. — a enfermeira respondeu, deitada com o rosto virado para o chão.

Não sentia seu corpo depois de tanto tempo em pé.

— Não, tô falando sério. Eu senti. — o ruivo falou, dando um pulo e botando a mão na bunda. — Um pressentimento ruim.