5 • Lyra

3.7K 496 522
                                        

#pessegodoce

Jimin só queria dormir.

Não precisava ser um sono de horas e horas, nem uma cama caríssima com lençóis mais caros que seu salário. Não, ele estava tão desesperado por algumas horas de descanso que aceitava qualquer migalha. Poderia até dormir na cama de Aquiles, enrolado em seu pano sujo. Quem sabe em cima da mesa. Tinha gente que transava em cima do móvel, porque não um cochilo?

Quando chegou em casa, cansado e tentando desligar a adrenalina de todo trabalho, o enfermeiro deu atenção para o cachorro e foi se despindo até o seu quarto. Nem banho iria tomar, admitia, só queria dormir e depois pensava em um bom banho de banheira para enfrentar outra madrugada no St. Mary. Entretanto, seus planos deram completamente errados quando escutou a campainha da casa tocar.

Franziu o cenho, não era possível que fosse alguma visita desejável. Não estava esperando ninguém e sabia que Jungkook já estava no trabalho, atrasado, mas estava lá. Inclusive, teve forças para ligar no escritório e tentar se desculpar pelo atraso de seu marido. A mulher que atendeu já era conhecida de Jimin, assim como o ruivo era para ela, então ele não teve tanta preocupação. Sem contar que Jungkook era quase seu próprio chefe, se fosse o ruivo já teria muito mais atrasos na lista.

Vestiu a camisa e colocou a calça de volta, deixando o zíper aberto e partiu em direção a porta, quicando ao tentar tirar uma das meias que estava pela metade em seu pé. Um arrepio percorreu sua medula espinhal quando perguntou quem era e ninguém respondeu, aquela sensação lhe causava um déjà vu de anos atrás que assombrava até seus dias atuais.

Balançou a cabeça para afastar os pensamentos intrusos quando escutou a voz da irmã de Jungkook do outro lado da porta. De sobrancelhas cerradas, porque ela deveria estar na faculdade ou sendo uma jovem encrenqueira, Jimin abriu a porta e viu Jiwoo segurando uma criança, ou melhor, um bebe em seu colo.

Colocou a mão na testa, verificando a temperatura e pensando se não estava alucinando. Não estava, porque olhou para Aquiles e o cachorro retribuiu o mesmo olhar confuso.

Jiwoo sorriu quadrado, enrugando o nariz exatamente como seu irmão fazia, porém, os olhos da garota demonstravam nervosismo e frustação. Balançou a criança agarrada ao seu braço na altura do quadril e ajustou a bolsa enorme do outro lado do corpo.

— Quando eu disse pra você aproveitar a faculdade eu não quis dizer engravidar no seu primeiro ano, pirralha. — Jimin disse, suspirando cansado e passando as mãos pelo rosto.

— Não foi você quem fornecia testes grátis de gravidez no campus? — ela parou de sorrir, se recordando da história contada.

— Sou a favor dos pobres. — gesticulou, como se fosse óbvio. — Agora, tchau.

— Não! — Jiwoo gritou, avançando até a porta e assustando a nenê em seu colo. — Ruivinho, eu preciso da sua ajuda.

— Me procura as... — esticou o pescoço até poder ver o relógio na cozinha. — 14:67.

Tentou fechar a porta de novo, mas Jiwoo era forte para a idade dela. Jimin olhou incrédulo, se perguntou se a genética de ter ombros enormes e corpo de lutador era por causa do pai.

— Jimin, eu preciso mesmo da sua ajuda. Eu liguei pro Jun, mas ele ta trabalhando e disse que você acabou de sair de um plantão...

— Então você sabe que metade dos meus órgãos já pararam de funcionar pelo cansaço, né.

— Eu sei, me desculpa, mas eu preciso resolver um grande pepino que me meti e não posso levar essa gracinha comigo. — disse rápido, tirando a bolsa do ombro e jogando no chão. — Era pra mim encontrar uma garota da faculdade, a gente tava conversando a meses, mas a danada achou que eu tava me oferecendo pra dar de mamadeira e não ser mamada... se é que você me entende.

Com amor, Utopia  • jikook • Where stories live. Discover now