Eu não era a única pessoa com pele negra aqui na escola, mas era a única rapariga, e todos os rapazes que haviam da mesma raça que eu, eram merecedores de respeito, considerando o seu corpo de jogador de basquete, tinham todos pelo menos um metro e oitenta. E eu era uma rapariga frágil como porcelana, com apenas um metro e sessenta e três.

 - Sai da frente estúpida! — Disse Chelsea, a capitã da equipa de andebol, ela era alta, magra e possuía longos cabelos lisos e castanhos-claros, quase tão claros como mel.

- D-desculpa. — Murmurei gaguejando, enquanto tentava sair dali antes que se lembrassem de me bater ou de me insultar mais.

Como sempre as minhas preces não foram ouvidas e ela agarrou no meu braço com força encostando-me á parede fria daquele corredor, colocou a mão no meu peito segurando-me, e com a mão livre acertou com a mesma na minha bochecha deixando-a a formigar.

Suspirei e baixei a cabeça quando um grupo parou para a observar a bater-me.

- Eu acho a tua pele tão apetitosa...- Riu, pegando no meu braço direito arregaçando a minha manga. — Serás feita de chocolate? — Dito isto levou a boca ao meu braço mordendo o mesmo com força, até o sangue escorrer pelo mesmo e um grito ser dado por mim.

As lágrimas escorriam agora pela minha cara, assim como os soluços eram ouvidos.

Eu não podia simplesmente deixar que ela me magoasse mas se a desafiasse e lhe respondesse iria ser muito pior, ainda assim respirei fundo e murmurei:

- Larga-me! — E por estranho que pareça a minha voz saiu firme, sem qualquer fraqueza.

O seu sorriso desvaneceu, e ela olhou-me séria agarrando o meu queixo nas suas unhas pontiagudas.

- Eu largo se eu quiser, oh idiota. — Falou entre dentes. — Inútil. — Murmurou antes de me cuspir para a cara, e abandonar o local.

Eu simplesmente limpei a sua saliva com a manga da camisola e corri para a casa de banho, que por sorte estava vazia. Eu chorava de maneira compulsiva, deixando soluços escaparem frequentemente.

Eu não entendia porque me faziam algo assim, eu não tinha cometido nenhum crime, nunca lhes faltei ou respeito, nunca fiz absolutamente nada de mal e ainda assim todos os dias era alvo de chacota.

Abri a torneira colocando o meu braço ferido por baixo da mesma, gemendo de dor quando a água gelada tocou na dentada, a mesma sangrava e ardia, mas mais do que uma ferida flamejante eu tinha um coração partido, sem qualquer tipo de conserto.

Inútil  

Eu perguntava-me como é que ela me poderia chamar inútil quando simplesmente não me conhece, ela fala como se eu fosse um monte de ossos com músculos ambulante que não serve para nada, mas eu tenho utilidade nesta espelunca, afinal eu sou nada mais nada menos que o saco de box.

Eu não sinto orgulho nisso, mas sinto orgulho no facto de aguentar calada sem preocupar ninguém com isto, é óbvio que queria que alguém me tirasse daqui, que alguém me salva-se, mas caramba nós não estamos num conto de fadas, Deus deu-me este destino e eu pretendo cumpri-lo, mesmo que tenha de ser espancada todos os dias da minha vida.

- Olá pretinha. — Ouvi um riso atrás de mim.

Outra vez não      

Olhei através do espelho e vi a Molly, ela era a chefe da claque, a típica menina rica loira de olhos azuis, mais rodada que o prato do microondas.

Eu não disse nada, ficando apenas no meu canto enquanto ajeitava a manga da minha camisola.

- Sabes, eu às vezes até tenho pena de ti. — Parou olhando para mim, e eu olhei-a pelo espelho. — Estou a brincar. — Riu um pouco.  

- V-vieste á casa de banho p-para me dizeres isso? — Perguntei amedrontada.

- Não. — Gargalhou. — Eu gosto do teu cabelo... — Observou-o. — No chão. — Completou antes de me puxar o cabelo com força fazendo-me gritar.

- Larga-me a merda do cabelo! — Pontapeei-a até ela me soltar e rir entrando numa das cabines.   

Suspirei e encarei o meu reflexo, que mal fiz eu a Deus para merecer isto? Para ter de passar por algo tão cruel? Algo tão doloroso?


Que é que eu fiz de errado?  

— — — 

Hey! Estão a gostar? 

Eu hoje estou bué revoltada, eu estive a falar do Nelson Mandella numa aula, e vimos a introdução do filme dele e eu comecei para lá a protestar por estar a ficar irritada pelo facto de existir tanto racismo, e estava a dizer que era ridiculo aquela sena e um colega meu vira-se e ainda diz que ridiculo é chorar por cantores, tipo como se ele concorda-se com o racismo, juro-vos que me apeteceu mandar-lhe com um tijolo na tromba!

Continuando...xD

Vocês não sabem o trabalho que este capitulo me deu, eu estava a morrer de dores de barriga (AQUELES DIAS DO MÊS YOU KNOW?)  tentei a técnica da toalha quente e assim e não deu em nada, tive de tomar um comprimido e o caraças unf. -.-'' O que importa mesmo é que eu consegui escrever o capitulo.

Desculpem lá se existir algum erro ou assim, é que eu ainda não revi. 

XxBiah. 

Racism | njhWhere stories live. Discover now