Nico di Ângelo no comando

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Se fosse perguntado para qualquer um dos semideuses gregos que imaginariam o dia em que teriam que arrumar todas suas coisas e deixar o Acampamento Meio-sangue nos primeiros raios de sol eles provavelmente ririam. Mas nada daqueles últimos meses estava sendo normal.

Já haviam passado pelas mais difíceis situações de luta, até mesmo dentro do acampamento; mas daquela vez teriam que abandonar sua casa se quisessem sobreviver.

Os batalhões romanos que os pretores do Júpiter haviam convocado haviam chegado à noite passada. Já havia quatro dias que sofreram o primeiro ataque de monstros saídos do Tártaro e desde então mais e mais aconteciam; com bons espaços de tempo, e o que percebiam é que aos poucos as criaturas banidas iam se dando conta da nova passagem.

Com a chegada dos romanos e os ataques constantes não restou dúvidas de que estava na hora de decidir o que fariam; nenhuma solução havia sido pensada então o que os restava era ir embora.

Os curandeiros se dividiram em equipes, os que ficariam na frente junto dos semideuses inexperientes e que estavam feriados, os que fariam a retaguarda e o restante dividido no meio dos outros semideuses.

Os romanos bem treinados e vigiados por Reyna e Frank estavam ajudando a carregar todo o armamento de treino dos gregos, e outros carregamentos.

— Pessoal — Quíron os chamou a atenção enquanto se organizavam na curva da colina — esse momento é tão doloroso para mim quanto para vocês, e irei ser breve apenas para não roubar nosso tempo. Iremos aceitar as instalações em Nova Roma que os pretores romanos gentilmente nos ofereceram, mas logo planejo conseguir com os deuses novas terras para que criemos uma nova casa, um novo Meio-sangue. Isso não é do nosso desejo, mas iremos superar.

Não houve os característicos gritos de determinação dos gregos, que estavam destruídos com a nova realidade.

Aos poucos começaram a caminhada, passariam em uma fila estreita o mais longe que conseguiam da vala.

— Você não comeu nada hoje — Reyna disse ao se aproximar de Jason, o garoto estava de cara fechada — você não pode o culpar pra sempre, uma coisa ele estava certo, você tem uma casa para voltar.

— Não estou o culpando — respondeu seco — eu tenho um lugar pra voltar, mas e quanto a todas essas pessoas que estão tendo que deixar suas casas?

No fundo ela não culpava o amigo grego. Reyna o entendia, como pretora seu papel era pensar nos outros antes mesmo de si mesma, mas Nico já havia feito isso durante toda sua vida.

— Talvez seja por pouco tempo, Nico pode mudar de ideia. Ele não está condenando essas pessoas à morte, ou a dor de ficar sem umas as outras, apenas sem o lugar físico. Você sabe qual é a dor maior.

Claro que sabia, perder sua casa nunca o doeu tanto quanto ser afastado de Thalia, Nico só teve um lugar para chamar de seu nos seus primeiros anos de vida também sabia que perdê-lo não doía tanto.

Jason fechou os olhos se sentindo um grande babaca. Não havia dissipado sua decepção por Nico não querer ajudá-los, mas o fazia ter certeza que não duraria muito.

— Mas não entendo, ele sempre se pôs na frente de todos e dessa vez em que tudo depende dele está agindo dessa forma. Escolhendo o caminho da raiva. — sussurrou a última parte para a garota.

Ao citar a profecia Reyna ficou tensa ao seu lado, ela não gostava de pensar em tamanho peso nas costas do amigo e muito menos o ver escolher algo errado.

Claro que tinham medo do que poderia acontecer depois dali, os gregos poderiam se revoltar com o acontecido, por não terem recebido sequer uma ajuda dos deuses. E bem sabiam o que semideuses sentindo-se traídos eram capazes.

Luminous angel || SolangeloWhere stories live. Discover now