Capítulo 9 - De Volta ao Desalento

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A claridade já havia sumido timidamente com o surgimento do crepúsculo quando Eren Yeager adentrou a casa dos Ackerman.

O jovem fez menção de seguir diretamente para o andar de cima, ignorando os burburinhos de conversas que identificou no cômodo ao lado. Foi interrompido, porém, ao ouvir uma voz animada chamando seu nome.

— Eren?! Aposto que é ele.

Reconheceu imediatamente o tom, forçando-se a caminhar até a sala de jantar. Para sua surpresa, Zoe não era a única pessoa presente; Erwin acenou para ele com simpatia, enquanto Gabi e Mikasa o olharam do outro lado da mesa, a primeira fazendo uma careta de confusão. O Yeager preferiu não encarar Levi.

— Eu disse, chegou bem na hora! — exclamou Hange. — Você vai jantar com a gente, não é, Eren? Espero que goste de comida mexicana, o bonitão aqui sempre nos obriga a pedir isso.

— Eu ia cozinhar, se você quer saber — Erwin deu de ombros. — Mas fiquei preso no trabalho.

O moreno abriu a boca para passar a vez e inventar uma desculpa esfarrapada quando sua irmã interrompeu, determinada:

— Onde você estava, hein?

Mesmo sentindo a fadiga tomar conta de seu corpo de forma dolorosamente rápida, Eren exalou o ar dos pulmões e acomodou-se no lugar vago entre Mikasa e a caçula, notando Levi se atentar a pergunta.

— É, pirralho, pode dizer por qual razão você andou cabulando aula? Eles ligam da escola quando não recebem justificativa nenhuma, sabia?

— Não sabia.

O olhar lançado em seguida lhe informou que o homem não estava com humor para brincadeiras. Eren se remexeu no lugar em desconforto, dando de ombros.

— Eu só estava caminhando. Uma aula a menos, uma a mais... Não faz diferença.

— Não faz diferença?

— Ah, esses adolescentes! — Hange forçou uma risada. — Acho que nenhum de nós cabulávamos aula na nossa época.

Erwin, parecendo afim de acabar com o clima ruim antes que começasse, estalou a língua.

— Você tentava sempre que podia.

— Óbvio que sim. Quem suportava aquela ladainha? Porém nunca conseguia porque você, certinho demais, me impedia. E depois que Levi apareceu, então... Insuportáveis, os dois.

Gabi se aprumou, curiosa.

— Espera, vocês também estudaram em Saint Sina?

— Ah, sim! Erwin e eu estudamos juntos desde o primário, mas só conhecemos Levi quando... — Hange se virou para o mais baixo. — Você tinha o quê? Uns dezesseis?

— Uhum.

— Não me pergunte como viramos amigos, nem eu entendo direito. Só me lembro dos dois aqui discutindo sempre porque, convenhamos, Levi não ia com a cara do Erwin, e depois estávamos sempre juntos.

Erwin sorriu minimamente, nostálgico, e os dois não tardaram a começar uma história sobre o dia em que Zoe quebrara o joelho na tentativa de pular um antigo muro da escola.

Embora tivesse deixado o assunto ser encerrado, o silêncio de Levi emanava descontentamento. O garoto não conseguiu dar a mínima, não naquele momento.

Levi não entendia e não poderia entender, pois nem imaginava o que Mikasa e ele haviam descoberto. Eren não tivera mais de quatro horas de sono nos últimos três dias, tentando fazer a ligação entre o tal Katsuo, Boaz e seus pais. Sentia uma raiva infinita ao pensar que aqueles homens, juntamente de outros, podiam ter acabado com tudo que lhe era mais importante num piscar de olhos. E tudo aquilo com qual propósito? Não conseguia encontrar um motivo. Por que um dos possíveis bandidos teria sido assassinado por um companheiro? E se tudo aquilo não passasse de uma paranóia sem valor, criada por um lado infantil e desesperado...

o paraíso dos quebrados | eremikaWhere stories live. Discover now