Capítulo 8 - Facetas de Submissão e Destemor

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Apesar de recente, Shiryoku & Gath assemelhava-se propositalmente aos bares escoceses antigos. O lugar possuía móveis de madeira escura, uma iluminação amarelada e o típico cheiro de bebidas lícitas e comida barata — tudo isso acompanhado por uma segurança fajuta que sequer pedia a identidade dos clientes.

Mikasa Ackerman definitivamente entendia o porquê de um criminoso procurado pela polícia achar uma boa ideia frequentar o estabelecimento.

Ela e Eren se sentaram ao redor do balcão, sendo atendidos imediatamente por uma mulher de cabelos claros. O garoto passou os olhos pelo cardápio rapidamente e pediu (mais para não parecer suspeito do que para alimenta-los) uma porção de batata frita. Ao ver a moça anotar o pedido e sair, Mikasa observou o local na tentativa de encontrar o cara citado nos arquivos que ambos leram recentemente, mas nenhum deles estava identificado como "Ian Dietrich".

Depois de tanto sufoco e tribulação, a única informação útil obtida entre a pouca papelada havia sido o nome do bar que Boaz fora reconhecido pela última vez, juntamente do nome e sobrenome do homem que o vira.

Eles precisavam fazer aquilo valer a pena.

Para sair do galpão, felizmente, o esquema foi mais tranquilo: a Ackerman disse aos guardas que não encontrara nada que ajudasse na investigação do acidente 99 e, mesmo sob uma expressão arisca, ninguém se opôs em devolver os pertences de Eren e liberá-los. Sua mente ainda pensava na possibilidade mínima de terem sido descobertos; estariam muito encrencados àquela altura.

— Ei, com licença — acenou Mikasa, chamando a atenção de um dos funcionários. — Você sabe se aqui trabalha algum Ian?

— Ian? Ian Dietrich?

— Esse mesmo — apressou-se Eren.

O ruivo arqueou uma sobrancelha, claramente desconfiado.

— O que querem com ele?

— Somos conhecidos.

— É mesmo?

— Meu irmão mais velho estudou com ele há alguns anos — explicou Eren, sem muita complacência para enfeitar a mentira. — Perdemos contato, mas ficamos sabendo que talvez ele estivesse trabalhando aqui.

O homem não respondeu imediatamente e Mikasa pressionou:

— Está ou não?

— Dietrich pega o turno das onze, eu cheguei agora — disse sem ânimo. — Pode ser que ele esteja lá dentro.

— Podemos ir vê-lo?

— Não.

O funcionário lhes deu as costas sem mais explicações, seguindo para a área dos fundos. Eren crispou os lábios.

— Inferno.

— Esperar ele sair não vai dar certo — disse ela. — Ainda mais quando não temos nenhuma noção básica do horário de trabalho dele.

Se demorassem demais, acabariam chamando a atenção de Levi.

Yeager olhou ao redor como se tivesse a capacidade de encontrar uma passagem secreta que revelasse o caminho até o tal Ian, como se estivesse traçando um plano.

— Vou resolver isso, espere aqui.

Apesar de não conseguir imaginar quais tipos de coisas ele tinha em mente, Mikasa não o impediu de se levantar e sair; virou-se para frente com um suspirou e mastigou uma batata.

Não são muitas as encrencas que se pode arranjar por aqui. 

Menos de três minutos depois o som de algo se partindo soou pelo estabelecimento.

o paraíso dos quebrados | eremikaOnde histórias criam vida. Descubra agora