A maioria das crianças possuíam o dom de criar uma imagem muito clara sobre facetas que, até suas idades precárias, lhe eram desconhecidas — como a idealização de um lugar, os mínimos detalhes e os exageros mais puros apenas por ouvir alguém citando-o ou, talvez, dar rosto e personalidade aos mais diversos nomes. Aos olhos curiosos e ingênuos, contos mitológicos eram sempre grandiosos, uma montanha-russa parecia duas vezes maior e mais temível do que realmente era, e uma tatuagem elevava qualquer pessoa a outro nível de rebeldia. E dependendo do aspecto, certos familiares distantes deveriam atingir as expectativas de tais mentes criativas, fosse uma tia ranzinza ou uma madrasta má.
Embora a imaginação de Gabi não tivesse limites impostos, a garota não conseguia se lembrar de esperar por uma figura específica entre seus parentes. Havia, sim, surgido muitas perguntas ao longo dos anos, mas as respostas não eram nenhum segredo: sua mãe ficara órfã aos treze anos, seu pai nunca tivera uma boa relação com os próprios pais e ambas as famílias sempre foram particularmente pequenas. Então ela estava acostumada com o aspecto claro, sem mais familiares.
Independente disso, a caçula tinha certeza de que, sob a imaginação de qualquer criança, o Sr. Arlert cumpriria todos os requisitos do que era esperado de um avô. Ele tinha cabelos brancos e curtos, com rugas ao redor dos olhos azuis e falava como alguém que vivera o suficiente para ter propriedade, além de sempre soar sábio e amistoso. O velhinho também parecia adorar crianças, considerando o modo como vinha tratando os jovens convidados.
Ele sequer reclamava do barulho inevitável que eles faziam ao vencer uma partida de video game.
— Ei, isso está errado! — disse Udo. — Deve ser algum problema no sistema.
— Até parece — Falco deu de ombros. — Eu ganhei.
— É só jogar de novo — resmungou Zofia.
— O resultado será o mesmo — emitiu Gabi. — Além do mais, é a sua vez.
— Tanto faz, pode ir.
— O que é, você gosta de perder?
A loura não demonstrou se importar.
— Essa fase é chata.
Ela tomou o controle das mãos do garoto de cabelos escuros.
— Eu vou, então.
Mas, como dito, a fase era realmente a mais difícil de passar. Os movimentos precisavam ser velozes e bem calculados, e não podiam ser "brutos" demais, caso contrário terminaria em uma poça de lava. Mesmo Falco, que deveria estar acostumado por ser o dono do jogo, mantinha o cenho franzido em dificuldade.
— Espera, espera... — Udo murmurou para ninguém em específico. — Não! Olhe para o lado.
— Você está desconcentrando eles — alertou Zofia.
— Isso não vai dar certo...
— Quer ficar quieto? — grunhiu ela.
Não podia perder daquela vez; desde que começaram a competição, ela e o anfitrião da casa haviam ganhado de Zofia e de Udo três vezes, porém nunca tinham competido um contra o outro. E ambos pareciam estar perfeitamente cientes daquele fato.
— Só estou dizendo que essa parte da ponte tem uma armadilha no final. Não se esqueçam.
— Isso aqui é cheio de armadilhas, Udo — disse Falco.
— Sim, a questão...
A garota assistiu com uma irritação indignada o momento em que, sucessivamente, sua personagem era esmagada por uma pedra e o personagem de Falco caía metros abaixo. A tela brilhou, a palavra em vermelho anunciando a derrota.
BINABASA MO ANG
o paraíso dos quebrados | eremika
FanfictionA vida de Eren Yeager começou a estilhaçar no momento em que seus pais foram assassinados, deixando-o a mercê de toda a raiva, melancolia e desespero que um adolescente de 17 anos poderia sentir em uma tal situação devastadora. Meses depois, ele e a...