18. Até que te encontrei

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• Hanna •

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• Hanna •

O vento solitário e sombrio do começo da manhã beija minhas bochechas e a ponta do meu nariz, invade o espaço pessoal entre a ponta das minhas orelhas e faz com que meu rosto esfrie rapidamente. A mudança repentina do clima sempre me deixa doente. É um porre. Essa manhã, Southwestern foi tomada por neblina e geada, e minha garganta já começou a arranhar.

Afundo mais a touca na cabeça e puxo a manga do casaco, perdendo no punho. Dou alguns pulinhos para criar coragem e começo a correr antes que eu me arrependa de acordar às seis da manhã enquanto Elizabeth ainda está sob os cobertores. É um clima mais agradável para correr, é claro, mas não tanto para sair da cama.

Antigamente, eu corria sem saber que era o exercício que aliviava minha ansiedade. Colocar um pé na frente do outro em um ritmo constante, se equilibrar, respirar na hora certa e na medida certa. E aí fez todo o sentido.

Quando eu fazia parte da equipe de corrida do meu antigo colégio com Olivia, costumávamos fazer joguinhos mentais para manter a motivação. Porque entenda, correr é um esporte mental antes de ser físico, mais do que qualquer coisa. Então depois de um tempo, naturalmente, virou mais que uma distração para mim, mas sim uma necessidade, e eu queria sempre ser melhor. O desempenho depende de treinamento, e o treinamento depende da concentração.

Para Olivia, os joguinhos eram " Se eu fechar cinco quilômetros em X minutos, o Harry Styles vai me seguir no Instagram". Já para mim, cada meta alcançada era uma forma de dizer ao meu cérebro ele estava errado em tentar me sabotar. Funciona. Eu sou eu quando estou correndo, e a ansiedade não pode me atingir, porque sou rápida.

Já arranjei várias bolhas nos pés, às vezes tendo que passar horas com eles dentro de um balde água bem gelada. Mas, no dia seguinte, eu enrolava os dedos em algum pano e calçava os tênis de novo. Porque apesar dos joguinhos, quando eu acabava de correr, sabia que era só uma questão de tempo até o zumbido voltar.

– Excelente! – Minha professora grita, um sorriso de orelha a orelha – Essa eu gostei de ver, Conrad!

E eu sei que quando corro dessa forma, quando mal consigo ver a pista na minha frente, quando meus sentidos se isolam, quando surpreendo minha treinadora, é porque sei que estou prestes a me sabotar. Ou seja, preciso tomar cuidado.

Quando chego no quarto, Elizabeth ainda é uma pilha de cobertas, e seu despertador já está tocando. Decido não acordá-la, pois não quero ser alvo de sua fúria, já experimentei isso por muito tempo. Então apenas vou banhar, bastante satisfeita com meu desempenho essa manhã, essa semana, e já animada para o resto do dia.

Hoje vou ter a primeira reunião com o pessoal do Conselho Estudantil depois de ter conversado tudo com a Rebeca. Além disso, meu celular tem enchido de mensagens de alunos querendo fazer parte do novo jornal. Foi uma semana cheia, mas gosto de me manter ocupada.

Até que te encontrei (Romance Sáfico)Where stories live. Discover now