Move Two

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DARK MOVES OF LOVE

capítulo dois.

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FLASH BACK

A música tinha um ritmo esquisito, como se gritasse em agonia junto com os cantores. Era uma mistura de coisas em excesso - bateria demais, guitarra demais, vozes demais, baixo e teclados demais -, que faziam Dinah e Normani ficarem tontas.

Mas Camila não. A fazia sentir viva.

Principalmente quando, logo no espaço aberto no canto do palco, onde a próxima banda esperava impacientemente por sua hora de tocar, a vocalista do The Spiders encarava-a com um sorriso de canto no rosto.

Para que você entenda melhor, era um dos verões mais quentes que já passaram por Miami, e como sempre, a prefeitura organizava um festival de verão. Vinham bandas de todos os tipos e lugares, e a prefeitura convidava bandas novas e não muito conhecidas para ter sua chance no palco e conquistar novos fãs - ou quem sabe uma proposta de fechar contrato numa gravadora pelos olheiros? Era um festival grande se você fosse pro palco dos conhecidos, mas se você estivesse na parte que a latina estava, chegaria rapidamente perto do palco sem problemas, e teria liberdade de dançar, pular, etc. - sem que fosse esmagado.

Camila tinha certo apresso por música e uma fome de coisas novas. Então, como uma tradição, todo ano desde que completara idade suficiente para sair sem os pais, arrastava suas duas melhores amigas com ela para FMM - Festival Miami de Música.

"Mas só tem gente batendo nos instrumentos, Mila!" Normani resmungou na primeira vez que a latina a chamara.

"Ah Mani, por favooor" Camila implorou, agachando na frente da amiga para agarrar suas mãos e fazer a carinha de cachorro-pidão. "Até a Dinah aceitou ir!"

"Ela vai pelos garotos, não pela música. Então obviamente em algum momento ela vai sumir, e eu, como uma boa amiga, terei que ficar aturando esses showzinhos..."

Camila suspirou. "Eu trago frango frito sempre que você quiser"

Normani ergueu as sobrancelhas. "É, meu bem. Agora você está falando minha língua".

Realmente, algumas bandas batiam os dedos nas cordas e gritavam letras aleatórias no microfone e pronto, essa era a música.

Mas The Spiders não.

No intervalo de um show para o outro tocavam músicas e pequenos vídeos dos artistas que estavam por vir, e The Spiders foi apresentado. As músicas, além de terem ótimas letras, tinham uma boa batida e eram gostosinhas de ouvir.

Mas não foi o baterista malhado com um cabelo legal, ou o baixista que tinha uma tatuagem de camelo, ou até o guitarrista ruivo que a chamou a atenção. Foi ela. Ela e sua pele clara que realçava as tatuagens. Ela suas cascatas de cabelos escuros que desciam por seus ombros e paravam na metade das costas. Ela e seu corpo digno de capa de revista. Ela e aqueles olhos. Puta merda, aqueles olhos verdes fizeram Camila quase engasgar com seu sanduíche.

Não mais do que o engasgo com a própria saliva que a latina com os dezessete anos recém-completos sentiu quando a vocalista encostou-se na grade uns metros de distância do público - num canto da entrada do palco, onde alguns membros descansavam ou se preparavam mentalmente -, espiou a galera que obviamente não estava prestando atenção nela, e encontrou os olhos castanhos de Camila completamente hipnotizados.

A de olhos verdes sorriu, e Camila perdeu o ar.

Puta que pariu.

Então é, depois disso lá estava ela contando os minutos para seja lá qual for o nome da banda, que se apresentava na hora, sair do palco e dar espaço para The Spiders.

Dark Moves Of LoveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora