Meu, Seu, Nosso Universo

Se ama então o deixe

Ter filho dói, criar cansa, mas eu amo

Carla

00h12min orfanato Lua Clara

Eu estava em um soninho super gostoso até que bem, bem de longe ouço um choramingo de criança e sabe quando você está com tanto mais tanto sono que tudo fica distante e você ate esquece quem você é, então eu estava nesse estado, então tentei ignorar, mas o choramingo persistia e uma voz interna me mandava levantar enquanto outra dizia pra deixa pra lá que daqui a pouco ela para ou minha sogra vai colocar ela pra mama espera quem vai mama? Que sogra? Meu raciocínio confuso começa a tomar forma a medida em que eu começava a despertar. Eu sou Carla Alpes, tenho treze anos e sou mãe solteira que esta morando em um orfanato. E com muito dificuldade abro os olhos e me viro para lado e me deparo com uma loira desengonçada tentando fazer minha bebe ficar quieta e falhando miseravelmente no processo.

- Sabe eu acho que você não vai acalmar a fome dela fazendo careta

Ela se virou pra mim e deu um sorriso meio constrangido. - É que, bem eu, eu anh só... - ela se embolou nas palavras eu ri do desespero dela e me sentei na cama pegando Luz no colo e já a colocando pra mama e enquanto ela mamava eu percebi os olhos penetrantes da loira em mim. - Olha eu tenho dois seios se quiser a Luz fica com um e você com o outro - a provoquei, e mesmo no escuro pude ver seu rosto ficando cada vez mais vermelho.

- Q-que... N-n-não eu, eu - Ela não conseguia formar uma frase de tanta vergonha.

Tadinha ela travou.

- Relaxa eu estou brincando e sem contar que amamentar é dolorido de mais e se eu já sofro com uma imagina com duas

Ela adotou uma expressão de interesse e curiosidade. - Ué eu pensei que você nem sentisse

Eu ri sem humor. - Quem me dera à natureza tivesse sido tão gentil assim

Ela abriu a boca em um 'o' e Powder inclinou a cabeça pra baixo da cama. - De acordo com o que eu li na bíblia as dores e consequências do parto são o castigo que Deus deu a mulher por comer o fruto proibido

- É já li isso e sabe acho que o teste pra ver quem vai ou não pro céu deve ser quem conseguir conhecer Eva e não desejar descer a mão na cara dela, porque cacete menstruar é uma droga, ter filho dói pá cacete sem contar como isso destrói nosso corpo - desabafei.

- Então dói tanto quanto dizem?- Adora perguntou.

- Na verdade é pior sem contar que se você pensar por onde eles saem fica ainda mais confuso

- Ué, mas eles não saem da barriga? - questionou Vi se juntando a irmã na posição de ficar de cabeça pra baixo.

- Na cesariana sim, mas parto normal as coisas são literalmente mais em baixo

Elas fizeram carinhas fofas de desentendimento e lá do colchonete Korra fala mais alto. - Eles saem da vagina 

Elas arregalam os olhos e as duas mais velhas me mandam olhas que poderiam ser lido como 'isso é serio?!'

- É ela esta falando serio- confessei.

- Como? - Vi indaga.

- Eu não sei só sei que é isso - dei de ombros, a gravidez em si é um processo estranho seu corpo inteiro se molda para poder carregar uma nova vida, seria fascinante se não fosse estressante e dolorido.

- "Cê" tem certeza?- questiona Adora.

Eu olhei bem pra cara da Adora e com um tom irônico disse. - Não Adora eu não tenho certeza, eu só literalmente pari ela, mas eu não faço ideia de como

Ela contraiu os ombros de vergonha e Vi riu muito da cara dela. - Mandou princesa

- Se ter filhos é tão ruim porque você ainda tem ela? - Powder perguntou inocente.

E bem pra ser sincera nem eu sei, só sei que sinto que não deveria deixá-la não sem ao menos saber que ela vai ficar bem.

- Porque bem, ela é minha filha minha responsabilidade - respondi seria.

Powder ficou meio desanimada do nada e com a voz carregada disse. - Isso não impediu nossa mãe de nos deixar

Vi parou de ri na hora e olhou para irmã com uma certa tristeza. - Pow não foi bem assim eles não tiveram escolha

- Isso é o que você diz eles prometeram que assim que as coisas melhorassem eles viriam nos buscar e até agora nada - ela disse com raiva e subiu seu rosto ficando fora do meu campo de visão e Vi a seguiu.

- Se eles prometeram significa que eles virão e se ate agora não vieram é porque as coisas ainda não estão boas - Vi tentava consolá-la.

- Eu quero ir pra casa Vi - Powder choramingou.

Ouvi Vi suspira. - Eu também Pow, eu também.

Ouvi fungadas baixinhas, e ao olhar pra Luz percebi que ela já tinha parado de mamar e a coloquei pra arrotar e em seguida a coloquei pra dormi de novo.

- Talvez seus pais tenha lhes deixado aqui porque pensaram que esse lugar seria sua maior chance de sobreviver - falei um pouco mais alto para que me escutassem.

- E porque acha isso? - Vi questionou baixo.

- Porque foi o que eu pensei, eu só iria deixa a Luz aqui e iria embora, mas graças aos céus a vovó Rizzo me ofereceu um lugar aqui também, mas se algum dia alguma família chegar aqui e quiser levá-la e se essa família tiver condições de criá-la melhor eu deixarei eles a levarem - confessei meio triste com essa hipótese.

- Mas você disse que ela era sua responsabilidade - Powder disse baixinho.

- E é - concordei. - Mas eu a amo e como mãe tudo que eu quero é que ela tenha uma boa vida nem que pra isso ela tenha que ser criada por outros, é triste, mas se for para o bem dela então pra mim está tudo bem

Uns segundos de silencio se fizeram presentes até que ela disse. - Você acha que nossos pais nos deixaram aqui por que nos amavam?

- Eu não acho Pow eu tenho certeza - Vi afirmou confiante.

E Adora me observava com uma carinha que intercalava entre admiração compaixão.

- Uau isso foi lindo

- Só é a verdade, uma mãe de verdade faz tudo pelo seu filho

- É admirável você é uma excelente mãe Catra

Eu dei de ombros. - Se você diz loirinha - me deitei ao lado de Luz. - Agora se me der licença eu tenho que dormi nunca se sabe quando ela vai acordar de novo - fechei os olhos.

- Beleza, então boa noite Catra, pequena Luz - Adora disse, mas não saiu do lado da cama e continuou nos observando por mais um tempinho até de fato se deitar e assim como um Golden ela também gosta de crianças eu presumo, que fofo.