Capítulo 30

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Percy

Annabeth lutou contra a inconsciência durante horas. De vez em quando, ela soltava gemidos de dor e murmurava palavras aleatórias e sem nexo. Mas seus olhos insistiam em ficar fechados.

Não sei quanto tempo, exatamente, fiquei sentado ao lado da cama até que ela finalmente abrisse os olhos, completamente perdida e confusa. Tentei não me encolher quando aqueles orbes cinzentos pousaram sobre mim e ela levou a mão à testa, fechando os olhos.

-Ótimo, agora estou tendo ilusões- ela murmurou.

Meu coração acelerou imediatamente ao ouvir a voz dela mais claramente. Eu não queria, mas era involuntário. Todo o meu corpo parecia implorar para que ela falasse mais, para que eu chegasse mais perto dela e a tomasse em meus braços. Minha mente, por outro lado, ia na direção contrária, colocando minhas últimas memórias com ela em loop.

-Bom, eu sou mesmo a melhor ilusão que você poderia ter- falei, mantendo um tom casual. - Um colírio para os olhos, não acha?

Annabeth retirou a mão do rosto e me encarou. Eu podia ver as engrenagens se movendo por trás daquela tempestade e a ficha de que não estava tendo uma alucinação caindo. Sua expressão não se alterou, ela continuou séria, todavia sua respiração ficou presa. Forcei um meio sorriso.

-Olá, Annabeth.

Forçando o ar para fora, ela se esforçou para se sentar na cama, tremendo pela fraqueza. Minhas mãos coçaram para ajudá-la, então as apertei juntas sobre meu colo, mantendo-me na poltrona. Depois que ela enfim conseguiu, os olhos cinzentos se voltaram para mim novamente e ela imitou meu meio sorriso.

-Olá, Percy.

Certo, está indo tudo bem, não precisa ficar todo nervosinho como um adolescente na puberdade, você vai ficar bem. Sorria. Aliás, não sorria, ela terminou com você, lembra? Mas eu quero sorrir para ela. E se ela não retribuir meu sorriso? Por Caos, e se ela quiser ir embora antes mesmo de conversarmos?!

Minha mente estava tão tumultuada que não percebi que eu estava mexendo a perna com inquietação e torcendo as mãos. Annabeth observou os sinais de nervosismo e fechou o meio sorriso, desviando os olhos e mordendo o lábio inferior. Ela puxou as cobertas até o peito e as apertou ali. Parece que nós dois não passávamos de adolescentes, ambos tensos e sem saber como prosseguir, até que ela arregalou os olhos ao se lembrar de algo e voltou a atenção para mim.

-Onde estamos?

-Presos no Tártaro- respondi por reflexo.

Ela olhou ao redor, inquieta.

-Sério?

Assenti.

-Esta é a Embaixada de Aureum, temos até uma piscina olímpica e estátuas vivas, você vai adorar.

-Aureum?

-Ahn, essa é uma longa história... o que importa é que estamos seguros aqui dentro- suspirei. - Por enquanto.

Ela balançou a cabeça e caímos no silêncio novamente, até ela pigarrear, com os olhos baixos.

-A última coisa que me lembro... havia muitos monstros... foi você que...? - Ela parecia constrangida.

-Eu tirei você antes que eles percebessem que eu não estava forte o suficiente para enfrentá-los- contei, olhando para o chão.

-Obrigada- disse ela, finalmente erguendo os olhos para mim.

Dei de ombros, sem saber como responder. O que eu diria? Não foi nada? Ah, por Caos! Estava claro para qualquer um com olhos que aquilo foi alguma coisa.

-Por que você está aqui? - Perguntei, observando enquanto ela apertava os lábios em uma linha fina e empalidecia.

-Preciso te contar uma coisa- ela replicou, rígida. - Eu procurei por você para contar, mas... você desapareceu.

Precisei me segurar para não dizer algo como "É chato quando as pessoas desaparecem sem uma explicação, não é?". Não era hora de colocar meus ressentimentos em palavras, Annabeth estava com a cara de "Tenho uma notícia bombástica e que vai te virar do avesso".

Ela olhou nos meus olhos com tanta intensidade que senti meu estômago revirar. A sensação de ter toda a atenção dela sobre mim era tão sobrepujante, tão ridiculamente intimidante e familiar que me dava vontade de correr em sua direção e jamais deixá-la fugir novamente. Mas as palavras que se seguiram me surpreenderam de tal forma que senti que poderia ter um infarto e nem Apolestátua poderia me salvar de morrer bem ali.

-Sua irmã, Ally, está viva e esteve comigo desde que... bem, desde que eu a tirei de vocês. 

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 27, 2021 ⏰

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