- Capítulo 37 -

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- GAEL CARTIER -

— Papai, podemos ir no parquinho mais tarde? Quero brincar no trepa-trepa.

Sorri bobo. Eu sempre sorria bobo quando a pequena Isabel me chamava de pai.

— Tudo o que minha princesa quiser — respondi pegando o disco de freesbee que estávamos jogando de um lado para o outro no jardim.

Quando meu pai era vivo eu perguntava o porquê de ele não ficar sempre em casa comigo e com meu irmão, ele sempre me dizia que quando eu tivesse uma família, eu teria a resposta. E, vendo Isabel brincar no gramado, sorrindo com tanta sinceridade enquanto me chamava de pai, me fez entender o porquê do meu pai trabalhar tanto. Ele só não queria deixar faltar nada para meu irmão e eu, pois na época nós éramos pobres, tínhamos tão pouco, mas éramos unidos. Uma família verdadeiramente feliz.

Não sei o que estava acontecendo comigo, mas eu sentia meu duro coração derreter dia após dia, e minha aproximação com Isabel estava me fazendo sentir estranho, pois eu comecei a sentir o desejo de ter a minha família, a minha própria família. Como meu irmão que resolveu ir devagar na vida de boêmio e arranjou uma esposa e teve uma linda filha.

Bem, eu já tinha feito planos no passado com Jasmine, mas eram só planos teóricos que nunca saíram das nossas mentes e foi sugado pela raiva e o ódio, mas agora eu estava vivendo na pele o que era ter uma criança para me abraçar quando eu chegava do trabalho. Uma linda e inocente criança que pensava que a vida era feita de faz de conta e me enxergava como seu super-herói, e viver tudo isso era impagável.

Agora só restava conseguir o mais difícil... resolver a situação com Joana, eu só não sabia como concertar as bobagens que fiz, e em como mantê-la ao meu lado sem que ela me olhasse como se eu fosse um criminoso. Talvez eu tivesse que dar um passo mais importante na minha vida, que era abrir meu coração para novos sentimentos.

Saí do meu monólogo pessoal quando vi a Maserati Suv preta do meu irmão parar na entrada do meu jardim.

— Não acredito! — exclamei quando a porta abriu e Sophia minha sobrinha de quatro aninhos saiu de lá correndo e veio na minha direção com seus bracinhos abertos.

— Ti-tio. Ti-tio! — Dizia a menina.

A peguei no colo sem acreditar que era real. Depois que sofri o acidente meu irmão e sua família foram meu braço forte. Eu nem sei o que teria feito se eles não estivessem comigo durante todo aquele processo. Mas, Georgina a esposa de Júlio que era uma modelo renomada, recebeu uma proposta de emprego indispensável, e eles foram morar na Itália. Desde então, só nos falávamos por ligações telefônicas e vídeo chamada.

Depois de cumprimentar minha sobrinha, Júlio saiu do carro puxando uma mala.

— Meu irmãozinho está tão bonito, nem se parece comigo.

Ele sempre fazia aquelas piadinhas por conta da nossa aparência, gêmeos idênticos.

— Olha para você, continua bonitão! — Abracei meu irmão sorrindo.

Isabel que vinha carregando consigo o disco de freesbee se escondeu atrás da minha perna comendo os dedos de timidez.

— Papai, quem são eles?

Os olhos do meu irmão me avaliaram com estranheza. Ele colocou as mãos no peito encenando estar enfartando.

— Papai? Não me diz que... que você adotou e... me deixou fora de todos esses acontecimentos?

Sorri.

— Não é nada disso. Ela não é minha filha de verdade, e nem foi adotada. É filha de uma... de uma...

— Amiga. — Joana saiu para o lado de fora com os braços cruzados sem esconder no seu semblante a surpresa por saber que eu tinha um irmão gêmeo. — Quem é o Gael? Não dá para saber.

— Ele! — meu irmão e eu apontamos um para outro sorrindo.

Joana fez uma careta divertida.

— Porque não me contou que tinha um irmão gêmeo, Gael? — Ela perguntou.

— Porque, você nunca me deu a oportunidade — nos encaramos por longos segundos. Naqueles últimos dias o que mais fazíamos era nos encarar daquela forma tão cheia de conexão instantânea.

— Bem... Esse é meu irmão Júlio, Joana. Júlio essa é Joana minha... — Molhei os lábios pensando de qual forma eu deveria apresentar Joana ao meu irmão. — Amiga...

— Prazer em conhecê-la — meu irmão beijou o dorso da mão de Joana.

Peguei Isabel no colo.

— Essa linda garotinha aqui, é Isabel.

— Nossa que menina bonita, igual a mãe. — O safado do meu irmão liberou um riso abafado após acariciar a cabeça da menina.

— Onde está Georgina? — perguntei para sair daquele clima de especulações.

Aposto que meu irmão estava pensando que Joana e eu tínhamos algum relacionamento, e ele não fazia ideia da tortura que era desejar toda noite aqueles lábios proibidos sem poder tê-los.

— Foi fazer uma turnê pela Europa, um mês fora, acredita?

— Ah, isso é péssimo! — murmurei uma frase.

— Então eu decidi vir visitar meu irmão e aproveitar o maravilhoso clima tropical do Brasil — ele retirou os óculos escuros.

— Você quer ver meu quarto de brinquedos? — Isabel desceu do meu colo e pegou as mãozinhas de Sophia.

Quélo, eu também tenho um quarto de binquédos e um de boneca...

As pequenas passaram por nós e entraram para dentro da casa.

— Porque vocês não entram, eu vou pedir a Luz para servir alguma coisa. — Joana sugeriu.

— Ótima ideia — meu irmão falou enquanto avaliava Joana dos pés à cabeça com aprovação no olhar.

— Ótima ideia — meu irmão falou enquanto avaliava Joana dos pés à cabeça com aprovação no olhar

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