Way Down We Go | Drarry

19

Narcissa encontra a pintura em uma parte dos arquivos reservada para itens danificados e delicados.

Está envolto em pano preto e vários feitiços de proteção.

Está rotulado como Recuperado da residência Potter em Godrics Hollow, West Country, Inglaterra. Outubro de 1981 .

Cheira a cinza.

Narcissa coloca-a delicadamente sobre a mesa com as mãos enluvadas e pergunta se ele quer que ela abra as capas protetoras.

Harry não sabe.

Bem. Ele quer. Ele quer desesperadamente ver o que foi considerado importante o suficiente para ser resgatado da destruição da casa de seus pais; transportar para os arquivos para guarda segura; para se abrigar em encantos de proteção.

Mas e se a pintura estiver danificada sem possibilidade de reparo? E se for apenas um lembrete de tudo que ele perdeu?

A mão de Draco desliza na sua, dedos frios, mas firmes.

Ele não diz nada, mas Harry não precisa que ele diga.

"Sim", ele diz, "por favor".

Narcissa desembrulha a pintura.

O rosto do homem, distorcido e manchado por baixo da sujeira preta, é familiar.

É praticamente o rosto de Harry, mas mais quadrado e envelhecido, com cabelos grisalhos nas têmporas. O cabelo do homem está muito melhor penteado do que o de Harry jamais estará, penteado para o lado de uma maneira fácil que geralmente exige um pouco de esforço. O retrato é apenas da cintura para cima; o homem está recostado numa cadeira de espaldar alto, a camisa desabotoada na parte superior, os olhos fechados, aparentemente adormecido.

Seu peito, porém, se move.

"Isso é—"

"Seu avô", diz Narcissa. "Fleamont Potter."

Harry exala.

"Ele pode nos ouvir?"

"Provavelmente não", diz Narcissa. "O retrato foi gravemente danificado por feitiço. Porém, ele pode ser restaurado com sua permissão."

"Sim", diz Harry. "Sim. Por favor. Quanto tempo vai levar?"

"Não muito tempo. Algumas horas. Posso fazer isso agora, se você quiser."

"Sim", Harry repete, "por favor."

.

É interessante, Harry pensa, como Narcissa e Draco são parecidos quando usam sua magia.

Lucius era todo movimentos bruscos e força bruta.

Narcissa, assim como seu filho, é rápida, elegante e contida.

Harry reconhece Draco nos movimentos de seu pulso, na sensação de sua magia quando ela se instala ao redor deles, e então seu peito paralisa momentaneamente quando ele percebe que a última vez que ele realmente viu Draco realizar magia - magia que não foi emprestada - foi quando eles estavam em lados opostos de uma guerra.

Ele pisca para afastar o pensamento, concentrando-se no calor de Draco ao lado dele, no brilho da magia de restauração e nas gotas de diamante dos líquidos das garrafas de vidro que Narcisa chama para ajudá-la. Nas mãos de Narcissa, a pintura enegrecida e coberta de fuligem lentamente se torna uma coisa colorida e esperançosa.

"Senhor Potter," Narcissa diz, uma vez que o brilho pálido do trabalho de feitiço desapareceu e a tela está brilhante com verniz novo. "Fleamont, você pode me ouvir?"