06

3.5K 439 110
                                    

Draco está distribuindo porções de analgésico em uma dúzia de pequenos potes de vidro acolchoados quando Potter entra pela porta.

Ele está vestindo as roupas que Draco escolheu para ele – uma camiseta preta com jeans desbotados – e na verdade parece um tanto apresentável pela primeira vez.

De nada, ele pensa falsamente.

"Oi," Potter diz como um idiota.

Draco o ignora.

"Existe alguma coisa em que eu possa ajudá-lo?" Potter pergunta, e é desconcertante o quão sério ele é: braços cruzados, encostado na divisória que separa o laboratório de poções do espaço de cultivo. Seu cabelo está uma bagunça, a metade superior puxada para cima em um coque desleixado, e há uma mancha de algo relacionado à comida em seu antebraço que começou a ficar escamoso. Caso contrário, é um antebraço bonito. Pele macia. Cabelo escuro. Um mapa sutil de veias.

"Não," Draco diz. "Não, estou quase terminando aqui."

Seu rosto fica subitamente quente.

Ele verifica a chama sob seu caldeirão para ver se é o culpado.

"Bem, temos trinta minutos, pelo menos", diz Potter, "se você quiser começar com outra coisa."

Ele usa o ombro para se afastar da parede e vai até a parte de trás do celeiro. Está quase todo cheio de ferramentas e sobras de madeira e vários baldes multiuso de 20 litros.

Ele para na frente de um grande objeto coberto por uma lona que Draco notou, distraidamente, como sendo novo.

Ele tira a lona.

"O que é aquilo?" Draco diz.

"Uma motocicleta", diz Harry.

"Sim, mas por quê?"

"Por que é uma moto? Não tenho certeza se estou preparado para esse tipo de conversa existencial. Posso pensar sobre isso e entrar em contato com você?"

"Potter."

"Malfoy," Potter diz agradavelmente, agachando-se para abrir uma caixa de ferramentas.

"Potter."

Potter suspira. "Sirius tinha uma. Meu padrinho. A dele ainda está em Londres, mas eu estava trabalhando nela antes de partir. Não queria ter o incômodo de enviar para cá, então. De que adianta ter dinheiro se você não o gasta de vez em quando?"

Draco se lembra de ter pensado exatamente isso muitas vezes antes: olhar as vitrines das lojas e encomendar presentes para sua mãe. Deslizando os dedos pelos cabos de vassoura mais novos e mais rápidos. Saber que qualquer coisa, qualquer coisa, poderia ser dele por capricho.

Parece que foi há muito tempo.

"Se você tem tanto dinheiro, por que não comprou uma nova?" Draco pergunta, movendo-se ao redor da divisória para poder ter uma visão melhor da máquina. "Essa parece bastante... danificada."

Potter dá de ombros. "Eu sou bom nisso, eu acho. Consertando coisas. Eu, er. Comecei a usar o Youtube? Assistindo tutoriais e outras coisas, você sabe, para tentar fazer a motocicleta do Sirius funcionar novamente. E isso meio que veio naturalmente?"

"Claro que sim," Draco murmura.

"Eu gostei. E foi bom encontrar algo em que eu era bom e que não tinha nada a ver com ser o... o Escolhido. Ou qualquer coisa."

Draco não sabe como responder a isso.

"Foi um bom passatempo. Algo pelo qual ansiar no trabalho quando as coisas ficarem..." Potter dá de ombros. "Foi bom voltar para casa para um projeto."

Way Down We Go | DrarryWhere stories live. Discover now