Way Down We Go | Drarry

05

Estar totalmente consciente e ao mesmo tempo ser um lobo provavelmente seria a coisa mais estranha que Harry já experimentou se ele não tivesse estado totalmente consciente uma vez enquanto estava morto.

Ele se senta lentamente com um barulho de metal e uma quantidade francamente embaraçosa de esforço porque a anatomia quadrúpede é estranha e seus membros parecem estar todos indo na direção errada.

A falta de polegares também é claramente desconcertante.

Ele para de olhar para as mãos (pés?) quando percebe que Malfoy está lá fora.

Ele meio que se lembra de ouvir o caminhão parar enquanto ele ainda estava se contorcendo e ficando peludo, mas o medo e a dor tinham precedência sobre o porquê de Malfoy — que insistiu tão veementemente que não estaria presente — decidiu aparecer de qualquer maneira.

Pelo que Harry sabe, Malfoy está parado a poucos metros da porta da frente.

Seu coração está batendo muito rápido.

O fato de Harry não poder vê-lo, mas perceber que ele está angustiado, é aparentemente um problema pelo qual vale a pena reclamar.

O som sai totalmente errado porque seu peito, garganta e boca têm formato totalmente errado e, quando ele tenta se mover em direção à porta, tropeça nas próprias patas dianteiras, caindo de cara no chão.

Talvez seja bom que Malfoy não possa vê-lo.

"Potter," Malfoy diz do lado de fora. "Eu apreciaria alguma indicação de que não matei você."

Harry descobre que é muito difícil revirar os olhos quando você é um lobo.

Ele faz um barulho que deveria ser um latido afirmativo, mas sai meio rangente.

"Não tenho certeza do que isso significa", diz Malfoy. "Além de me garantir que você não está morto no momento. Parece que você pode estar morrendo, no entanto."

Harry rosna e descobre que o barulho sai exatamente como ele pretendia.

Ele se senta lentamente e deseja ter pensado um pouco mais sobre seu conforto caso a poção funcionasse, em vez de se preparar para caso a poção não funcionasse.

As correntes são pesadas e restritivas. O chão está frio. Ele vai ficar entediado muito rapidamente. E ele está com fome.

Ocorre-lhe que, se estiver consciente, ainda poderá ser capaz de fazer magia sem varinha.

Ele aponta um alohomora para as correntes em volta do pescoço e o cadeado cai com um baque pesado e anticlimático entre seus braços. Pernas? Qualquer que seja.

Ele se livra das correntes e cambaleia até a porta.

Coordenar quatro pés e o que parece ser uma quantidade desnecessária de torso é difícil.

Além disso, sua boca tem um gosto engraçado.

"Potter?" Malfoy diz.

Harry empurra o ombro contra a porta.

Malfoy junta uma série de maldições coloridas.

"Bem, você está claramente vivo, então estou indo embora. Adeus."

Exceto que Harry não quer que Malfoy vá embora.

Porque então ele estará sozinho.

E a ideia disso é tão intrinsecamente terrível que ele simplesmente empurra a porta com mais força, talvez com mais força do que pretendia, e ouve a fechadura do lado de fora ser desengatada e então ele está rolando pela calçada de cascalho em uma mudança inesperada de movimento.