O R G U L H O S U P E R A D O

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-Como estão as crianças Betânia?

Mais um dia de visita no "Orfanato Menino Jesus," como em todas vezes, passo primeiro na sala da diretora para saber onde posso ir. Quais crianças precisam de mais atenção ou se algum espaço físico está necessitando de reparos.

-Oi meu querido! Que bom que chegou.

Sou recebido com um abraço, mais caloroso que alguém possa receber. Beta como gosta de ser chamada, baixinha, magra. Diz que precisa dos seus ossos com pouca carne para correr atrás dos anjinhos.

-Hoje cheguei mais cedo, para o almoço que não sou bobo.

-Falta pouco para irmos para a cantina, a Nalda hoje caprichou no feijão preto. As crianças vão adorar como em todas as vezes almoçarem com você.

-E a enfermaria está abastecida de medicamentos?

-Sim meu querido. O bom foi que a van estava em ordem, essa semana uma criança caiu e precisou de gesso no braço, advinha quem?

-Leornado pimenta com certeza. - rimos.

Ela me atualiza de tudo que aconteceu durante os meus dias sem visitar e o que faremos para a festa de aniversariantes do mês. Ela olha para mim sei que está curiosa sobre o meu processo de adoção, apenas ela além da minha mãe converso desde o início do meu desejo da adoção.

-Nao, ainda não recebi o laudo. Estou tranquilo, meu coração está calmo e não estou ansioso.

-Mas vai sair, estava preocupada com você, da última vez que nos vimos meu coração ficou apertado vendo você naquele estado.

-Eu sei, quando eu receber...

Alguém bate na porta, ela autoriza a entrada, e um garoto com o rosto cheio de sardas põe o rosto para dentro da sala com um sorriso.

-Por que está desconfiado e não entra logo Leonardo? -eu falo assim que o vejo.

-Porque só bati na porta para te chamar para o almoço, o cheiro está tão bom que já estamos com fome.

-Venha cá Leonardo preciso te mostrar algo! -Beta fala e pisca para mim.

-Mas Betinha mandaram chamar o victor...

-A Betinha está chamando venha, também quero te pedir algo.

Ele entra de lado com o braço esquerdo para trás, tentando esconder o gesso.

-Ainda faltam dez minutos para o sino ser tocado.

-Uma eternidade para quem está com fome. -fala revirando os olhos nos fazendo rir tentando ser dramático.

-Deixe eu ver seu gesso! -peço com uma caneta na mão. -Não acredito você não guardou um espacinho para mim.

-Tem sim, olha aqui! Reservei só para você, a Clarinha me ajudou a desenhar.

Ele mostra um desenho imitando uma cartola, Clara é sua irmã mais nova. Sua mãe faleceu decorrência da agressão sofrida pelo seu pai. Elas estão no orfanato há dois anos, ele tem sete e sua irmã quatro. A família de seus pais até o momento não decidiram quem ficará com eles.

-OH! muito obrigado. Pronto minha assinatura enfeitando seu gesso.

-Não acredito que o senhor pimentinha já está aqui! -o João assistente entra na sala. -Fila para o almoço mocinho.

-Vamos Victor a Clarinha vai tocar o sino. Hoje é o dia dela.

Para as refeições toca‐se um sino, porque as crianças brigavam por ele todos os dias, as vezes acontecia de uma tocar mais de uma vez na semana, para o término das confusões diárias foi estabelecido que uma delas seria responsável para tocá-lo a cada dia.

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