Cap. 2

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Era manhãzinha e eu havia acabado de encher todo meu cesto de palha com carvão, fazendo um pouco de força coloquei-o em minhas costas e ajustei as alças nos ombros, era como carregar uma pesada mochila, contudo em vez de livros havia blocos de carvão.

— Seu rosto está sujo de fuligem, como sempre. – disse minha mãe me limpando com o lenço. — Você não precisa ir. Tem muita neve, pode ser perigoso.

— Quero que possamos comemorar o aniversário de Pedro direito. – falei afastando um cachorro rebelde de minha testa. — Quero que nós possamos comer a vontade. – agora mais baixo sussurrei. — e comprar um bolo junto a um presente para ele.

Pedro está se esforçando muito nos últimos meses para me ajudar, ele daqui de casa enquanto eu faço as viagens vendendo carvão. Minha mãe, é dona de casa, cuida de minhas irmãs que por si só dão muito trabalho. Antigamente minha mãe desenhava, mas há muito tempo não a vejo mais desenhando, ela havia parado de riscar o caderninho que levava sempre junto a si depois da morte de meu pai, nunca foi a mesma, mesmo que tentasse transparecer estar tudo bem e dar o melhor de si. Mas na calada da noite, quando não conseguia dormir por insônia eu a ouvia chorar e fungar bem baixinho para não acordar todos.

— Vou vender todo o carvão que puder. – declarei decidida.

— Obrigada. – agradeceu minha mãe enquanto acariciava minha bochecha.

Correndo para fora de casa Pedro gritou:

— Maninha! – Rebbeca o acompanhava. — Vai de novo até a aldeia?

— Vou com você! – exclamou Rebecca segurando minha mão.

Minha mãe logo negou com a cabeça dizendo:

— Não mesmo, sabe que não consegue acompanhar a Ashley, meu bem.

— Qual é, mãe!

— Pode esquecer.

Sempre fui muito unida a meus irmãos, temos um ótimo relacionamento apesar de vezes ou outra brigarmos, as menores são as que mais arrumam brigar entre si. Rebbeca sempre querendo as coisas do jeito dela e Lucy o completo oposto.

— Ash! – chamou Rebecca a abraçando. — Eu quero ir com você. Prometo que vou ajudar!

— É muita gentileza a sua, Rebecca. – agradeci a fazendo um cafuné e vi os olhos da menina se iluminarem. — Mas nada disso, fique em casa hoje.

O sorriso em sua face morreu dando espaço para uma face emburrada.

— Foi mal Pedro, você também vai ficar. – avisei a meu irmão que me encarava em uma pergunta silenciosa " e eu?" — Mas vou trazer algo para vocês, certo?

— Promete? – perguntaram as crianças.

— Prometo.

Virei minha atenção a Rebecca que continuava cabisbaixa a meu lado.

ASHLEY × acotar ×Onde as histórias ganham vida. Descobre agora