Não foi tão estranho ficar perto dele como eu pensei que seria. Na verdade, foi quase como se ainda estivéssemos no nosso dia a dia normal, conversando, se provocando e rindo, como numa tarde comum passeando no shopping. A única diferença é que eu estava reparando nele mais do que o normal, atenta a cada gesto, toque e fala, tentando captar qualquer mínimo detalhe ou pista do que ele pretendia me contar mais tarde.
— Já vou sair – aviso a ele quando finalmente encontro minha bolsa jogada dentro de uma sacola com pulseiras e brincos artesanais que comprei na praia mais cedo.
— Tá bom – responde, ainda encarando o celular. — Divirta-se.
— E você? Vai ficar aqui sem fazer nada a tarde inteira? – pergunto só por curiosidade. Vou demorar, no máximo, umas duas horas no salão, e só vamos sair para ir ao local do show depois das seis, mas ele não compartilhou seus planos para o tempo que eu estiver fora.
— Vou passar o resto da tarde na praia – ele responde, ainda encarando o celular.
— Praia de novo? – pergunto, franzindo a testa. Nós dois tínhamos acabado de almoçar perto do cais.
Ele desvia os olhos castanhos do celular e me olha.
— Eu tenho que aproveitar, né? Não é todo dia que tenho a oportunidade de passar um fim de semana inteiro no Rio de Janeiro. – Ele sorrir de canto, e só esse gesto já faz meu coração acelerar. Me tornei uma boba apaixonada.
Sorrio de leve e desvio o olhar.
— Beleza. Aproveite sua tarde na praia, então. – Me viro e abro a porta, mas volto a olhar para ele para dizer: — Só não esqueça que o show é às sete e temos que chegar lá bem mais cedo.
— Eu sei. Não precisa se preocupar. Vou estar aqui prontinho quando você voltar – afirma.
— Ok – Ajeito minha bolsa no ombro. — A gente se vê mais tarde?
— A gente se vê mais tarde – ele afirma, dando mais um daqueles sorrisos, e ainda pisca um dos olhos castanhos. Eu retribuo o sorriso e me viro, saindo do quarto e fechando a porta ao passar.
Nem preciso acrescentar que o órgão bombeador de sangue no meu peito está acelerado. De novo. Aparentemente, ele nunca mais irá funcionar como um coração normal perto do Arthur, ainda mais quando ele sorrir e piscar provocativamente.
Me apresso pelo corredor, com euforia correndo nas minhas veias. É minha última noite aqui, e são tantas coisas para acontecer. Vou ver o James Prince de pertinho. Ou, melhor ainda, vou ouvir ele cantar ao vivo e a cores! E tudo isso só está sendo possível por causa do Arthur.
Ah, o Arthur. Não consegui parar de pensar no que ele tem para me dizer nem por um milésimo de segundo desde que o mesmo puxou o assunto.
O que ele diria?, essa era a pergunta que não saia da minha mente.
Seja lá o que fosse, lá no fundo eu tenho a intuição de que essa conversa mudará nossas vidas para sempre. E olha que minhas intuições quase nunca falham.
Com a Helô, por exemplo, eu percebi que ela estava apaixonada pelo Diogo antes que ela própria se desse conta disso. Com a Alice aconteceu quase a mesma coisa, eu notei que havia alguma coisa de errado com a história dos bilhetes anônimos antes mesmo dela por tudo a limpo (história essa que é para lá de complicada, mas que fundo eu ainda acho que ela e o Theodoro vão acabar se resolvendo e ficando juntos).
Ironicamente, essas intuições só não dão certo quanto eu preciso delas a meu favor. Acho que é aquela velha história, como quando algum herói tem "poderes" mas não pode usá-los consigo mesmo. Comparação patética (eu sei) mas é o que mais se aproxima do que penso.
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Até Onde o Amor nos Levar | Amores Platônicos 03
Teen FictionE se você se apaixonasse pelo seu melhor amigo? Durante quase toda a vida de Cristine, Arthur estava presente. E não tinha como ser diferente, já que os pais de ambos são amigos e vizinhos, os dois nasceram quase na mesma época e (como se todo o res...
Capítulo 20 - O que ele diria?
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