Capítulo 20 - O que ele diria?

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Não foi tão estranho ficar perto dele como eu pensei que seria. Na verdade, foi quase como se ainda estivéssemos no nosso dia a dia normal, conversando, se provocando e rindo, como numa tarde comum passeando no shopping. A única diferença é que eu estava reparando nele mais do que o normal, atenta a cada gesto, toque e fala, tentando captar qualquer mínimo detalhe ou pista do que ele pretendia me contar mais tarde.

— Já vou sair – aviso a ele quando finalmente encontro minha bolsa jogada dentro de uma sacola com pulseiras e brincos artesanais que comprei na praia mais cedo.

— Tá bom – responde, ainda encarando o celular. — Divirta-se.

— E você? Vai ficar aqui sem fazer nada a tarde inteira? – pergunto só por curiosidade. Vou demorar, no máximo, umas duas horas no salão, e só vamos sair para ir ao local do show depois das seis, mas ele não compartilhou seus planos para o tempo que eu estiver fora. 

— Vou passar o resto da tarde na praia – ele responde, ainda encarando o celular.

— Praia de novo? – pergunto, franzindo a testa. Nós dois tínhamos acabado de almoçar perto do cais.

Ele desvia os olhos castanhos do celular e me olha.

— Eu tenho que aproveitar, né? Não é todo dia que tenho a oportunidade de passar um fim de semana inteiro no Rio de Janeiro. – Ele sorrir de canto, e só esse gesto já faz meu coração acelerar. Me tornei uma boba apaixonada.

Sorrio de leve e desvio o olhar.

— Beleza. Aproveite sua tarde na praia, então. – Me viro e abro a porta, mas volto a olhar para ele para dizer: — Só não esqueça que o show é às sete e temos que chegar lá bem mais cedo.

— Eu sei. Não precisa se preocupar. Vou estar aqui prontinho quando você voltar – afirma.

— Ok – Ajeito minha bolsa no ombro. — A gente se vê mais tarde?

— A gente se vê mais tarde – ele afirma, dando mais um daqueles sorrisos, e ainda pisca um dos olhos castanhos. Eu retribuo o sorriso e me viro, saindo do quarto e fechando a porta ao passar.

Nem preciso acrescentar que o órgão bombeador de sangue no meu peito está acelerado. De novo. Aparentemente, ele nunca mais irá funcionar como um coração normal perto do Arthur, ainda mais quando ele sorrir e piscar provocativamente. 

Me apresso pelo corredor, com euforia correndo nas minhas veias. É minha última noite aqui, e são tantas coisas para acontecer. Vou ver o James Prince de pertinho. Ou, melhor ainda, vou ouvir ele cantar ao vivo e a cores! E tudo isso só está sendo possível por causa do Arthur.

Ah, o Arthur. Não consegui parar de pensar no que ele tem para me dizer nem por um milésimo de segundo desde que o mesmo puxou o assunto.

O que ele diria?, essa era a pergunta que não saia da minha mente.

Seja lá o que fosse, lá no fundo eu tenho a intuição de que essa conversa mudará nossas vidas para sempre. E olha que minhas intuições quase nunca falham. 

Com a Helô, por exemplo, eu percebi que ela estava apaixonada pelo Diogo antes que ela própria se desse conta disso. Com a Alice aconteceu quase a mesma coisa, eu notei que havia alguma coisa de errado com a história dos bilhetes anônimos antes mesmo dela por tudo a limpo (história essa que é para lá de complicada, mas que fundo eu ainda acho que ela e o Theodoro vão acabar se resolvendo e ficando juntos). 

Ironicamente, essas intuições só não dão certo quanto eu preciso delas a meu favor. Acho que é aquela velha história, como quando algum herói tem "poderes" mas não pode usá-los consigo mesmo. Comparação patética (eu sei) mas é o que mais se aproxima do que penso.

Até Onde o Amor nos Levar | Amores Platônicos 03Where stories live. Discover now