Vivus Fierem

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Gabrielle apertou os olhos. Poção profana? Nunca tinha ouvido falar naquela poção, Vivus Fierem...
Sabia da existência de poções profanas, já havia estudado sobre elas na escola de feitiços que freqüentava. Jerusalen's Lot era conhecida pela sua ótima biblioteca e por formar os melhores mestres em feitiços e poções da

América do Norte e possuía uma vasta biblioteca, mas Vivus Fierem... nunca havia ouvido falar nem lido sobre em nenhum dos livros de lá. Seus pensamentos foram distraídos pelo som de um choro.
Lúcio Malfoy havia acabado de despertar. Ao olhar em volta e se ver em um lugar estranho o garotinho de apenas três anos começou a chorar. Usava um pijama azul com ursos de todas as cores.
-Quieto Lúcio!
O menino loiro de cabelos lisos se assustou com o grito que ecoou por todo o lugar e seu choro se tornou mais alto e agudo, lágrimas escorriam pela face da criança. Gabrielle tentou mais uma vez soltar-se movimentando o corpo. As correntes apertaram-se ainda mais e ela gemeu caindo de joelhos.
Narcisa ignorando o choro do neto alcançou a beira da fonte e despejou o conteúdo da bacia nas águas límpidas que ondularam. O sangue do unicórnio começou a se espalhar pela água como um lençol prateado sendo desenrolado devagar sobre um vidro transparente.
O pequeno Lúcio continuava a chorar, agora chamando pela avó. A mulher loira que observava com interesse o sangue que tomava devagar as águas se impacientou e voltou-se com a varinha em punho.
-Estupefaça!
O corpo da criança desacordada bateu contra o chão de pedras em um ruído surdo.
-Não! –Gabrielle gritou. –Como pode? É só uma criança!
-É um fraco! –Narcisa se voltou para ela. - Fraco como o pai dele! A única que merece o sangue que herdou de mim
é a menina. –Ela apontou para o corpo ainda desacordado da menina Malfoy, um pouco mais atrás do irmão. –Essa sim teria um futuro brilhante, mas infelizmente preciso dela, do seu coração mais precisamente...
Gabrielle arregalou os olhos de terror. Ela ia assassinar as duas crianças a sangue frio ali na sua frente. Não sabia que poção era aquela que ela iria fazer, mas somente poderes das trevas seriam capazes de utilizar-se de crianças daquela forma. Uma poção que levasse sangue de unicórnio por si só já era uma poção maldita, se contivesse o coração de crianças... era inconcebível. Nenhum bruxo se utilizaria disso para...
-Você não tem idéia do que vai ver aqui não é menina? –Narcisa sorriu. –Eu vou trazer a alma de uma pessoa de volta, e com ela seus poderes. Essa alma habitará o meu corpo, se unirá a minha e juntas vamos continuar com o que nunca deveria ter se findado.
Narcisa voltou sua atenção para o sangue do unicórnio, que já havia se espalhado por quase toda a superfície da Fonte da Terra enquanto Gabrielle sentia um calafrio percorrer seu corpo. Ela não podia estar pensando em trazer de volta a alma de... Olhou em sua volta procurando algo que pudesse fazer. Se ao menos pudesse convocar sua varinha! Mas Narcisa não era tola, havia jogado a varinha da garota dentro do saco de couro, o que impossibilitava o contato visual necessário para um feitiço convocatório sem varinha. É, não havia nada que pudesse fazer.
Foi quando seu olhar caiu sobre Rony. Ele não estava mais desacordado. Seu corpo se encontrava com algumas placas vermelhas como resultado do feitiço lançado por Narcisa, mas ele já havia recobrado a consciência. Seu olhar se encontrou com o de Gabrielle e ele fez um sinal de silêncio. Ela entendeu e rapidamente desviou o olhar dele para outro lugar.
-Sua poção não vai dar certo! –Falou ela finalmente para Narcisa. – Duas almas não podem habitar o mesmo corpo, elas entram em conflito e terminam por destruir o corpo humano onde estão.
-Olhem só... a garotinha fez a lição de casa! –Narcisa se voltou com um brilho divertido no olhar. –É verdade o que diz menina. Normalmente duas almas no mesmo corpo entrariam em conflito e com isso provocariam a morte do seu hospedeiro. Eu disse... normalmente...
Ela caminhou novamente até o saco de couro e, se abaixando, começou a retirar coisas de lá. Três frascos de vidro de tamanhos diferentes, com algo impossível de se identificar imerso em um tipo de liquido e algumas ervas. Flores e folhas, umas pequenas e bem verdes, outras grandes e escuras de aparência rugosa.
-Existe uma certa compatibilidade quando as duas almas são da mesma família sabia? –Ela se levantou com os frascos nos braços. –Pela sua expressão vejo que não sabia desse detalhe...
Ela caminhou na direção da fonte, agora já completamente tomada pelo prateado do sangue do unicórnio. Sentou-se na beira calmamente, como se estivesse em um piquenique num dia de sol.
-Você já sabe quem eu vou trazer de volta não? Oh sim... você sabe... está escrito nesse seu rostinho. –Narcisa deu um risinho. – Vou trazer de volta a alma do mestre Voldemort, o meu pai.
Gabrielle emitiu um exclamação de espanto que foi ignorada pela outra.
-Quando o mestre voltou a assumir uma forma humana e começou a planejar o seu reinado ele veio a mim. Sua amada filha. Ele não queria correr o risco de ficar preso novamente em uma semi vida na forma espiritual. Sabia que poderia contar comigo, que eu nunca o esqueci nem a seus ensinamentos. Então ele me preparou para o que poderia ocorrer. Foi ele quem criou e me ensinou a preparar esta poção e também muitas outras poções e feitiços dedicados às trevas. Ele queria poder se vingar dos que planejavam destruí-lo e vai conseguir isso através de mim.
Ela destampou cada frasco devagar, tendo o cuidado de não derramar nem uma gota sequer do que eles continham.

InacreditávelWhere stories live. Discover now