Clima mais ou menos

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Depois daquela noite o clima entre Gabrielle e Rony ficou meio estranho. Ela passou a evita-lo o quanto podia, claro que em uma casa com a Toca isso se torna um pouco mais difícil, mas ela andava se esforçando. Evitava a todo custo estar no mesmo local sozinha com ele e lhe dirigia a palavra apenas o estritamente necessário.
As palavras dele a feriram e isso era o que incomodava. A idéia que ele fazia dela não devia ser importante.
-E não é! – Repetiu Gabrielle para si mesma, em pensamento, pela milionésima vez.
Se encontrava nos fundos da toca. Gina tinha jogado alguns edredons sobre o gramado durante a tarde quando as
duas estavam conversando e ainda restava um agora que já havia escurecido. Era justamente nesse que ela havia ficado deitada após o jantar olhando o céu. Que horas seriam? Olhou para as rosas noturnas da sra. Weasley e elas já estavam totalmente abertas, as da cor violeta pelo menos. As rosas azul-marinho sempre demoravam mais, esperavam pelo orvalho para desabrocharem. Se as rosas estavam abertas significava que já passavam das dez horas. Fechou o livro que segurava, mas do qual não tinha lido uma palavra, e decidiu entrar. Recolheu o edredom deixando-o sobre um banco de pedras e seguiu na direção da casa. Deu a volta para entrar pela frente porque a porta da cozinha já estava trancada.
Passou pela varanda e não viu ninguém por lá, já deviam estar recolhidos, cada qual em seus aposentos, uma coisa rara, normalmente ficavam acordados até mais tarde. Abriu a porta e então parou. Rony estava na sala, sentado em uma das poltronas parecendo dormir com Bichento enroscado em cima de sua barriga.
O gato de Hermione estava passando uns tempos na toca porque sua dona e o marido não estavam em casa, os filhos de ambos estavam com a avó, Narcisa Malfoy, que nutria verdadeira antipatia pelo gato apesar de adorar a nora e os netos.
Gabrielle respirou fundo e deu o primeiro passo. Não ia se acovardar. Abraçou o livro e caminhou com rapidez na direção da escada sem nem olhar para os lados.
-Gabrielle, espere. –Rony falou vendo-a passar como um raio.

-O que é? – Ela estacou. Já havia subido os três primeiros degraus.
-Até quando vamos ficar nesse climinha? –Ele perguntou sem se mover na cadeira. Não estava adormecido como ela havia pensado. Isso agora era obvio.
-Não sei do que você está falando.
-Ah, sabe sim. –Ele se virou na direção da escada sem se levantar. -Você não me olha, não fala comigo, muito mal me dá bom dia...
-Por que será? Provavelmente estou ficando louca não?
-Não! – Ele se levantou e caminhou em sua direção. – Sei que fui um estúpido na outra noite e gostaria de me desculpar mas não é você agindo como criança sem falar comigo que ...
-Criança? –Gabrielle apertou os olhos com raiva. – Gostaria que você parasse de se referir a mim assim, não sei se percebeu que eu não tenho a mesma idade de sua sobrinha, não sou mais uma garotinha ou uma menininha.
-Eu percebi. – Rony falou sem conseguir evitar olha-la de cima a baixo.
-Que bom que percebeu. Boa noite então.
Gabrielle se voltou e ia começar a subir as escadas com o pensamento fixo em alcançar a segurança de seu quarto e
escapar do olhar dele quando sentiu uma mão em volta do seu pulso. Se voltou e encontrou os olhos castanhos de Rony a encarando.
-Como nós ficamos então? – Ele perguntou.
-Eu aceito suas desculpas Ronald, agora me solte eu quero...
-Está com medo de mim Gabrielle?
-Não! – Respondeu ela puxando a mão rapidamente tentando evitar que os arrepios que percorriam seu corpo
fossem notados por ele.
Rony se aproximava devagar, não sabia o que estava fazendo, a única coisa de que tinha consciência era do azul dos
olhos dela, do cheiro do seu perfume, da sua boca...
-Não é o que parece... Está com medo de mim...
-Eu não estou com medo, agora me...
-Está tremendo. –Observou Rony baixinho. Estavam muito perto agora.
-Eu não estou trremendo. – Disse ela sem conseguir desviar os olhos dos lábios dele. Cada vez mais perto...
-Está sim... -Ele deu um meio sorriso quando ouviu o sotaque dela aparecer e Gabrielle sentiu um frio no estômago. Rony inclinou o rosto e ela fez o mesmo. Não sabiam mais onde estavam, ou o que faziam, só desejavam que seus
lábios se encontrassem e que o resto do mundo explodisse ao seu redor.
O barulho de uma porta se abrindo. Vozes.
Rony e Gabrielle se afastaram rapidamente. Ela se voltou, ainda com o coração disparado, e subiu as escadas na
maior velocidade que conseguiu com suas pernas tremendo e ameaçando não obedecer. Passou, ventando e sem ver, por Harry, que vinha descendo as escadas e que, sabiamente, se encostou na parede para não ser levado junto.
Harry acompanhou a garota com o olhar e viu ela entrar em seu quarto fechando a porta em seguida.
-Mas que bicho foi que... – Parou no meio da frase ao ver Rony parado ao pé da escada olhando na mesma direção que ele havia olhado.
-O que aconteceu Rony? –Perguntou ele.
-Nada. – Respondeu Rony num tom de voz assassino voltando para a poltrona onde tinha estado sentado. Harry olhou novamente para cima e depois para o amigo de repente fazendo uma cara de quem juntou dois mais
dois. –O que aconteceu com vocês dois em?
-Não aconteceu nada Harry, vê se me esquece sim? –Rony levantou e seguiu para a outra sala se jogando no tapete
em frente a lareira.
-Está certo Rony. –Harry deu uma risadinha. – Vou fingir que acredito em você. –Completou baixinho e seguiu para
a cozinha beber o seu copo de água como era o plano inicial. -o0o-
Após tudo o que aconteceu, ou melhor, que não aconteceu, as hostilidades diminuíram entre Rony e Gabrielle, o que não quis dizer que o clima ficou melhor. Mais estranho seria uma palavra adequada, confuso seria a mais certa. Mas perece que somente Harry notou que algo estava acontecendo.
Dois dias depois, quando as mulheres haviam saído em grupo para dar uma olhada em um Brechó Fashion que havia sido inaugurado recentemente no Beco Diagonal, ele tentou puxar conversa com o amigo mas foi desencorajado por respostas monossilábicas e evasivas.
Desistiu de tentar e ficou apenas se divertindo ao observar como o comportamento de Rony mudava quando a irmã de Fleur aparecia e vice versa. O sotaque de Gabrielle de repente voltou a se acentuar nas mais variadas situações e

InacreditávelDär berättelser lever. Upptäck nu