Capítulo 62 E então encontramos a luz

622 62 14
                                    

Aspen sentado apoiado com as costas  na árvore e eu deitada em seu colo, observávamos o céu limpo e azul, o sol da manhã clarinho e brilhante, a grama alta sendo soprada pelo vendo como algodão enquanto o Caramelo pastava.

Aspen me abraçava e passava uma segurança que a dias não sentia e que só ele podia me proporcionar isso.

O pesadelo passou. Eu entendi isso. Entendi que agora era aquele hora de chorar e abraçar a nossa família. Passar por tudo isso juntos. Não foi fácil para ninguém.

Suspirei e o Aspen depositou um beijo na minha cabeça. Sorri.

— Estou pronto. — falou ele.

Levantei a cabeça o olhando.

— Para o quê?

Sorriu e suas bochechas ficaram levemente rosadas.

— Estou pronto para ver a minha filha!

Meu sorriso aumentou!

Pegamos o Caramelo, Aspen se esforçou para subir no Caramelo e conseguiu sozinho.

Subi ficando atrás dele dessa vez e abracei seu corpo. Ele pegou as rédeas e nos guiou, não o impedi porque eu deixei ele cumprir quando disse no hospital que ele iria até a Ellara.

Apesar do êxtase por esse momento tão esperando ele foi devagar, como se saboreasse a melhor sobremesa do mundo!

Quando chegamos no estábulo deixamos o Caramelo e fomos andando para dentro do palácio.

E então no corredor dos nossos aposentos Aspen encarou uma porta, a única branca com desenhos de nuvens e girafinhas. Ele ficou imóvel, subiu as mãos para o rosto e o vi chorar, chorar muito.

Também passou por sua cabeça que a poucos dias ele viu a morte, tantas vezes. E ele, e eu, éramos gratos por esse momento. O momento tão esperado em que ele abriria aquela porta branca com nuvens e girafinhas.

Passei as mãos massageando seus braços, ele olhou para mim e eu sorri confiante.

Ele agarrou a maçaneta dourada e a girou, quando a porta abriu sentimos cheirinho de perfume de bebê no ar.

Nana estava em um poltrona branca lendo um livro para Ellara acordada no berço. Nana quando viu o Aspen sorriu feliz.

Ele se aproximou a passos lentos. Nana se levantou fechando o livro e dando espaço para o Aspen sorrindo para ele e fazendo uma pequena reverência, ele sorriu para ela de volta, eu estava logo atrás.

O sol penetrava leve para dentro do berço fazendo os cabelos ruivos da pequena Ellara brilharem.

E então o Aspen viu. E curvou para a frente chorando e então dobrou os joelhos  e ficou no chão chorando agarrando as grades do berço enquanto observava Ellara no berço.

Nana nos deixou a sós.

Me agachei até o Aspen.

— Ela é linda, não é? — indaguei a ele.

Ele não conseguiu dizer nada, apenas balançou a cabeça concordando.

— Pega ela no colo. — palpitei pegando seus braços e o levantando devagar.

Ele secou as lágrimas com as costas das mãos. E se abaixou no berço para a pegar. Pela primeira vez.

E então vi seu rosto refletindo esperança que a tanto tempo não via. Seu rosto ganhou cor. E com ela em seus braços mais lágrimas alcançaram seus olhos que brilhavam muito, um brilho diferente, quando notou que sua vida ganhou um novo sentido.

Vida Real (concluído)Where stories live. Discover now