Capítulo 58 Carta

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Uma gota de azul numa tela,
Sou um passarinho azul,
Piloto meu caminho,
Minhas histórias são curtas,
Porém quando voo alto,
Minhas histórias são longas e imortais.

- Versinho criado por mim.

*****

Estava em uma saleta no hospital mais reservada tomando chocolate quente que Celeste trouxe do refeitório e se sentou ao meu lado tomando de sua caneca. Sentia ainda tremores por todo meu corpo, porém me mantinha firme, ou pelo menos tentava.

Pelo horário Aspen já havia entrando na sala de cirurgia a alguns bons minutos.

Ellara estava em meus braços enquanto Nana foi pegar algo para comer.

A porta dupla azul clara se abriu.

- Ah! Aí está você! - foi o Matt - Estava te procurando, que bom que não foi muito longe.

Falou vindo até mim e então enquanto se aproximava percebi que segurava uma folha de papel dobrada.

Ele me entregou. Olhei para o Matt esperando.

- Ele pediu que te entregasse. - falou e assim olhou para a Celeste que saiu com ele da sala me dando privacidade.

Abri a carta que o Aspen escreveu para mim. A primeira coisa que notei foi a caligrafia clara e nada firme, ele estava tão impossibilitado... lutou tanto... até o... fim... e ele tem ainda muito o que lutar naquela sala de cirurgia.

A segunda coisa que percebi lendo a carta,  foi que era uma carta de... despedida.

Meu coração errou uma batida ao ler:

Ana, minha Ana querida,

Eu consigo entender, consigo entender seu medo, entendo porque foi dura e exigente quando me deu a única opção de viver.

Eu tenho lutado toda a minha vida e faço e continuarei fazendo isso por você e por nossa Ellara. Eu nunca deveria ter dito adeus ou obrigá-la a dizê-lo.

E por isso desperdicei o tempo, o preciso tempo que tinha para ver seus olhos e escutar sua voz. Exigi de você algo difícil e talvez impossível.

Então me avise quando tivermos uma maquina do tempo para voltar no momento que tinha você deitada ao meu lado, na cama.

E quero que saiba que você é o meu paraíso particular, e eu faria qualquer coisa por você e pelo seu amor, então vou agarrar aquela única opção que me deu, vou lutar. E não vou me arrepender quando e se eu me pegar me perdendo sem poder fazer nada contra isso, vou sacrificar os últimos momentos, os últimos suspiros  vendo minha esperança de despedaçar quando tiver indo embora. Pouco a pouco.

Escrevo porque quero que saiba que lutei, por você e por Ellara, lutei por nós, e se morrer quero que saiba que vocês estão em cada um dos meus últimos pensamentos e batidas.

Fechei a carta numa poça de lágrimas.
Eu percebia o quanto fui idiota, percebi que ele não queria criar esperanças, porque depois que tivesse que perdê-las seria mais doloroso do que a própria morte assim como sentiu quando estava sendo torturado das piores maneiras possíveis dia e noite pelo Joseph e seus comparsas naquele abrigo.

Mas agora era tarde, ele estava em cirurgia e não tinha o que fazer, se ele morrer ele nunca terá conhecido Ellara e nunca conseguirei dizê-la quando crescer que eu não deixei que ela tivesse seu primeiro e último contato com o pai.

Vida Real (concluído)Where stories live. Discover now