Start! (The Jam)

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— Tá' brincando?! É incrível! Posso colocar agora? — ficou sorridente, os olhos brilhantes de excitação.

— Claro, todo seu. — sorriu.

O adolescente tirou o CD do Ramones do aparelho de música do carro, o guardou dentro do porta luvas, e com cuidado colocou a fita.

— Todas as músicas? — olhou o pai.

— Todas elas. Mandei gravar pra você, tampinha.

— Pai, você é o melhor! — sorriu ainda mais alegre.

— Eu sei. — riu. — Vai, coloca pra tocar, quero ver se esse é tão bom quanto Desintegration.

— Pai, nada ganha daquele álbum.

— Tem razão.

Seu dedo apertou no botão do aparelho, e logo a primeira faixa começou a tocar. The Kiss.

Houve uma introdução de uns três minutos de instrumental, e Hyuck sentiu seu corpo arrepiar quando a voz de Robert Smith invadiu seus ouvidos, cantando de uma forma tão feroz.

Se tinha uma coisa que ele amava, era aquele homem.

Me beije, me beije, me beije!
Sua língua é como veneno
Tão inchada que enche minha boca

Olhou pela janela, aproveitando da melodia e observando aquela cidade tão grande, e tão diferente de onde morava.

De certa forma, sair de Ulsan depois de tanto tempo não era lá tão ruim. Sempre viveu por lá, e vir para um lugar tão grande como Seul era desafiador.

Sentia saudade do lugar em que sempre morou, mas tinha que admitir que estava animado e ansioso para viver em Seul.

Me ame, me ame, me ame
Você me prega no chão
E empurra minhas tripas todas para fora

Batucou seus dedos na janela do carro, no ritmo da música, que mesmo tendo apenas começado a ouvir, era como chiclete, e ele era bom em decorar toques e letras de músicas.

Tire isso, tire isso, tire isso!
Tire sua voz fodida
Pra fora da minha cabeça!

Suspirou, aquele lugar era imenso, ele se sentia pequeno, um tampinha, como seu pai sempre lhe chamara.

Era 1994, e ele tinha acabado de se mudar. Seu pai encontrou um emprego melhor, e queria uma escola melhor para o filho. Mas Hyuck estava mesmo ansioso era pra conhecer os estádios de patinação no gelo da cidade, ou mais lagos congelados.

— Filho.

— Sim? — virou seu rosto para o mais velho.

— Sei que você ama patinar, sei que faz isso desde que aprendeu a andar, ou até antes.

Hyuck soltou um risinho.

— Mas, eu quero que se esforce, você está começando o segundo ano do ensino médio, e depois quero que faça uma faculdade boa, e que tenha um bom futuro, sendo o que você quiser ser.

— Quero ser patinador, pai. Ou melhor, quero ser jogador de hóquei.

O homem suspirou. Ele sabia daquilo, e não queria desencorajar o filho, mesmo sabendo que ele era bom. Ser atleta não era algo tão simples.

— Eu sei. Mas se isso não der certo, você terá um plano B. Então se esforce nos estudos também. — sorriu caloroso. — Só quero o melhor pra você.

— Você sempre fica no meu pé quanto aos estudos, mas nem fez faculdade. — resmungou.

— É exatamente por isso. Não quero que você tenha o mesmo futuro que eu. Quero que seja melhor. Pois eu sei que você é melhor, garotão. — repousou a mão em seu ombro. — Faça o que eu digo...

𝟗𝟎'𝐬 𝐋𝐎𝐕𝐄 | markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora