Refém

96 17 17
                                    

Quando Nox pousou rapidamente pendurado na entrada da torre, apoiando somente as patas dianteiras nas pedras, Blya escalou seu dragão se agarrando em escamas eriçadas e pulou para dentro acompanhando o mestre que seguia correndo agilmente para a escuridão.

O local mal iluminado trazia uma sensação estranha entretanto Arion corria rápido, virava esquinas e descia as escadas rapidamente sem medo, Blya mal via o caminho a sua frente porém o mestre ia como uma flecha, certeiro até o destino.

Em um momento o mestre parou em um corredor, escorado na parede, dava para ouvir sussurros e leves estalos de armaduras a distância.

- Blyana - Sua voz ficou rouca e baixa - Não sei o que vamos encontrar, então pegue isso e na primeira oportunidade de atacar o inimigo faça.

Ele estendeu uma espada enquanto segurava outra, ela notou que eram espadas gêmeas, se camuflavam perfeitamente nas roupas dele e isso foi o fator dela não tê-las visto antes.

Ela pegou uma enquanto o homem ficava com a outra.

O Mestre passou a caminhar no corredor mais escuro até o momento, com magia as velas acendiam a volta deles, conforme a luz aparecia ela via uma cena de caos, soldados e empregados mortos, sangue pisoteado.

Em um ponto, na última porta do corredor haviam vários soldados amontoados, presos em posição de ataque, eles eram comandados por Dárius no centro daquele semi círculo, notava-se em cada rosto expressões de tensão e medo escondido.

Lá era o foco de todo o problema, a energia ruim vinha de lá, Blyana não queria nem imaginar o que podia ter acontecido, o mestre passou pelos soldados que fechavam o caminho, nenhum relutou contra o homem, Blya seguia logo atrás silenciosa.

Enfim que chegaram no centro, Dárius estava agitado, mal olhou para o mestre quando o homem tocou seu ombro e falou discretamente em seu ouvido.

Quando Blya chegou e teve a visão de dentro do cômodo Blyana sentiu um gelo em seu peito.

O rei estava feito refém, segurado por um dos 4 homens de pé na sala, saia sangue de sua roupa e ele tinha um corte em seu braço, um dos invasores estava imóvel no chão, aparentemente o rei resistiu.

O mestre continuava a falar com Dárius, ambos em uma conversa baixa e codificada.

Blyana mudou seu olhar para dentro daquele escritório, se via de longe o quanto o Rei estava fraco, seus olhos encontraram o mestre e a recém chegada, mesmo naquela situação o homem deu um sorriso a Blya, como se tentando acalmá-la.

- Veio toda a plateia já? - O homem que segurava o rei perguntou, os olhos dele brilhavam vermelhos - Esse pacote de sangue está me irritando muito...

O sequestrador apertou a lâmina no pescoço do rei.

- Me solta então, morto você já está - O rei respondeu em alto e bom tom, como se não fosse a vida dele em risco.

- Você não manda em ninguém aqui coroado - Foi outro dos homens que falou, fazendo ameaça com uma adaga, esse também com os olhos brilhando vermelho.

A jovem controlou a respiração e analisou a cena dentro da sala, todos usavam roupas negras com faixas vinho e somente estavam com o peitoral da armadura, que em si também era preto, o homem que segurava o rei estava sem capuz e com o nariz sangrando enquanto os outros cobriam os rostos até a testa, e mesmo que a sala do rei estivesse levemente iluminada pelas velas do exterior os olhos vermelhos deles se destacavam,  deixando tudo com ar de morte.

- Eu sou o Mestre Bestial - Arion disse, sua voz era sinistra e fria - Não sei o que os senhores desejam, poderiam me informar.

Os homens dentro da sala riram, Dárius se moveu para próximo a parede junto com alguns poucos soldados, Blya já entendeu, distração...

- Ele morto - Um mais baixo, que escondia parte do corpo em seu colega respondeu, apontando o rei - Você vai ajudar?

- Compreendo, porém se o fazem refém sabem muito bem que a chance de eu matá-los é maior que vocês destruírem o rei - O Mestre disse, estalando os dedos e se aproximando em três passos.

Três rosnaram e um outro maior que seus colegas que carregava um grande machado se aproximou mais da saída, quase cobrindo o refém.

- Quem mandou você se aproximar? - A voz era áspera e grossa.

- Pelo que eu saiba quem manda nele sou eu - O Thomas respondeu - Então ele vai aonde bem entende.

Todos se viraram para o rei, o do machado deu um soco no estomago do Thomas, o com a adaga cortou levemente a garganta e os outros seguraram os braços do rei, com a intenção de tortura-lo.

Nesse tempo Blya e Dárius aproveitaram e deram 5 grandes passos para dentro, o mestre chegou próximo a cena num piscar de olhos e os outros poucos soldados que viram a deixa adentraram a sala.

Quando os homens viraram para a porta novamente deu para notar mais detalhes deles, e o principal, que ficaram pálidos com a falha que cometeram.

- Agora posso ouvi-los melhor - O Mestre estava perto porém com as mãos para o alto, sua espada guardada.

- Ousado você Mestre - O homem do machado se sentiu seguro ao ver o mestre assim, mesmo que estivessem cercados - Mais devo dizer que está perdendo.

O rei respirava com dificuldade, suas pernas mal o sustentavam, porém ele sorria, seus olhos estavam no seu amigo, era como se lesse o plano.

Blyana que estava meio distante do que era o plano passou a entender naquele momento.

O Mestre só precisava de uma distração para ter tudo sobre controle, enquanto Blya analisava a cena anteriormente o mestre chamava mais de seus menores dragões, por causa da movimentação tensa dos soldados atrás, ninguém notou os animais pousarem no mestre, agora as costas do Arion continham quatro pequenos dragões, um deles era da cor da armadura e os outros escuros como o cômodo.

Tudo que o rei fazia era ciente desse plano, então Blya tinha certeza que era algo ensaiado entre eles.

Porém uma coisa falhou no plano, um dos sequestradores, aquele menor, percebeu que o rei atrapalhava e tomou uma decisão.

Com um golpe rápido e certeiro na nuca do rei o Thomas não suportou, perdeu a consciência, sua cabeça pendeu para frente, fazendo que o homem que o segurava mudasse rápido a área de ameaça, deixou o rei sentado no chão, porém encurvado sobre as pernas, a adaga estava na nuca agora.

Os outros dois apontaram as espadas pro mesmo local.

Ninguém podia se mover.

O mestre ficou levemente surpreso.

O homem do machado riu.

- Xeque mate!

Alma de GeloWhere stories live. Discover now