Plano ''Genial''

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Os sons ficaram mais altos e próximos, apesar de Blya ter encarado o casal não deixou de ter atenção atrás dela sob as árvores.


Passos correndo, couro arranhado pelos galhos, metal esfregando em metal...


Blya se voltou para as árvores, se eram soldados estavam malvestidos para o ambiente em que estavam, eram caçadores.


Blyana pegou sua adaga.

- Blya? - Nox viu Blyana se armar, estava distraído demais para ouvir o que ela ouvia, mais não cego a ponto de não notar que se preparava.

- Não estamos sozinhos Nox - Blya disse no laço - Eu vou verificar, você fica aqui, não a deixe sozinha.

Nox olhou Celeste soltando um leve gemido e ficando de pé, a fêmea estava exausta então não levantou entretanto puxou os ovos para perto de seu peito, preparada para morder quem chegasse perto de seus filhotes.


Blya viu a confirmação de seu dragão pelo olhar, ele já formava uma camada de poder em seu corpo, não sairia dali do lado de sua parceira, mais está disposto a matar quem viesse até a clareira.

- Cuidado - Nox disse a Blyana.

Ela suspirou e olhou para a mata, ela fechou os olhos, repetindo todo o aprendizado de seus treinos.


Seu mestre já havia dito que a visão as vezes trai a mente, obrigando-os a usar de outras formas como audição e tato para resolver o problema, nesse caso a audição da garota denunciou a posição e a possível quantidade de inimigos.


Seu tato sobre a madeira da árvore mais próxima definiu que a floresta é úmida e fechada, perfeita para se esconder e preparar armadilhas.


Depois de ter um plano em sua mente Blyana abaixou-se e adentrou a mata, já pegando uma pedra arredondada que estava encoberta pelas folhagens.


Seus passos eram incertos, ela sentia os galhos arranharem sua pele, seu vestido prendia em alguns deles, apesar de considerar seus inimigos "malvestidos" para o território, ela estava pior.


Ela caminhou por pouco tempo entre as árvores até os sons ficarem mais fortes, o que não era algo bom, isso significava que estavam muito próximos da clareira, assim que viu o primeiro vulto ela se escorou em uma árvore.


O plano consistia em tirá-los do caminho dos dragões e assim poder agir com calma.

- Eu vi um dragão por aqui eu sei - A voz era de um jovem caçador.

- Você falou isso da última vez, e era somente um grande alce - A segunda voz soava entediada.

- Quieto vocês dois - A terceira voz era grossa e parecia mais velha - Não faça implicações com seu irmão, só se aprende a ouvir caçando, além do mais podem nos ouvir...

- Não tem dragão aqui chefe - A segunda voz insistiu se escorando na árvore onde Blyana estava - Pois se tivesse já teria saído faz horas por causa do barulho.

- Era uma fêmea - A primeira voz estava otimista - Ela estava gorda, possivelmente veio botar ovos, não vai sair daqui tão cedo mesmo que nos visse.

Blyana não tinha opção, ouviu três vozes, a margem de erro era pouca, ela atirou a pedra a um lado da mata próximo a uma moita, forçando os homens a aparecerem em sua visão.


Eles fizeram um silêncio monstruoso, para o azar da garota não foram somente três homens que surgiram, foram cinco, e todos estavam armados com arcos, eles atiraram antes de olhar a moita e verem a pedra.


Eles começaram a olhar em volta, ela tinha que pensar em algo, e rápido.
Blyana respirou fundo, olhou para si e teve uma ideia muito louca.


Caminhando silenciosamente até outra árvore ao seu lado a jovem pegou lama e sujou seu corpo, especificamente em volta do tornozelo e até um pouco em seus braços, depois pegou sua adaga e fez um corte pequeno no tornozelo, só para fazê-lo sangrar.


Quando pronto ela parecia uma garota indefesa, Blya escondeu a adaga e se sentou no chão desarrumando seu cabelo e começando a chorar.


Forjando um acidente de dama inocente.


Novamente silêncio monstruoso, ela tinha que tentar relaxar...
Não sabia se eles iriam acreditar.


Blya viu a aproximação dos homens, porém aquele era o instinto soldado dela, agora ela tinha que fingir ser delicada.


Com um puxão forte dos galhos da moita surgiram três homens, prontos para atacar, a menina gritou o mais alto que pode, em "pânico".

- SOCORRO!!!- Ela gritou se arrastando para longe, já que ela tinha "machucado a perna"

- Que merda! - Um deles esticou a mão para cima rápido - Alto, é só uma garota.

Blya esticou a mão à frente do seu rosto como se fosse um ótimo escudo.
Tremendo como gelatina sobre o prato.

- O que você faz aqui?? - O senhor mais velho indagou confuso...

- E-eu não se-i... - Ela chorava muito e parecia mais assustada - Eu não sei, e-u não sei só...só não me machuca...

- Ei ei calma - O da voz delicada se aproximou, era um homem moreno de olhos escuros, parecia o mais inocente - Não vamos te machucar ok, fique calma.

Blya fingiu se acalmar um pouco, o homem aproveitou isso para se aproximar, ele viu o tornozelo dela.

- Veio caminhando até aqui? - Ele passou a mão pela perna dela analisando o machucado.

- Eu queria uma orquídea, meu pai não quis comprar - Ela gemeu afastando a mão do homem.

- Uma dama não devia estar por essas matas perigosas - Esse era o homem que parecia entediado, ele era semelhante ao que tinha se aproximado de Blya.

- Eu só queria minha flor - Ela fez o bico mais inocente que conseguia, se fingindo de brava.

Isso fez até o velho homem ver ela como uma idiota dama da cidade, todos abaixaram a guarda, alguns olharam em volta, porém nada poderia ameaçar eles, era o que achavam.


Blya estranhou o fato de não desconfiarem do porque ela surgiu do nada, mais lembrou que para eles, mulheres nunca são ameaça.


Ela segurou uma cara de raiva sobre isso.

- Vamos querida, vamos te levar de volta para cidade que tal? - O possível irmão disse a ela sorrindo e se abaixando até ela.

- Mas Yago...- O mais gentil reclamou.

- Essa caça já está perdida mesmo - Ele continuou- Você prefere seguir provas irreais e deixar essa linda mulher sozinha?

Todos olharam um para o outro, ambos deram um sorriso malicioso.

- Podemos nos...- Antes que o velho homem dissesse a palavra separar Blya começou.

- Não quero atrapalhar vocês rapazes - Ela fez jeito de magoada - Os senhores podem me deixar perto de minhas amigas em vez de até em casa...

Agora sim ela conquistou todos.

- Há mais garotas por aqui? - Um dos que não falaram se pronunciou.

- Sim, próximo ao riacho lá em baixo - Ela disse apontando suas costas.

- Quem seríamos nós se não a levássemos senhores - O irmão entediado parecia satisfeito.

O senhor fez uma cara de pensativo, porém o sorriso malicioso apareceu em seguida, ele se rendeu aos golpes de Blya.

- Eu a carrego - O mais velho disse, se aproximando agilmente e a levantando rápido no colo - Vocês irão nos proteger até chegar lá.

Os outros resmungaram, porém obedeceram.

- Nos guie querida - O Velho senhor disse a ela no ouvido.

Blyana tentou não vomitar enquanto apontava delicadamente a direção.


Era a contrária de Nox e Celeste.


Como eles podiam ser tão ingênuos, idiotas a ponto de cair nisso...


Mais isso tinha uma vantagem.

Blya tinha a arma perfeita para homens como eles...

Alma de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora