Incrédula

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- Como é? - Blyana se levantou do sofá, aquela acusação foi demais para a jovem.

Ronan não se levantou e ficou parado esperando a explosão de sua noiva, eles eram um casal mais aberto um com o outro, ela expressava suas magoas as vezes, mais dessa vez o homem via uma outra face da garota.

- Ele quase me mata, eu me defendo e EU o matei porque ele discordava de mim? - Blyana falou olhando para Ronan, encarando o fundo da alma dele, seu tom era irônico.

- Blya você nem está...

- Só porque não o deixei concluir com seu sádico ato sem me defender EU sou culpada - Blyana interrompeu Ronan gritando - Você escuta o que diz?

- Eu entendo um pai não querer uma filha no exército! - Ronan retribuiu com raiva - Ele somente a puniu....

- Pelos meus direitos - Ela concluiu.

Ele calou a boca, e a encarou, como se só entendendo agora a besteira que fazia.

- Só estou lutando por algo que eu deveria poder fazer - Ela chorava um pouco - Mais aparentemente não estamos prontos para essa conversa.

Blyana foi caminhando, olhando para o piso e encarando a dor da magoa em seu reflexo, incredulidade e muitos outros sentimentos passavam por seus olhos prateados.

- Espera Blya! - Ronan foi atrás - Por favor não vá.

- Depois de tudo que você ainda quer que eu fique??

- Não deixei de te amar por um mal entendido. - Ele podia ser machista mais não deixava de ser um bom homem - Por favor não me abandone, eu estou tentando entender.

- Te darei esse tempo Ronan, somente porque te amo, mais não espere que eu esteja aqui te esperando - Ela foi dizendo já saindo da casa.

- Blyana aonde você vai? - Ele disse em pânico - Vai embora? para onde e como vou ve-la?

A garota estava na grama, já mais distante, olhou para o céu e com uma grande ordem gritou.

- Nox!

Não levou menos de cinco minutos para seu companheiro estar a sua frente, majestoso e curioso, olhava tudo, ele apareceu caminhando para Ronan não surtar tanto.

Blya colocou a mão em forma de carinho na cabeça abaixada de Nox, que quase sorria.

- Vai me achar, a Única Guerreira da cidade montada em um dragão azul - Ela disse firme - Já passei muito tempo fingindo que não doía ser rebaixada, Ronan desculpe, mais por enquanto preciso ser livre.

- Você esta terminando comigo? - Seu olhar foi o mais triste que ela já viu.

- Não - Ela disse honestamente - Mais estou dando um tempo a você, para que veja e entenda minha liberdade.

- Entendi - Ele pareceu relaxar muito pouco - Me desculpe...

Blya não olhou, ela sabia que tinha que fazer isso, só assim ele procuraria ver o lado justo da história.

Mesmo que doesse nela não sair da forma que esperava.

Talvez ela tivesse sido direta demais, mais mesmo que fosse já aconteceu.

Ela usou de alguns esforços para subir novamente em Nox, que segurava o riso, quando subiu o olhar de ambos, tanto dragão quanto dona eram de gelo.

- Até mais Ronan - Ela disse dando um tchalzinho delicado, Nox rosnou com esse aceno.

Ronan estava pálido com tudo, estava assustado mais entendia seu erro, compreendia e daria o tempo também para desfazer da raiva inconsciente que sentiu e sentia.

O dragão abriu as asas e partiu, Nox iria ao mesmo foco na floresta, já que não tinha nenhum lugar específico para que pudesse parar.

Blyana estava incomodada, inquieta, mais do que tudo intrigada, não só pelo noivo mais também porque ela soube das mortes, contudo como tudo era fofoca, a jovem mais que tudo quis saber a real então decidiu por impulso.

- Nox! - Sua voz saiu apressada - Volte até minha casa.

- Aconteceu algo? - Nox achou estranho o pedido de Blyana.

Eles haviam saído de forma meio estranha da casa do que seria o cônjuge dela e Nox imaginava que ela voltaria direto, mais a garota estava muito determinada então o dragão virou, buscando a casa onde tudo começou.

Ele já estava nas proximidades das cidade, as luzes já brilhavam nas escamas do dragão porém Nox fez a curva, drástica como o pedido de sua dona fazendo com que a jovem menina se segurasse tão forte nas alças que seus dedos ficaram brancos e suas pernas doloridas.

A virada foi tão linda e forte, de fato em uma pintura seria algo tão mágico e magnifico, Blyana até elogiaria a fera se não tivesse em pânico para não cair.

Ele fez a curva mergulhando e dando uma cambalhota batendo seu rabo no ar como chicote e girando até estar de cabeça pra cima voltando a voar como se nada tivesse acontecido.

Nox foi calmamente até a mansão destruída, ele odiava lembrar da sua última visita ao local, a imagem de Blya passava pelos olhos do animal como a péssima memória que era.

Quando Nox pousou ao lado da casa Blya suspirou, estava bem silencioso e escuro, abandonado, diferente do que ela via antes.

Com mais sucesso que sua primeira tentativa ela desceu de Nox, andou lentamente até o lugar, acessando-o pelo buraco da sala.

Tudo estava empoeirado pela destruição e todo o caos que o dragão fez.

- Nox - Ela chamou de dentro do lugar, sua voz ecoou.

Levou alguns segundos para a cabeça de olhos curiosos aparecer no buraco com o brilho azul igual a um belo céu de inverno.

- Sim? - Ele respondeu, se deitando e apoiando a cabeça nas patas.

- Quantas pessoas você matou? - Ela perguntou olhando para a escada destruída.

- Um - Ele respondeu firme - E machuquei outro.

Blya suspirou assustada com essa noticia.

- Quem foi que morreu? - Ela já imaginava...

- Seu pai - O dragão respondeu - o cabeça de feno terá cicatrizes feias.

Ela não sentiu nada, Blyana não sentiu dó, mais não sabia exatamente o que achar sobre a notícia, pois talvez estaria sendo ingrata ao desprezar dessa forma a morte de um homem que a "criou".

A mente dela girou com a informação recebida, não sabia exatamente o que achar mais isso em breve explodiria, e Blya teria que lidar com isso.

Enquanto sua mente viajava nesses pensamentos ela não notou o movimento, muito menos a ação de Nox ao ver a mulher de cabelos vermelhos novamente.

- O que você faz aqui?! - A voz era fraca mas tinha ódio.

A "mãe" da Blya a encarava com ódio, sua fisionomia e até vestimenta daria a entender que ela estava destruída, mais o olhar dava a entender que aquela mulher mataria o primeiro que fosse seu contrário.

E lá estava a guerreira com mais um caos para resolver.

Alma de GeloWhere stories live. Discover now