O Mestre após dizer sobre a conversa futura saiu de perto, sem a libertar, andando até o dragão cinza.
- Liberte e cure o que você puder de seu companheiro Smok - o Mestre disse suavemente.
O dragão deu um aceno e foi aos poucos cortando as correntes de Nox e usando uma névoa mais clara em certos machucados, fazendo com que sumissem ou diminuíssem.
Já o Mestre proferiu algumas palavras que quebraram alguns símbolos que Blya só notou naquele momento que o homem desmontou as maldições.
Blyana sentia o Nox eufórico mas também exausto, mesmo quando foi libertado ele não se levantou, mas deu um sorriso para Blya.
Nox se sentia destruído por dentro, mas o bom para o dragão era o fato de Blya estar bem e segura, sentia que cumpriu seu papel.
O mestre caminhou até ele, Nox ergueu um pouco a cabeça para olhá-lo.
Blyana não sabe o que o mestre viu, porém o homem proferiu umas palavras e algo brilhou no peito de Nox, um símbolo suave e branco.
Nox olhou para a Blya e depois voltou para encarar o outro dragão.
Depois do ato o mestre se aproximou de Blyana, mudando o rosto de sereno para irritado.- Eu permiti você ir à casa de seu noivo e voltar - Ele foi dizendo irritado, seus olhos brilhavam - E você reaparece na residência de sua família, quase morrendo novamente, sem contar que dessa vez levaria Nox junto contigo!
Ela engoliu em seco com a voz dele, suas mãos (ainda presas) se encolheram conforme ele andava em sua direção.
- Eu disse que não seria capaz de fazer essa viagem - Ela respondeu abaixando a cabeça.
Ele riu alto e muito forte, seus cabelos negros até caíram para traz, bastante irônico.
- Está tentando colocar a culpa em mim jovem menina? - A voz do Mestre estava séria.
Ela engoliu em seco com a fala dele, quando Blya foi responder ele interrompeu.
- Eu garanti que o caminho da ida e da volta da residência de seu noivo estivessem seguros para você - Ele disse firme - Porém você os quebrou seguindo para cá, que inclusive já foi um risco.
- Não seria mais, eu estava com Nox, não tinha o porquê eles me destruírem - Ela disse honestamente.
- Querida, mesmo tendo dragões em nosso exército ainda existem esses que os matam e odeiam - o Mestre disse - Sua família já foi constituída por caçadores, era o último lugar que uma Novata em montaria deveria estar, mesmo que eles tivessem se rendido a uns anos.
- Eu não sabia - Blyana estava passada - é contra lei, nunca os vi caçar, e você mesmo disse que faz anos que se renderam.
Ela não estava defendendo a família, mas de fato aqueles mimados não eram capazes de matar um dragão, era a última coisa que Blya esperava deles.
- Não ver não quer dizer nada querida - Ele continuou - Não os faz ter menos contatos nem serem menos suspeitos.
Ela suspirou intensamente, seu coração se apertou, fez uma besteira grande.
- Passe a ouvir mais quem sabe - A voz dele foi rude - Erga suas mãos.
Ela ergueu e sentiu o toque da mão dele na pele e ele cortar a corda com a lâmina branca.
- Eu vim buscar as notícias do que houve naquela noite - Ela esclarece.
Ele paralisou.
- Você... - Ele parecia virado no Ódio agora - Você voltou para perguntar a casa?! Porque simplesmente não perguntou a mim ou ao seu Dragão?!? - Ele falava alto e irritado.
- Você sab...
- É ÓBVIO QUE EU SEI - Ele gritou fazendo-a se encolher - Garota foi um ataque de dragão a uma residência, quem teve que resolver fui eu, você tem cabeça de vento Blyana?...quase matou seu dragão por medo?...
- Você é a porcaria do mestre bestial - Ela gritou - Eu não tinha e nem tenho ideia de como agir contigo - Ela continuou já que ele não interrompeu - Eu queria resolver sozinha.
- O problema agora é que você não está sozinha - Ele disse - Você deve respeitar a minha patente, independente da nossa relação - Ele ficou pensativo - Sou o principal responsável em casos como o seu, do ataque a sua casa. Você sabe, poderia muito bem ter perguntado.
Ela ouvia atentamente a cada detalhe que saia da boca do homem.
- Sou seu treinador central, ou seja, você é minha aprendiz oficial - Ele continuou deixando-a impressionada - Não pode de forma alguma cometer esses erros como o de hoje, e nunca mais haja sozinha como fez.
- Eu estava resolvendo coisas da minha vida, não achei que envolveria o Nox.
- A partir de sua morte tudo envolve os dois, e eu sou responsável pelos dois - Ele disse tranquilamente - E mesmo eu sendo responsável por ambos, Nox é teu, então tudo que aconteceu hoje é falta de responsabilidade sua, meus parabéns.
Ele foi irônico nessa última parte, o que a irritou profundamente, o homem estava andando até o dragão cinza que aparentemente tinha terminado seu trabalho quando ela começou a falar.
- Você que deixou uma pessoa incapaz voar por aí e se ferrar - Ela finalizou sussurrando - A Culpa não foi minha, foi sua.
Ela parecia com mais coragem que o normal naquele momento, até Nox que se levantava lentamente paralisou com a fala dela.
- Incapaz? - Ele perguntou extremamente calmo e ao lado dela.
- Sim
- Você não tem algum membro ou tem alguma deficiência incapacitante? - Ele perguntou rudemente.
- Não, porém eu...
- Então cala a boca - Ele falou alto e em bom tom - Não ouse profanar os "incapazes" - ele fez aspas com as mãos de forma que quase anulava a palavra - dizendo que fariam o mesmo que você fez aqui porque te provo que fazem melhor, portanto, cala a sua boca e vá trabalhar para desfazer os estragos em Nox.
Ela tremeu com a ordem, sentiu atingir algo no Mestre, ela só não soube o que era.
Blyana começou a desfazer de suas amarras na perna e foi ver Nox, como o Mestre disse, porém antes de chegar lá o mestre a parou.- Acredite em mim - Ele estava até um pouco doce - há duas coisas que não quero que esqueça, a primeira é a de que você é sim capaz de tudo que quer e a segunda que você jamais vai querer descobrir o que é ter um dragão morto...
Ela quase se assustou, muitas vezes ele era duro, mas é na maioria o que mais a apoia (sem falar o Nox).
O que faz esse homem ajuda-la tanto?
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Alma de Gelo
Fantasía"Mesmo na mais profunda escuridão, na terra profana perante o olhar da morte não vou me render, o fim não será esse, não enquanto não tirar você de lá, minha alma, meu ser, estarei lá até que a única coisa que me reste é a poeira do pior de nossos i...