O Julgamento

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Sem correção.

Paula estava atordoada. O julgamento de Maitê estendia-se a mais de duas horas. Alonso, como garantira Carlos era um excelente advogado e neste caso estava atuando como ajudante da acusação. Jamais  passou pela cabeça de Paula que aquele caso fosse se tornar algo tão comentado na cidade. Passeou os olhos pelo recinto e viu os pais de Maitê sentados à esquerda.
Dona Olga, de vez em quando, secava os olhos com um lenço azul claro. Já o marido, mantinha uma pose altiva e segura, típica dos militares, mas Paula e Carlos sabiam o quanto estar ali, era dolorido para ele.
O advogado de acusação caminhou até a metade da sala parando em frente a juíza.

__Meretísssima, a  acusação gostaria da permissão para chamar o motorista do carro, cuja  placa e documentos constam no processo, Rodrigo Fuentes e posteriormente, a sua namorada, a senhorita Juana Belmonte para que nos relate o que presenciaram, no episódio no qual a ré,  jogou a vítima para cima do seu carro no dia e data expostos nos autos.

A mulher que usava uma toga preta que constrastava com a mecha branca do cabelo bem escovado, cruzou as mãos sobre a mesa, balançando a cabeça positivamente.

__  Tem toda Dr., desde que as testemunhas estejam arroladas  nos autos do processo.

__ Obrigada, meritíssima. Estão sim. A excelentíssima pode confirmar os nomes de cada testemunha na página 34.
Após uma rápida olhada, a juíza concedeu o pedido e do alto de sua cadeira, Paula viu o rapaz, que a ajudou naquela manhã entrar e sentar-se de frente para a juíza.
Em seguida, Alonso como ajudante de acusação começou a inquirir a  testemunha. Logo após, foi a vez da moça. O casal também passou pelo crivo de perguntas do defensor público.
Os pais de Maitê recusaram-se a pagar um advogado para a filha e com essa atitude, ficou muito claro a Carlos que eles tinham a certeza dolorida de que ela havia sim, matado a irmã. Maitê então, pediu  um advogado do estado conforme tinha direito.
Todas as pessoas que Paula e Carlos apontaram como testemunhas responderam aos questionamentos de ambas as partes. Mas o depoimento de Santiago e do farmacêutico foram os mais importantes.

No intervalo, na sala de espera, o tom carinhoso de Carlos trouxe Paula de volta ao presente. Ela se deu conta de que estivera fitando o vazio por um longo tempo. Bebeu do líquido quente e cremoso que Carlos lhe oferecia num copo e sorriu suave em agradecimento.
Ele beijou o alto de sua cabeça e suspirou com os lábios grudados em seus cabelos.

__ Está sendo pesado não está?

__ Demais. Para você também não é mesmo?- ela sussurrou.

Carlos baixou os olhos para o chão.

__ O que mais me dói é olhar para Maitê naquele banco e pensar do que foi capaz de fazer com Val. Fico louco só em pensar que poderia ter perdido você também. E como se não bastasse todo o sofrimento pelo qual você passou, ainda teve que escutar do advogado dela, que você foi a causadora do aborto do nosso bebê.
De súbito a encarou.
__ Juro, Paula, que nunca olhei com outros olhos que não fossem como os de um irmão para ela. A defesa fez questão de jogar a culpa dos acontecimentos para o seu e para o meu lado. Nunca seria capaz de trair você e Valéria, muito menos com sua própria irmã!

Dando-se conta do quanto aquilo o atingiu em seus princípios, Paula o consolou:

__ Eu acredito em você e isso basta. Julgamentos sempre expõe a vida particular de quem está envolvido no caso. Advogados trabalham para livrar a ré e por isso, dão um jeito de confundir os jurados. Acredite, ninguém pensa que você foi capaz de trair a mãe de seus filhos. Todos que o conhecem sabem o quanto você é digno e confiável.

Por um instante, com olhos carinhosos pousados nos dele, Paula afagou a barba ruiva.

__ Você é o melhor homem que uma mulher poderia ter. Eu e Valéria tivemos muita sorte de encontrá-lo.
Abraçou-o pela cintura e beijou com muito carinho o ombro largo coberto pela camisa verde escura de sarja.

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