Resgata-me! 🔞❗

Decepção

Sem revisão

Tentando resolver o que vestiria na sexta à noite e atrás de presentes para os dois irmãos, Paula caminhava naquele final de tarde pelas lojas do Shopping. Não fazia ideia do que comprar para pessoas que mal conhecia, principalmente um homem.
Ela e Ramirez tinham almoçado juntos novamente naquela quinta-feira e os assuntos giraram em torno de trabalho por opção de Paula. Sempre que a conversa os levava para um lado mais íntimo, ela esquivava-se e mantinha-se bastante reservada quanto a seus assuntos mais particulares.

__ Você é uma mulher misteriosa. De vez em quando fica com este ar distante e pensativo. - Ramirez provocou-a.

__ Impressão sua. Só não tenho muitas coisas interessantes para falar ao meu respeito.

__ Duvido muito. Quem está disposta a enfiar a cara num empreendimento sem um sócio, pode ser tudo, menos desinteressante. Acho que seus pensamentos levam às suas decepções e que elas têm um nome...e de homem.- disse ligeiramente divertido ao comum sincero brilho de admiração nos olhos.
__ Desculpe-me estar sendo invasivo, mas quem a decepcionou deve ser um babaca!

Paula sorriu, virando o rosto, pensando que Carlos não se encaixava naquele adjetivo, mas Murilo certamente.

__ Estar só, é uma opção minha. - afirmou.__ Acabei aprendendo, depois de meses de terapia, que mulheres não precisam de um homem para nada.

Ele riu bem humorado.

__ Ah, precisam sim, para engravidarem.

__ Certo que sem espermatozóides não existe vida, mas não precisamos, necessariamente, do dono deles. - devolveu o riso, enfiando um outro assunto, o cortando.

__ A que horas você me pega amanhã?

__ Por volta das sete...Está bom para você? É que é quero chegar um pouquinho antes, para receber os convidados.

Ela concordou, enquanto cortava um pedaço do filé.

__ Claro. Estarei a sua espera

Ainda pensando no almoço com Ramirez, Paula entrou na boutique de uma das amiga de tia Carmem.

A vendedora, simpática e elegante, veio ao seu encontro.

__ Como vai, Paula? Fazia algum tempo que não aparecia.

__Tempo demais.- ela disse evasiva.

__Procura algo específico? Ou quem sabe conhecer a nova coleção do Outono. Já a recebemos e é magnífica!!
Ela sorriu e passou a mão através dos cabides enfileirados.

__ Andei distante dos burburinhos sociais...Na verdade, nem sei o que quero ou o que procurar...Preciso de algo elegante e discreto para um jantar de aniversário.

A moça sorriu, vendo a ótima oportunidade de comissão. Paula era uma das melhores clientes da boutique.

__ Acompanhe-me por favor, ainda temos peças exclusivas da coleção de verão, leves e sensuais...
Vou pedir à modelo que vista para você ver a delicadeza e o caimento das peças, que são sem sombra de dúvidas, lindíssimas!

Paula sentou-se na poltrona que lhe foi oferecida.

__ Aceita alguma coisa para tomar e aliviar o calor, enquanto olha e decide?

Paula pediu água gelada e aos poucos, em meio a tanto luxo e sofisticação, percebeu o quanto aquela vida era de uma futilidade imensa.
Pensou na simplicidade de Carlos, da casa simples, mas confortável e aconchegante, do modo como ele a tratava...do orgulho que tinha de tudo o que construiu com o duro suor de seu rosto...da dedicação para com os filhos...do amor que faziam, das carícias e da cumplicidade das conversas depois de tudo.
Ela já não se classificava como sendo a mesma e isso era um fato que lhe agradava, aquela vida de mulher rica não lhe cabia mais. E apesar de ter dinheiro para viver até o final dos seus dias muito bem, não era isso que a deixava feliz, cheia de contentamento. Nenhuma jóia, roupas exclusivas ou calçados de grife, que custavam praticamente um mês de salário de um trabalhador, seriam capazes de lhe darem verdadeiro prazer de viver.