Não se Aproxime de Nós

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Sem correção

Paula arrumou, sorrindo, cheia de expectativas, as taças de vinho e água sobre a toalha da mesa da cozinha.

O aroma do peixe assado aquecendo no forno, esparramava-se pelo apartamento e a salada com *Brie, mel e amêndoas, a preferida dele, minuciosamente decorada, fazia companhia à garrafa de vinho, que Marlon lhe sugeriu para a ocasião. Embaixo dela, depositou com carinho o envelope com o timbre do consultório da Dra Paloma. Dentro dele, a ultrassonografia.

Olhou de novo, satisfeita.Tudo estava perfeito para a noite que prometia ser maravilhosa, depois de tanto tempo longe um do outro.
Mal via a hora de se jogar nos braços de Carlos e deixar-se ser amada.

Obviamente, que não tinha sido Paula que havia cozinhado, mas sim, uma senhora conhecida da tia, que lidava com eventos na cidade.
Paula contratou seus serviços para preparar um jantar saboroso e leve, unindo as boas vindas ao romantismo da ocasião.

Embora tivesse que contar sobre o bebê e esclarecer coisas do seu passado, estava radiante, feliz, ansiosa e decidida a não deixar nenhum segredo sobre o passado dela passar daquela noite.

Os olhos pousaram mais uma vez no celular. Já passava das dezenove e ele estava atrasado, o que Paula entendia perfeitamente.
Carlos devia estar cheio de preocupações e tarefas, afinal, mal tinha acabado de voltar de uma longa ausência. E somando-se a tudo, ainda precisava cuidar também de um irmão doente.
Não se atreveria a perturbar mandando mensagem para cobrá-lo do atraso.

Suspirando, ela foi ao quarto e procurou concentrar-se na aparência.

A blusa de Cashmere vermelha, justa e de gola alta, modelava o corpo curvilíneo e enfiava-se para dentro da calça escura. A bota de cano curto, de salto médio, a deixava elegante, mas ao mesmo tempo mais casual para um encontro em casa.

Olhou-se no espelho, ajeitando os cabelos e verificou a maquiagem leve. Afivelou o cinto na altura da cintura, passando com carinho a mão pelo ventre liso. Em alguns meses, se tudo corresse bem, aquele tipo de roupa seria impossível de usar.
Pela contagem das semanas, seu bebê nasceria no auge do verão.

Qual seria a reação de Carlos quando abrisse o envelope?

"Com toda a certeza, depois que passar o choque inicial, ficará feliz.
Ele é um homem responsável pelos seus atos e entre os nós existe algo real e forte. Suas inseguranças, Paula, diante disso são meras preocupações infundadas.", assegurou-se.

Desta vez, não haveria discussões bobas sobre levar ou não aquela gravidez adiante, assim como acontecera com Murilo, num passado, que estava cada vez mais distante de seus pensamentos e que não tinha mais lugar no coração dela.

Borrifava um perfume suave atrás das orelhas, o único que não estava lhe dando ânsias no momento, quando escutou a chave torcendo na fechadura.

Em alguns momentos, morar num lugar menor tinha suas vantagens. Qualquer barulho na sala podia ser ouvido dos outros cômodos se as portas estivessem abertas.

Como uma adolescente apaixonada, saiu apressada, em direção ao final do pequeno corredor, avistando a figura masculina e imponente parada perto da porta de entrada.

Sua felicidade era tanta de tê-lo de volta que não notou o maxilar cerrado, os olhos frios, que lhe examinaram dos pés a cabeça e nem a ponta do cabo da arma coberta pela jaqueta de couro marrom, que Carlos usava.

Alargando o sorriso, foi ao seu encontro, se chocando no peito e braços fortes dele, o envolvendo pelo pescoço.
Sentiu o coração dele bater descompassado, o cheiro tão conhecido e o calor que emanava do corpo rígido, o qual
permanecia imóvel, sem nenhuma demonstração de alegria ou outro sentimento ao tê-la acariciando-lhe a nuca.

Resgata-me! 🔞❗Where stories live. Discover now