62 | Nicole

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— Cadê o babyliss, Nicole? — A voz abafada de Addi vinda do banheiro me pergunta

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— Cadê o babyliss, Nicole? — A voz abafada de Addi vinda do banheiro me pergunta. 

— Tá na minha penteadeira — Grito de volta sem desviar meus olhos do espelho, onde eu via meu próprio reflexo enquanto passava chapinha para alisar os fios ondulados. 

Sentada na minha penteadeira, Avani se maquiava enquanto Addi optou por se arrumar no banheiro. Eu me preparava na frente de um espelho vertical que eu tinha no meu quarto e assim nós nos produzimos para o baile que já havia começado. 

— Porra, puta que pariu — Avani resmungou, largando seu celular em cima da penteadeira e voltando à se maquiar. — TH tá enchendo o saco. Vou mandar ele pra puta que pariu em cinco línguas diferentes. 

— Faz muito tempo que o baile começou? — Digo terminando de alisar minha última mecha e passando os dedos pelo cabelo. 

— Duas horas. — Ela respondeu e eu engasgo com minha saliva. 

— Estamos tão atrasadas assim? — Me viro para ela. 

— Claro que não. — Responde saindo do banheiro, agora já pronta. — Só enche no início da madrugada. 

Eu vejo as horas no relógio da parede e noto que são quase meia noite. Me sento na cama com o celular em mãos para esperar Avani terminar de se maquiar e vejo, mais uma vez, mensagens não lidas de Vinnie e algumas chamadas perdidas que tinha visto hoje. 

Abro o seu chat e deslizo a tela, lendo as mensagens que eu ainda não tinha visto hoje.

Me deparo com uma foto sua, onde ele estava deitado e os olhos levemente avermelhados. A foto era acompanhada de um "sinto sua falta" e eu sinto meus olhos se marejaram. Eu estava surpresa pelo quanto que consegui resistir ao Vinnie nos últimos dias. Todos os dias, eu escuto todos os áudios que ele me manda antes de dormir. É um completo calmante natural pra mim. Era sufocante a vontade tremenda que eu tinha de atender suas ligações só para escutar sua voz em tempo real. Podemos conversar e, até quem sabe, trocar palavras de amor mesmo distante. Mas eu precisava de tempo. Me render a sentimentos temporários estando confusa é inútil. 

— Tá com piru no ouvido, caralho? — A loira na minha frente me tira dos meus delírios. — Avani já acabou. Vamos! 

Me levanto da cama e dou uma última olhada no espelho, De fato, eu não me trocaria por nenhuma. Sou linda demais pra ficar triste. 

Assim que piso na calçada do campo onde estava tendo o baile, pude sentir o tremor do som mais forte ainda em meus pés do que quando estávamos caminhando para cá. O funk alto agitava todos que ali estavam e como de costume, alguns homens com fuzis atravessados faziam a segurança do lado de fora Mesmo assim, tinha certeza que teria uns mil o farmados lá dentro. 

— Coe Orelha! — Addi cumprimenta o garoto armado na entrada. Ele tinha um boné vermelho virado para trás e estava com uma blusa preta da Nike e um short da mesma marca. — Coe, loirão, tudo bom? — Ele sorriu para ela, logo voltando seu olhar pra nós e nos cumprimentando também. 

𝘽𝙍𝘼𝙕𝙄𝙇𝙄𝘼𝙉, 𝙑𝙞𝙣𝙣𝙞𝙚 𝙃𝙖𝙘𝙠𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora