04 | Nicole

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Minha perna balançava freneticamente com a ansiedade de estar numa casa totalmente desconhecida que seria o meu lar pelos próximos meses

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Minha perna balançava freneticamente com a ansiedade de estar numa casa totalmente desconhecida que seria o meu lar pelos próximos meses. Havia chegado há poucas horas. Não vou mentir, eu estava completamente apavorada. Ao mesmo tempo que a ideia da nova vida que eu teria aqui era fascinante, o desespero ainda corria em minhas veias. Um ano longe da mamãe, dos meus amigos brasileiros, da minha cidade, do meu país. Eram culturas diferentes, gírias diferentes, maneiras de viver diferentes. E se eu não soubesse me adaptar bem? E se não me tratassem bem? E se eu me arrependesse? A ansiedade enchia minha cabeça de perguntas e eu só queria um pouco de paz.

— Nicole? — A voz feminina de Maria cortou meus pensamentos, me fazendo levantar a cabeça para encará-la.

— Sim?

— Você está com fome? Eu fiz alguns sanduíches. Tem suco e café.

Um sorriso tomou conta de seu rosto, deixando o meu coração totalmente quentinho. Por mais que o medo me dominasse, eu estava me sentindo acolhida por Maria.

— Sim, eu quero sim. A viagem me deixou morta de cansaço e de fome. — Ri fraco.

— Eu imagino. — Maria deu uma risada fraca e saiu da porta, se sentando ao meu lado.

Me ajeitei rapidamente no colchão e sentei com perninhas de índio enquanto encarava a minha nova host mom. Ela era uma mulher muito bonita. Seus cabelos castanhos eram brilhosos e muito bonitos, o que escondia alguns fios brancos que estavam nascendo. Desde que cheguei aqui, ela me tratou com muito carinho e respeito. Aquilo me deixou muito feliz, mas não posso evitar sentir completo pânico com tudo que eu teria que encarar agora. Sempre fui uma mulher muito forte que aguentava tudo que colocavam em minhas costas e estava disposta a aguentar tudo isso.

— Nicole, eu percebi que você está meio acanhada. Eu entendo, você acabou de chegar em um novo país com uma cultura diferente, numa casa com pessoas desconhecidas, enfim... Mas, eu quero que saiba que será muito bem recebida por todos que moram aqui e também pela vizinhança. Me desculpe, mas eu já falei da minha "nova filha" para todos os meus amigos e vizinhos. — Aquilo me fez rir.

— Então, não fique tão tímida e com medo, pois você terá todo o amor do mundo comigo e com a minha família, isso eu irei te prometer. Se precisar de qualquer coisa, eu estarei aqui. Conselhos, um ombro amigo, ou qualquer outra coisa. Confie em mim, por favor.

Maria segurou minhas mãos e as envolveu com seus dedos gordinhos e quentes. Todas aquelas palavras haviam me deixado muito feliz. Como uma carioca e mulher sensível, já senti uma lágrima descer pelo meu rosto, mas limpei rapidamente e puxei Maria para um abraço aconchegante. Senti seus braços me apertarem e, naquele momento, eu senti que meus dias naquela casa seriam incríveis e inesquecíveis.

— Agora vamos comer. Sua cara de faminta está visível. — Ela disse se separando do abraço e me provocando um riso.

Nos direcionamos até a cozinha e devoramos aqueles sanduíches. Durante a refeição, conversamos sobre algumas coisas e respondi algumas dúvidas que ela tinha sobre o Brasil. As pessoas daqui de fora tem uns pensamentos loucos sobre o Brasil, chega a ser engraçado.

𝘽𝙍𝘼𝙕𝙄𝙇𝙄𝘼𝙉, 𝙑𝙞𝙣𝙣𝙞𝙚 𝙃𝙖𝙘𝙠𝙚𝙧Where stories live. Discover now