Capítulo 41

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-Segura o portão pra mim, seu grosso – O urso panda gigante com tutu de bailarina gritou.

-Você não está ajudando a sua causa.

-E você não está me ajudando a passar! Tenho de estar de volta ao trabalho em uma hora, não posso ficar entalada!

-Porra, loira, você tinha que arrumar um urso deste tamanho?!

-É o tamanho do meu remorso e da minha culpa, ignorante! E eu te chamei para vir para me dar apoio moral, não para me esculhambar!

O urso finalmente passou pelo portão, embora tenha sujado um pouco a pata contra o muro. Baby não viu, Tommy, sim, e achou melhor ficar quieto para que a amiga não voltasse à loja de brinquedos imensos de onde haviam saído. O problema da Baby é que ela não podia fazer nada que não fosse exagerado e não fugisse dos padrões. Até seu remorso e sua culpa tinham de ser do tamanho de um panda gigante.

Eles pararam em frente ao prédio de tijolos vermelhos e Baby perguntou:

-Você tem certeza de que ela está em casa, né?

-Tenho, eu disse que passaria aqui para ver o quarto da India Rose. Só não disse que traria um panda monumental comigo.

-Não enche que foi o panda que te deu carona. Toca o interfone, Tommy.

Ele ficou olhando para a porta e acabou admitindo:

-Estou com medo de que o ódio que ela tem de você passe para mim por ter te trazido aqui.

-Covarde! - Ela esticou um braço através do urso, não sem alguma dificuldade, e apertou o botão.

-Alô? - Uma voz grossa e masculina respondeu. Tommy e Baby se entreolharam, em pânico, os olhos de tamanhos de pires.

-Você não disse que ele estava aqui! - Baby sussurrou.

-Eu não sabia! - Tommy devolveu no mesmo tom.

-Alô? - A voz insistiu.

-Olá! É sua irmã preferidaaa – Baby cantarolou com a voz trêmula.

-Você é a única, Anna – Dave respondeu com frieza.

-Mais um motivo para me deixar entrar.

Eles realmente acreditaram que seriam barrados, mas logo a porta de entrada do prédio estalou com a permissão dada para que eles entrassem. Tommy, sem um panda para dar conta e sem mesmo se oferecer para ajudar, liderou o caminho, enquanto a amiga andava com dificuldade atrás dele. Do fim do corredor do primeiro andar, ouviram o som de uma porta sendo aberta.

-A gente não sabia que você estava em casa – Tommy explicou, mal Dave havia saído para o corredor. Ele devia ter vindo da academia, porque não dava nem para começar a contar os músculos ali. E nem a beleza.

-Vocês não são os amigos secretos da Mia. Podem entrar. Mas ela não está.

O rosto do Tommy despencou de decepção. Assim como o panda no colo da Baby.

-Ela foi ao supermercado, mas não demora. Sentem aí.

Baby baixou o urso e, meio desgrenhada e amarfanhada, se sentou no sofá, ao lado do Tommy, que disse, após um silêncio desconfortável:

-A gente não quer atrapalhar. Não precisa fazer sala.

-Faço questão - Dave disse, com muito mais educação que sinceridade. - Querem beber alguma coisa?

-O que tem? - Tommy perguntou, para ganhar tempo.

-Água, isotônico e os sucos estranhos da Mia.

Quando a Vida AconteceWhere stories live. Discover now