Capítulo 4

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Capítulo antecipado graças ao empenho das meninas lindas do nosso grupo de Whatsapp. Obrigada, garotas!

Loly e Emily não possuíam absolutamente nada em comum além de gostarem de moda e do fato de já terem compartilhado o mesmo útero, e mesmo nessa parte eram muito diferentes também. Emily era fruto de um caso da sua mãe na época, um músico milionário e casado, que deixou a mulher e a banda para assumir a filha e se dedicou a ela e suas terapias vinte e quatro horas por dia. Loly era filha de um banco de esperma. A mãe dizia que, na época da Emily, era jovem e romântica, o que é difícil de acreditar que Renata tenha sido algum dia. Romântica, não jovem. Jovem ela era para sempre. Na gravidez da Loly, que aconteceu apenas quatro anos depois, Renata era aparentemente mais velha, madura e prática. Nenhuma das duas era muito parecida com a mãe, mas Loly possuía seus cabelos negros e lisos, enquanto Emily tinha os cabelos castanhos e igualmente lisos do pai, que ela usava muito compridos e sempre de franja, o que a deixava parecida com uma menina de doze anos, até porque era muito baixinha. A própria Emily dizia que era a mulher mais baixinha do mundo. Loly não era alta como a mãe, mas ao menos media mais que um metro e sessenta. Possuía olhos castanhos. Os de Emily eram verdes. Loly tentava encarar a vida real da melhor forma possível. Emily vivia de faz de conta.

Mas ambas concordavam que sair para fazer compras com a mãe era uma benção e uma maldição. A possibilidade de ganhar umas roupas caras de graça era equilibrada por almoço em restaurantes horríveis e ferroadas esporádicas.

-Não, preto não é para batizados, Phoebe – Renata disse para a filha caçula. Sempre que a sua mãe a chamava pelo nome, Loly pensava "Com quem diabos ela está falando?". Seu nome havia sido escolhido por sua madrinha e, seu apelido, por sua irmã. Como a última era pequena e fofa, ela venceu e todos a chamavam de Loly desde então. Com exceção de Renata pois, no fundo, no fundo, achava que Loly era bobinho e servia muito bem quando ela era criança, mas, agora que ela tinha vinte e um anos, já estava na hora de honrar seu nome de batismo.

-Mas é tão elegante – Loly deu uma voltinha, imaginando a cara de Jake ao vê-la nele. Estava se sentindo linda com ele e se perguntava se uma família de roqueiros realmente acharia estranha a sua escolha de cor. Além disso, ela podia não ser nenhuma Renata, mas entendia um pouco do assunto: - E preto não é mais tabu, mãe. Nem mesmo em batizados.

-Durante o dia e ao ar livre? - Renata balançou a cabeça. - Dá para fazer bem melhor, né? Aproveita que você está magrinha e linda e escolhe uma cor mais alegre, vai. - E, virando-se para a vendedora, perguntou: - O que você tem para ela em azul? Azul vai ficar lindo!

Azul não era bem a cor preferida da Loly, mas os elogios fizeram efeito. E, se a sua mãe dizia que ficaria bom, ela confiava.

-Eu quero ficar muito bonita! - Ela disse, ainda apegada ao vestido preto, pensando se seria capaz de comprá-lo por conta própria.

-Claro que vai ficar! Você é a coisa mais maravilhosa do mundo – Renata disse. - Mas por quê? Quem você quer impressionar, hein? - Ela cutucou a filha.

-É segredo, tá? - Loly riu. - Mas talvez eu tenha um encontro.

-Com quem? Com quem? - Renata bateu palmas, animada.

-Mãe, não conta porque a tia Kate é escandalosa.

-Ai, meu Deus! - Renata levou as mãos ao coração. - É o Jake?

Loly concordou com a cabeça, tímida, e Renata perguntou como ela estava de maquiagem e de produtos para o cabelo e quando seria esse encontro? O que ela queria dizer com "talvez"? O que exatamente ele disse? Como? Quando?

Nisso, Emily abriu a cortina da cabine usando um vestido justo e verde que combinava com seus olhos, embora não fosse a coisa mais sensacional que a irmã já houvesse usado na vida.

Quando a Vida AconteceWhere stories live. Discover now