Capítulo 15

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Gatilho: Transtorno alimentar

Loly havia sido tocada do ateliê, mas estava procurando não levar para o lado pessoal. Baby estava mesmo cheia de coisa para fazer, e tudo bem que isso significava que Loly também estivesse assoberbada. E que, na realidade, ela estivesse perturbando a chefe com o chá revelação que esta a havia mandado organizar. Mas não pôde evitar pensar que era como a escrava pessoal da tia Kate, só que com um salário infinitamente pior, quando foi mostrar o desenho do quadro com as bolas para o jogo de dardos e Baby deu chilique que não podia lidar com aquilo agora. Loly decididamente não estava no caminho para torná-la sua segunda melhor amiga assim.

Aliás, até a primeira melhor amiga andava meio emperrada.

-A Mia pediu para a Angie tratar disso também. Nós duas! - Baby esbravejou. - Sabe o que a Angie fez até agora? Porra nenhuma! Eu trabalho feito uma condenada, ela é personal e só manda os clientes darem umas corridinhas em volta da praça. Ela que organize essa merda enquanto eles correm! Eu não tenho tempo!

Loly pensou e, sabiamente, achou melhor não dizer que a Baby também não tinha feito nada, quem fazia era ela, mas sabia como estágios funcionavam e que ela estava ali para aprender um pouco e ser muito explorada enquanto isso.

-E o que eu faço?

-Mostre pra Angie! Aproveite e pegue o vestido da sua sogra e confirme com ela se podemos fazer a prova amanhã. Mulher, ano que vem quem vai estar na semana de moda de Paris seremos nós! - Baby teve um giro de humor de cento e oitenta graus e sacudiu Loly pelos ombros, animada.

-Sim! Claro! - Loly concordou, espantada.

-Então vá ver a Angie e pegar o vestido. Anda, anda! - Ela apressou, animada.

-Ok! - A estagiária pegou o celular antes que o humor da Baby mudasse de novo e ela desse um ataque por motivo nenhum.

Angie atendeu e disse que elas podiam se encontrar, sim, de preferência dali a meia hora, quando teria um intervalo entre um cliente e outro. A mudança era boa. Loly queria se tornar amiga da Baby, mas Angie era muito menos assustadora.

Angie esperava por Loly no Hyde Park, sentada em um banco, os equipamentos empilhados ao lado, uma tralha danada para quem só fazia os clientes correrem ao redor da praça. Ela parecia uma musa fitness, de body, legging, só músculos e sem uma única gota de gordura corporal, a saboneteira aparecendo, os cabelos muito longos presos em um rabo de cavalo, absolutamente maravilhosa. Não era a primeira vez que Loly ficava chocada com a beleza de Angie, pois não era cega, mas de repente lhe veio uma ideia que não sabia como não havia lhe ocorrido antes.

-Você cobra muito caro, Angie? - Ela perguntou, depois que as duas se cumprimentaram.

-Depende. Algumas pessoas fazem o básico. Com algumas outras, eu faço escalada, corredeira, essas coisas, aí sai mais caro. Primeiro porque não dá para praticar em qualquer lugar, tem a entrada, o equipamento. Segundo porque me dá mais trabalho. Terceiro porque é mais diferenciado. Por quê? Você está procurando um personal?

-Estou, sim - Ela respondeu, um pouco desanimada porque Angie havia soado como alguém mais ou menos no valor do personal caríssimo que Thea havia lhe recomendado. - Mas seria só o básico mesmo. Eu corro de manhã, mas queria fazer alguma coisa de força também. Dizem que os músculos continuam trabalhando em repouso...

-Vamos fazer o seguinte. Vou fazer um treino para você e você faz na academia. Que tal?

-Oba! - Loly concordou, empolgada, e então lembrou do mais importante. - Mas quanto vai ser?

-Nada. Eu vou com você as primeiras vezes para te passar e olhar se você está fazendo tudo certinho, e aí você continua por conta própria, mas, se tiver qualquer dúvida, chama o professor, tá? Não vá se machucar, por favor.

Quando a Vida AconteceWhere stories live. Discover now