Capítulo 21

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Baby ficou parada do lado de fora da porta, o envelope nas mãos, sabendo que sua vida não seria mais a mesma dali a instantes. Millie estava na creche e a Grace, se o mundo fosse bom e justo, estava na casa do Zach, provavelmente ainda dormindo. Aquele era um momento íntimo, talvez o mais pessoal de toda a sua vida, mais que a morte da sua mãe, mais que perder a virgindade, mais que qualquer coisa que não saiu anunciando aos quatro ventos. Hum... se bem que havia anunciado bastante a primeira vez que fez sexo. E é claro que todo o universo conhecido sabia sobre a morte da sua mãe. Talvez estivesse se adiantando um pouco... E era por isso que optara por ver o resultado da forma antiga, em um envelope e não em uma tela de computador ou smartphone.

Nesse momento, a porta do apartamento de Zach se abriu. Baby não acreditou ao ver Grace se esgueirar para fora com um sorriso sorrateiro de quem estava aprontando algo e segurando uma garrafa de espumante. Baby ficou olhando para ela, boquiaberta.

-A gente vai comemorar, não? - Grace falou.

-Até eu, que não sou santa, acho que está meio cedo pra beber – Ela respondeu a primeira coisa que passou pela cabeça. Nunca, nem em um milhão de anos, esperava que Zach fosse colocar a cabeça por trás dela:

-Não é beber. É só um brinde, vai. Eu tive de contar a ela. Não tem problema, né? Certeza que você contou para o Tommy.

-É, contei. Mas, olha, Grace, não me leva a mal. Não quero ser grossa e vou adorar brindar com você - Baby adicionou aquela primeira falsidade à fala para suavizar o golpe. - Mas a abertura do envelope é um episódio meio íntimo, sabe? Eu preferia abrir só com o Zach.

-E você não tem intimidade comigo, entendo – Grace falou. Para lhe dar crédito, ela realmente parecia entender. Mas não estava feliz por isso.

-Faz sentido, Gracie – Zach concordou, o que pareceu deixar Grace mais contrariada ainda. Entretanto, ela reagiu com bastante elegância e falou, entrando:

-Venham aqui depois de abrirem o envelope. Vou pegando as taças.

Assim que a porta se fechou, Zach e Baby trocaram um sorriso em um momento de total telepatia, de que aquele envelope era uma bobagem, eles sabiam o que significavam um para o outro e sabiam o que queriam. Mas uma dessas coisas que desejavam era o nome dele nos documentos da Millie, um pouco de reparação histórica, e por isso Baby se virou para abrir a porta, a mão do Zach na base das suas costas, uma mão que já vinha se tornando tão familiar. Entraram. Zach fechou a porta atrás de si e olhou para Baby em expectativa. Ela estava muito nervosa, com vontade de adiar aquele momento para sempre, pois sabia que, depois dele, nada mais seria o mesmo.

-Cara, gosto de suspense e tal, mas... vamos? - Ele disse.

-Vamos – Ela concordou.

Baby respirou fundo e abriu o envelope.

Nome do laboratório.

Várias linhas de números e legendas.

Índice de Paternidade Combinado: zero

Probabilidade de Paternidade: zero

Resultado: O suposto pai está excluído de ser pai biológico do filho.

-E então? - Zach perguntou, apreensivo. Se ele ainda não havia percebido que ela encarava o papel com os olhos arregalados, as mãos tremendo e a respiração curta, então ele era a pessoa menos observadora do mundo.

-Eu não... Eu... Você não...

-Não o quê, Baby? - Ele pegou o papel.

Baby achou que seu corpo não a sustentaria por mais tempo e foi até o sofá sobre pernas de gelatina, onde se sentou e escondeu o rosto nas mãos. Se não era o Zach, então quem? Quem? Mas, antes que pudesse concluir o pensamento, ele disse:

Quando a Vida AconteceWhere stories live. Discover now