Capítulo 03 - Perdida em lembranças

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Passo pela cozinha e decido pegar mais do suco de laranja que tomei no almoço de hoje. 

Estou enchendo um copo quando minha mãe entra na cozinha com um embrulho na mão. 

— Ah! Aí está você – ela diz e coloca o saco de papel pardo em cima da bancada.

— Estava me procurando? – pergunto enquanto guardo a jarra de volta na geladeira. 

— Passei na loja de tecidos no caminho para cá e encontrei uma coisa que você vai amar. 

Me aproximo da bancada para olhar o tal tecido. Quando vejo a cor rosa bebê se sobressair no meio das outras cores dentro do embrulho, pego ele na mão para ver melhor.

— Que. Coisa. Mais. Linda – falo pausadamente, admirando o tecido na minha mão ao mesmo tempo que sinto a textura. É macio e delicado, e começo a imaginar vários modelos de vestidos que ficariam perfeitos com ele.

— Sabia que ia gostar. – Ela sorri. — Vou fazer uma roupa para você com ele. Você escolhe o modelo.

— Sério? – Abraço o pano contra o peito. — Obrigada, mãe! Já sei qual vou escolher – digo, já pensando num vestido que salvei ontem no celular.

— Quando a gente for tirar suas medidas você me mostra.

— Tirar minhas medidas? – pergunto, sem entender. — Por quê? A gente fez isso uns dois meses atrás.

— Esqueceu que eu tive que folgar duas blusas suas essa semana? – Ela fala distraidamente, enquanto tira vários materias de costura de dentro do saco, os empilhando na bancada. — Vou tirar suas medidas de novo, para não correr o risco de ficar apertado. 

— Acha que eu engordei tanto assim? – levo a mão à barriga automaticamente. Eu tive que me desfazer de algumas peças nos últimos dois meses, mas tenho que confessar que nem tinha me atentado muito para esse fato. Estava mais preocupada com o show do James Prince do que com o tamanho do meu manequim, para ser sincera. 

Minha mãe me olha.

— Você está crescendo, querida. É normal. – Ela sorri. 

— É. – Dou de ombros e devolvo o tecido para ela. — Quer tirar as medidas agora?

— Mas... você não ia sair hoje?

— Nossa! Eu tinha total esquecido disso! – Pego meu copo cheio da bancada, bebo todo o suco de uma vez e deixo o copo vazio na pia. — Mais tarde a gente tira as medidas, tá? – eu digo já na porta da cozinha, correndo em direção ao meu quarto.

— Tá bem – ouço minha mãe responder com um tom de riso.

•••

Tento fazer a mão parar de tremer enquanto faço o contorno nos olhos com um lápis cor-de-rosa, fazendo de tudo para não borrar e ter que começar tudo de novo.

Mas toda a minha concentração vai pelos ares quando algo bate na minha janela, fazendo eu errar a mão e borrar o traço do olho esquerdo. 

Bufo de frustração, jogando o lápis na mesa de maquiagem e caminhando até a janela, sabendo exatamente o quê – ou quem – eu encontrarei do outro lado.

Até Onde o Amor nos Levar | Amores Platônicos 03Where stories live. Discover now