—Aurum,Argentum. Preciso de um favor de vocês. - a voz suave e gentil da pretora corta o silêncio, sem máscaras e sem postos. Apenas Reyna, uma latina que ao longo dos anos perdeu todo o sotaque espanhol. 

Os cães de metal abanam o rabo, os olhos de rubi se voltam à dona. Alheios ao fato de que, em breve, partiram rumo à rainha das amazonas. A devoção nos olhos de rubi quase fazem Reyna vacilar,deixar isso para lá e não mandar seus cães para longe de si. Quase.

Mas aquela dúvida e necessidade ainda está em si, e mesmo que visto a olhos alheios seja um pedido banal, para Reyna não é. Não são apenas cães de metal, não são só seus guarda costas. Aurum e Argentum foram os únicos que não a deixaram, traíram ou depositaram em si o peso de carregar tudo nas costas. Irônico que, seus cães de metal são os únicos com quem Reyna sente poder ser humana e demonstrar sua fraqueza. 

Ou, eram até pouco tempo os únicos.

 Alguém em especial, se infiltrou na vida de Reyna de forma sorrateira e despercebida, como uma sombra e agora a pretora não se vê mais sem o mesmo. 

Ela se levanta da cadeira, carta em mãos. Se ajoelhando no chão, os cães logo se jogam sobre a mesma, lambidas leves e até tímidas sendo depositadas no rosto da garota. Reyna não os impede, desistindo de ficar ajoelhada, se senta com as pernas cruzadas e deixa os galgos demonstrarem seu afeto. Reyna não sabe para onde eles vão, ou como é a viagem que os mesmos fazem pelas sombras. Mas, Argentum e Aurum não possuem mais nenhum arranhão e é como se nunca tivessem se machucado. A jovem agradece aos Deuses por isso. 

Jogando para longe suas dúvidas e incertezas, Reyna amarra a carta a Argentum e faz todos os preparativos para os mesmos partirem. Observa aflita os cães latirem, e partirem nas sombras do quarto. 

Está tudo bem Reyna. Eles ficaram bem. Em breve estarão de volta. 

Suspirando, ela se dirige ao banheiro da casa. Não se deu ao luxo de ir nas fontes termais de Roma, mesmo possuindo a melhor casa de banho ela não tem tempo para desfrutar. Não se permitiu relaxar se quer uma vez, e a quatro dias ela está em pé, se permitiu descansar por apenas três dias,os primeiros pós guerra. Se é que aquilo poderia ser chamado de descanso . Sinceramente, com a viagem para trazer de volta Atena ela descansou mais.

Seu corpo inteiro está doendo, a dor absurda que rasga seus músculos quase a faz ceder. Mas ela não pode, não deve. Não quando o acampamento precisa de liderança,e todos estão contando com ela. Os machucados que ela conseguiu não estão curados, mesmo com os itens mágicos, comida dos deuses e os melhores curandeiros, há feridas expostas por sua pele. Em parte porque, de acordo com Will ( o campista grego que a atendeu logo após a batalha), ela não deveria abusar do néctar ou poderia explodir seu corpo. E, por que Reyna não sabe oque é repouso ou cuidado básico com uma ferida. 

Seus cortes são constantemente abertos, e não tem o mínimo de horas de sono que é o recomendável. Ligando a água na quente, ela deseja que a mesma leve consigo pelo ralo toda dor e exaustão. Tudo que conseguiu foi o ardor de seus arranhões em contato com a água e um leve relaxamento nos ombros tensos. 

Aplicando o shampoo vagarozamente ela deixa os dedos deslizarem suaves por seu couro cabeludo,iniciando uma massagem leve nos fios negros. De olhos fechados ela retira a espuma, enxaguando sem pressa os cabelos e iniciando o processo de aplicar o condicionador. 

No automático ela termina o banho, e sai enrolada na toalha sem se dar o trabalho de se enxugar no banheiro ou calçar o chinelo. Seus pés descalços e molhados deixam pegadas pelo corredor, ela terá que secar mais tarde. Se vestindo com roupas leves, ela penteia os cabelos e os deixa soltos livre de sua típica trança. 

Sangue de um imortal (Solangelo+Theyna.)Where stories live. Discover now