Teen White Wolf - Uma fic "The Witcher" [vol. 1]

Parte 2 - Capítulo 2: Primeira Estrofe

Imagem: benevolent-incubus.tumblr.com


Vesemir entrou no quarto sem cor do hospital. Visena estava ali, como estivera pelos últimos meses: deitada, ligada a toda sorte de aparelhos que a mantinham viva e respirando. Ves sabia que o momento estava chegando, a irmã também. Não tinham meias palavras ou pisavam mais em ovos sobre isso. Falavam abertamente dos planos de Vis para os filhos, Geralt e Ciri. Naquela noite, ela tinha pedido que deixassem Vesemir entrar fora do horário de visitas, parecia ansiosa para alguma coisa. Vesemir suspeitava do que era.

- Ves... - ela disse, sua voz fraca e rouca por falta de uso, ao ver o irmão entrando com um buquê de girassois.

- Vis... - ele respondeu, sorrindo o máximo que podia, mas sentindo seu coração apertar à medida que alargava o sorriso.

- Meu irmão... Diga, como estão meus meninos?

- Estão bem, na medida do possível. Ficaram dormindo, exaustos depois de brincarem o dia todo... - ele ficou mais sério. - Tive que vir às pressas, você me assustou, Visena. Aconteceu alguma coisa?

Ela balançou vagamente a cabeça.

- Eu estou sentindo, Ves. Não devo... Não devo passar desta noite. 

Vesemir engoliu em seco, colocou o buquê sobre a mesa de cabeceira. 

- Eu vou pedir à enfermeira que coloque no vaso, hoje fez tanto sol... Como fez durante toda sua vida, minha irmã.

Ela sorriu debilmente. Seus olhos castanhos-amendoados fecharam-se com o elogio, como se ela o degustasse.

- Eu adoro girassois, Ves. Você sabe... E agora... Está tão... Frio. E escuro.

Vesemir estava perto o suficiente agora, segurando uma das mãos frias e de pele fina como papel de Visena. Parecia que ao menor suspiro, ele a perderia de vez.

- A carta... Você guardou?

- Sim. Eles lerão em breve. São muito espertos, como você. 

- Me prometa, Ves... Me prometa que... Que eles... - a voz parecia embargar agora.

- Shh... Não se esforce, minha irmã. Eu já prometi a você. Prometo quantas vezes for necessário: vou cuidar de Ciri e Geralt como meus próprios filhos. E eles já são, Visena.

- Geralt... - ela fez um sinal para que ele se aproximasse mais. Parecia um esforço imenso. - Geralt e você... Devem proteger... Cirilla. Meus dois homens, cuidem da minha pequena.

- Vamos cuidar. Não se preocupe.

- Meu filho... É um menino tão... Tão sensível... Não deixe que partam... Muito... Seu coração... - ela abriu um sorriso um pouco mais animado. Vesemir riu.

- Acho que ele também vai partir alguns, irmã. Você sabe, está se tornando um rapagão.

Visena assentiu com a cabeça.

- Meus filhos... Eu vivi por eles, Ves. E agora... Agora...

Os bipes no monitor cardíaco começaram a acelerar um pouco, e Vesemir alarmou-se. Apertou o botão que chamava a enfermeira. Ele sabia que em breve teria de deixar o quarto, então aproveitou para apertar a mão de sua irmã mais uma vez, sem saber com certeza se seria a última, e segredou em seu ouvido:

- Vou cuidar deles, Vis. Prometo.

Vesemir segurava a carta de Visena em sua mão no meio da manhã. Hoje fazia mais um ano que sua irmã tinha partido. Ele sabia que teria um dia mais difícil que de costume pela frente. Ciri e Geralt não pareciam ter se lembrado ainda. Eles não mantinham nenhuma grande tradição nessa data, a não ser uma visita rápida para deixar girassois na lápide de Visena Rivia, e um chá de camomila no fim da tarde - era a bebida preferida dela.