19. Anel Brilhante.

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       𝓝o dia seguinte, meu rosto estava inchado e meus olhos estavam vermelhos. Havia passado a noite toda chorando, o sentimento de humilhação pelo feito de Alex misturados a tudo que eu estava reprimindo nas últimas semanas me fizeram ter uma crise tão intensa que acabei por não dormir, preferindo me debulhar em lágrimas e soluços até o dia amanhecer. Não desci para o café da manhã, me escondendo de Elysha no quarto até que ela saísse para o cabeleleiro. Quando o relógio bateu onze horas, eu já estava pronta para sair também. Mas meu destino não era tão supérfluo quanto o de minha irmã. Eu iria novamente sair da Corte, caminhar até a estrada de terra e entregar a um dos capangas de Luke o Cálice que tinha furtado de Darkless. 

Na teoria pareceu fácil, mas quando saí de casa carregando na mochila o objeto roubado, senti que todos me olhavam, e que a qualquer momento o próprio Mestre se materializaria na minha frente e quebraria meu pescoço por tal traição. Mas não. Consegui atravessar a Corte e saí pelos portões sem ser interceptada por ninguém, o que me fez respirar aliviada. 

Dessa vez, havia vindo mais preparada. Calçando tênis de corrida super confortáveis e com uma garrafa d'água na mochila, fiz a caminhada de uma hora em menos de quarenta minutos, o que me rendeu tempo para pensar. 

Se Darkless descobrisse o que eu tinha feito, eu estava morta, tinha certeza. Ainda assim, não conseguia me arrepender da decisão de ajudar Luke a acabar com um mal que aterrorizava as pessoas sobre a terra. Eu nunca tinha visto um Lostess, mas sabia que eles eram seres cruéis, sanguinários e que acabavam com toda vida que encontravam. Se Luke podia os deter, eu estava fazendo um favor ao mundo, e se Darkless fosse mesmo tão medonho quanto ele tinha dito, eu não deveria me sentir tão culpada. 

Mas me sentia. Principalmente depois da noite anterior, quando ele me segurou em seus braços e me ofereceu conforto quando eu chorei por tudo que estava me acontecendo. Ele havia sido gentil, até mesmo empático com minha dor, e agora, eu estava o traindo. Porém, não poderia voltar atrás. Avistei o carro e a estrada de terra quando comecei a pensar em dar meia volta, e novamente, o senso de honra, de ajudar os outros, aquele instinto que estava enraizado dentro de mim, falou mais alto. Me aproximei do veículo em passos calculados, e Oswald saiu de dentro dele. 

— Conseguiu? — Ele perguntou assim que me aproximei. Assenti e tirei da mochila o cálice, entregando a ele em seguida. Oswald pareceu geuinamente surpreso com meu feito. — Seu bisavô ficará muito orgulhoso, Senhorita Balmer. Obrigado por seu feito, seremos eternamente gratos. 

— É por uma boa causa. — Eu disse mais para mim do que para ele. — Isso vai ajudar muita gente. 

Oswald sorriu abertamente. 

— Oh, sim. Vai mesmo. 

●❯────────・❪ 🥀 ❫ •────────❮●

Naquela tarde, tive uma revelação que nunca pensei que teria. Descobri, ao me sentar para fazer o penteado, que meu cabelo tinha setenta e dois centímetros. Jamais tinha imaginado que um dia estaria com um *hair style* fazendo um penteado chique para um baile de vampiros, mas o que mais me surpreendia era ter setenta centímetros de cabelo. Markus, o cabeleleiro, prendeu para trás minha franja numa trança elaborada, deixando o restante dos meus cabelos soltos e colocou uma tiara de cristais intrincados sobre eles. 

— Você está linda. — Elysha elogiou me lançando um olhar orgulhoso conforme admirava o penteado. A maquiadora que tinha terminado a obra de arte no rosto da minha irmã, caminhou até minha cadeira com seus pincéis. 

— Preciso mesmo usar maquiagem? 

— Claro! — Markus exclamou. — É um baile de gala. 

Me esforcei para não revirar os olhos, e Margot, a maquiadora vampira, começou a preparar minha pele com diversos cremes. Pelo espelho, pude ver quando ela passou camadas e camadas de produtos que eu me recordava chamar base e corretivo, e por fim, passou tanto pó em meu rosto que se eu fosse uma usuária de cocaína estava feita. Elysha começou a rir das minhas expressões, mas a maquiadora não se intimidou. Delineou meus olhos com um kajal preto, e passou um batom vermelho fechado em meus lábios, contornando-os para parecerem minimamente maiores. 

Quase ri ao perceber que eu parecia outra pessoa. Não tão bela quanto uma vampira, mas ainda assim, bem diferente do habitual. Principalmente com o vestido de baile. A peça era nobre, recatada, deixava meus ombros nus, já que as alças estavam envolvendo meus antebraços. O decote era mínimo, nada vulgar, mas apertado o suficiente para deixar meus seios juntos e em evidência. O corpete também era apertado, tanto que afinava minha cintura logo antes de se abrir numa saia redonda e pomposa que arrastava no chão. Mesmo que meus pés não aparecessem, Elysha exigiu que eu usasse saltos, mas eu a convenci a usar os médios, aos invés do par de saltos altíssimos que ela queria a princípio. 

— Você está… — A voz de minha irmã falou ao me olhar. — Absolutamente linda, Lizzie. 

Eu sorri, verdadeiramente emocionada com suas palavras. Ela estava incrível, e qualquer pessoa que estivesse ao seu lado seria ofuscada, mas ela já deveria saber disso. Trajando um belíssimo vestido verde escuro com detalhes em esmeralda, minha irmã parecia uma verdadeira princesa. Tão linda que minha vontade era de me curvar numa reverência. 

— Você está incrível, Ely. — Eu disse com sinceridade, segurando a mão dela para sairmos juntas de casa. Antes de passarmos pela porta, ajeitei o bracelete de Darkless no pulso, o que pareceu fazer Elysha se lembrar de algo. Minha irmã atravessou a sala rapidamente e voltou com uma pequena caixa em mãos. 

— Isso chegou para você quando estava fora. 

Arqueei as sobrancelhas, supresa. Imaginei que fosse de Alex, e meu coração acelerou de raiva ao abrir a caixa, mas quando vi a rosa vermelha dentro dela, com um anel praticamente idêntico ao meu bracelete, soube no mesmo instante que era de Darkless. Ele não precisava assinar seu nome quando a rosa inundava minhas narinas como o cheiro doce dele. A culpa fez meu peito doer, triste por tê-lo traído, mesmo que soubesse que era por um bem maior. 

— É de Alex? — Elysha perguntou com um sorrisinho animado. Abri um sorriso maior ainda. 

Markus entrou na sala, impedindo que eu dissesse a minha irmã que o presente vinha do homem lindo, com cheiro de rosas, que fazia meu coração bater vivo no peito.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora