24. Bela Atriz.

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𝓔lysha saiu mais cedo, dizendo que precisava estar na Sala do Mestre mais cedo, e disse que antes das três Darkless viria me buscar. No entanto, assim que minha irmã saiu pela porta e atravessou o jardim, Darkless apareceu em minha varanda. Dei um pulo da cama, quase caindo no chão. 

— Existe uma coisa chamada porta, sabia?! — Exclamei assustada, levando a mão ao peito. Darkless não deu bola para minha crítica, apenas andou pelo quarto, olhando ao redor. Quase morri de vergonha quando ele arqueou as sobrancelhas negras para o sutiã vermelho que havia esquecido sobre a penteadeira. — O que você quer? 

— Passar o que você dirá ao Conselho. — Darkless disse ao sentar-se na beirada da minha cama. — Imagino que Elysha tenha te posto a par de tudo. 

— Da sua mentira? — Sibilei. — Sim, ela já contou. 

Darkless suspirou impaciente. 

— Aleksander viu que nos beijamos. Não havia nenhuma outra alternativa. Além do mais, ele merecia. 

— Você… — Minha voz falhou. — Você matou um cara inocente porque ele viu a porcaria de um beijo? 

— Inocente? Se você não tivesse esse bracelete, Lizzie, ele teria te compelido a dar seu sangue a ele. 

— Você, Aztraz Niklas Darkless, é um psicopata, assassino e babaca! — Praticamente gritei. — Eu não vou mentir por você! Vou contar tudo e… 

Darkless atravessou o quarto como um raio e segurou meus antebraços com força antes de me prender contra a parede. Arquejei de susto — e de medo — quando vi seus olhos assumirem um tom de vermelho brilhante. 

— Não me chame de Aztraz. — Ele sibilou. — E se você não aceitar, irei tirar esse bracelete do seu pulso e te compelir a contar a história que eu quiser. 

Tentei o empurrar, mas não consegui. Suas mãos apertavam meus braços com força, mas seus olhos felizmente voltaram ao azul. 

— Eu odeio você! 

Darkless riu, se inclinando um pouco mais em minha direção. 

— Você não me odiava ontem, quando gemeu meu nome. — Ele sussurrou contra meu ouvido. — Nem quando me beijou como se eu fosse o homem que você mais quis na vida. 

Levantei a mão para lhe dar um tapa, mas Darkless me fez girar, minha barriga e o lado esquerdo do meu rosto colidindo contra a parede. O corpo dele colou as minhas costas e ele me segurou com mais força. 

— Não me provoque, Lizzie. Se você me bater, eu não vou me importar com o que prometi ao seu pai. — Ele sussurrou contra minha orelha, dessa vez, arrepios percorreram meu corpo. — Vou quebrar todos os dedos da sua mão e não vou curar eles, na verdade, vou ter prazer em te compelir para sentir ainda mais dor. 

Tentei me afastar, e dessa vez, consegui. Lancei um olhar de ódio a Darkless e ciente de que ele me faria dizer o que quisesse, por bem ou por mal, concordei em contar suas mentiras. Não podia arriscar que ele tirasse meu bracelete e descobrisse sobre Luke e o Cálice. 

— O que eu preciso dizer? 

— Dirá que estava passeando pelo roseiral e que Alex te encontrou, bêbado e transtornado e logo te atacou. Não precisa dar muitos detalhes após ele lhe morder, não esperam que você lembre bem. Mas precisa parecer amedrontada e preocupada. — Darkless rolou seus brilhantes olhos cor de céu. — Chore também, isso costuma angariar simpatia. 

O encarei sem acreditar no que tinha dito por último, mas Darkless não retirou suas palavras, pelo contrário, me lançou um olhar penetrante, mostrando que falava bem sério. Gemi internamente. 

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Darkless abriu a porta da Sala do Mestre e me deu espaço para passar primeiro. Respirei fundo para reunir coragem e entrei no Salão, evitando olhar para qualquer um que estivesse vestido de verde. Felizmente, só haviam os ombros do Conselho ali, e somente um deles trajava a cor das folhas. Darkless assumiu seu lugar no trono no meio das cadeiras adjacentes e projetou o queixo para frente, uma expressão de completo descaso no rosto. 

— Essa reunião é para esclarecer os acontecimentos da noite anterior. — Darkless informou, a voz fria ecooando pelo salão parcialmente vazio. — Lizzie Relish irá contar detalhadamente sua parte da história. 

Darkless me encarou, seus olhos azuis curiosos e fez um sinal para que eu prosseguisse. Olhei ao redor, para as três mulheres desconhecidas, para minha irmã que sorria me encorajando, e por fim, coloquei meus olhos sobre Julius Pontus. Me arrependi prontamente. Ele me fitou furioso, mas pude ver as olheiras em seu rosto de alabastro e as bordas avermelhadas em seus olhos castanhos. Castanhos como os de Alex. Respirei fundo. 

— Saí do baile com o Mestre Darkless pois não me sentia bem, e então, ele precisou resolver algo, me deixando sozinha nos jardins. Resolvi caminhar pelo roseiral, um local que me traz paz e geralmente me tranquiliza… E depois de um tempo Aleksander Pontus me encontrou. 

“Imaginei que ele queria conversar, ou algo do tipo. Mas… Ele estava estranho. Logo notei que estava bêbado, e muito fora de si. Falava coisas desconexas e não parecia bem. Tentei me afastar, disse que precisava retornar ao baile, senão minha irmã Elysha ficaria preocupada, mas nesse momento, ele não me deixou passar. Não sei bem como aconteceu, o pavor me dominou quando ele me agarrou. Lembro de gritar, mas ele me segurou com mais força e logo… Fincou os dentes no meu pescoço…” 

Solucei alto. Não era verdade. Não era. Aleksander nunca tinha feito isso, e a mentira doía de forma tão colossal que não conseguia me impedir de chorar. Chorei mais ainda quando vi lágrimas no rosto de Elysha por causa de minha encenação. 

— Aleksander me atacou, e então, o Mestre apareceu, me salvando dele. Fiquei caída um tempo, mas pude ver uma briga. Lembro de ter ficado um pouco chocada em vê-lo ir contra o Darkless, mas estava tudo muito confuso por causa da dor e pela perda de sangue. — Essa parte eu sabia dizer, já que tinha passado por isso no ataque do roseiral, quando Darkless me salvou de verdade. — E então a briga cessou. Acho que perdi a consciência, ou fiquei chocada demais, porque não me lembro de mais nada. 

O salão ficou em silêncio, os membros do conselho absorvendo minhas palavras. Uma mulher que eu não conhecia, se levantou e veio até mim. Pensei que ela diria algo, ou até faria algo ruim, mas ela apenas me entregou um lenço. 

— Sinto muito que tenha passado por isso em nossa Corte, que deveria ser um lugar seguro para você… 

Porra nenhuma! — Julius gritou, interrompendo a mulher ao se colocar de pé bruscamente. Ela se colocou a minha frente e Darkless e Elysha rapidamente também se levantaram de suas cadeiras. — Ela é uma patética humana! Meu filho morreu por causa de uma humana de merda! Ela não deveria estar segura porra nenhuma, ela é o nosso alimento! Meu filho está morto porque… 

— VOCÊ QUER SER O PRÓXIMO? — Elysha gritou tão alto que senti o som dentro do meu próprio corpo. — Porque se você falar assim da minha irmã outra vez, sua família irá enterrar dois caixões! 

— ORDEM! — Darkless bradou, como se estivesse num tribunal. A mulher ao meu lado se encolheu. — Pontus, você sabe que Lizzie é um membro importante da Realeza, é um ataque contra ela é um ataque direto contra mim, assim como seria caso a situação fosse invertida e um filho seu fosse ferido dentro dessa Corte. Entendo sua dor, mas ele teve as consequências de seus atos. E, Relish, entendo que você se sentia ofendida e queira proteger sua irmã, mas mantenha o decoro. 

Elysha cerrou os lábios para não dizer nada, mas por sua expressão, soube que ela queria mandar o Mestre se foder. Senti mais afeição ainda por ela naquele momento. 

— Posso me retirar? — Indaguei baixinho, apertando entre as mãos o lenço que a vampira tinha me dado. 

— Taurus, acompanhe a Senhorita Relish. — Darkless ordenou e rapidamente Tauros se colocou ao meu lado. 

Me virei e saí de perto deles antes que pudesse ver o choro me tomar novamente. Nunca perdoaria Niklas Darkless por aquilo. Nunca.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora