Aceitação

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Harry não estava nem um pouco animado durante semana. Cumprir todas as detenções, com diversos professores, era um saco. E não apenas por ser; ele não suportava o fato de que Hermione e ele estavam em detenções separadas. Todos os dias.

A noite de sábado havia mexido com Harry. Mais precisamente, o final dela.

As palavras, o toque e o olhar de Hermione perduravam em sua mente por horas. Ele sentia o estômago despencar, por alguma razão; lhe faltava ar só de pensar naquilo. Ela tinha sido tão doce, mesmo que tivesse inúmeros motivos próprios para não ser.

Pense no que eu te disse, ok? Ele se lembrou. A voz e o rosto tão lindos, era um pedido quase impossível de negar. Mas o que ela queria dizer com aquilo? Harry estava pensando nisso, enquanto ia para a detenção de quinta-feira, junto do zelador Filch.

Eles tinham falhado na floresta proibida; obviamente, ambos estavam muito frustrados com isso. Queriam respostas, acima de tudo; mas até onde ia isso? Harry deveria parar de privar sua liberdade? Deveria voltar ao quadribol ou coisa parecida? Não conseguia se ver nisso ainda. Ele parou em frente à sala de Filch e bateu na porta grossa de madeira.

Ninguém respondeu, por ora. Ele conseguia ouvir barulhos lá dentro, podia ser tanto a gata de Filch, quanto o próprio. Ele bateu mais uma vez, à espera de respostas. Sem retorno mais uma vez, ele encostou na parede e se pôs a esperar. Foi uma espera torturante, pelo tanto de coisas que ele ocupavam sua mente no momento.

Era um dilema difícil, ele constatou. Voltar a jogar quadribol parecia algo banal, visto de fora; nada demais. Mas para Harry, significava. Se lembrou de Rony, ele estava do outro lado.

Harry sentia que viraria as costas para ele, que desistiria, se isso acontecesse. Eles, que costumavam compartilhar todas as experiências sobre o esporte. Harry não se sentia digno de fazer isso com ele, mas, ao mesmo tempo, esse discurso parecia mentiroso.

O luto sempre tinha um ponto de aceitação. Harry se perguntava se havia chegado a hora de aceitar e seguir em frente. Hermione parecia pronta para isso.

- Ei, você. Está aí? – Harry despertou de seus devaneios; uma garota lhe chamava, logo à frente.

Ele quase deu um salto, assustado: era Sophia Hartman que estava logo na sua frente.

Sophia era uma garota linda, mas intimidadora ao mesmo tempo. Ela tinha um rosto ossudo, sobrancelhas grossas e uma expressão séria, porém levemente simpática, de uma maneira que Harry não conseguia explicar. O cabelo incrivelmente não era loiro, julgando que era alemã, e sim preto escuro, junto com sua pele que também fugia do estereotipo germânico, tomando um aspecto moreno bem evidente. A postura dela devidamente chamava a atenção; era muito certinha e estável, como se desde nova tivesse sido perfeitamente lecionada aos bons modos. Ela tinha o cenho inclinado e os braços cruzados, encarando Harry com uma expressão curiosa que incomodava.

- Você estava viajando por completo aí. – Sophia disse, suprimindo um sorriso mínimo e colocando as mãos para trás.

- O que você está fazendo aqui? – Harry deixou escapar, estupefato. – Digo... aqui, na porta da sala do zelador. – ele completou, após ver que soou um pouco grosso demais.

Sophia abriu os braços.

- O mesmo que você, eu imagino? – ela perguntou, irônica.

A porta atrás deles se abriu bruscamente. O zelador Filch apareceu, com sua gata, Madame Norra. O olhar dele brilhava de uma maneira que fez Harry engolir em seco.

- Espero que estejam preparados. – disse ele, olhando especificamente para Harry, de uma maneira satisfeita. - Andem logo e me sigam.

Bem que James havia falado. Harry pensou, temendo o pior.

Ampulheta QuebradaWhere stories live. Discover now