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27 de Setembro, 2021

Hobart, Tasmânia

Austrália

— Siri! — a mãe cumprimentou sorrindo a filha, que entrava em casa após chegar da escola.

Sua mãe possuía descendência norueguesa e chamava a filha de Siri, que dentre as línguas escandinavas significa "mulher que o levará à vitória", ou algo do tipo. Seus amigos mais próximos também a chamavam assim, talvez porque achavam o apelido engraçado.

— Não vai comer?

— Oi, mãe — disse subindo as escadas. — Não. Vou para a casa da Angie.

— E como ela está? Nunca mais a vi com você.

— Bem. — a filha falou rapidamente, indo em direção ao quarto.

— Filha, espera! Vem almoçar comigo! — a mãe gritou do andar de baixo.

Siren fingiu que não havia escutado e a mãe voltou a fazer sua refeição na cozinha.

— Mãe, estou indo! — a filha saiu pela porta da frente.

Tudo bem! — a fala da mãe foi abafada pelo som da porta que bateu. Logo em seguida a mulher escutou a ignição do carro sendo acionada pela filha na garagem.

— Siri, mas quanto tempo! — a mãe de Angie a abraçou.

— É — Siren murmurou com um sorriso tímido.

— Angie está lá em cima.

Fazia tempo que Siren não entrava no quarto da melhor amiga. Não sentia um conforto tão grande quanto aquele há meses. Parecia que fora do seu mundo turbulento, tudo continuava igual.

Angelina, ou Angie, como era chamada, era como uma irmã. Se conheciam desde muito pequenas e seus pais costumavam ser próximos. Siren ainda era da família, apesar do tempo.

Depois de um abraço apertado, longo e reconfortante como o de um familiar saudoso, as garotas começaram a pôr a conversa em dia, mas Siren não estava no clima para jogar conversa fora. Ela queria que a amiga soubesse de tudo o que era importante, mas já havia mantido segredos demais para que conseguisse começar a contar.

— Eu passei uma semana rindo desse vídeo. Sério, ninguém mais além de nós iria rir disso.— Angie disse, gargalhando. — Eu te enviei, mas acho que você não viu.

— Angie, eu preciso te contar uma coisa. — Siren interrompeu, olhando para Angelina com um olhar apreensivo e sério, diferente da forma como normalmente agia.

— Pode falar. O que aconteceu? — perguntou a amiga, franzindo o cenho.

— Eu nem sei por onde começar.

O coração de Siren acelerou. Seu sangue correu quente por seu rosto. Angie a encarava com curiosidade e preocupação.

— Conhece o terapeuta da escola?

— Brandon Terrence?

Siren assentiu com a cabeça. Não sabia como começar a contar, mas precisava confiar em alguém que a ajudasse. Ela estava desesperada.

— Eu estava tendo sessões com ele por um tempo, eu não estava muito bem. Acho que nunca estive, mas não é o caso...

— Vai ficar tudo bem, Siri. Eu não sei pelo que você está passando, mas é normal se sentir assim em algumas fases da vida. Te garanto que você vai sair dessa — Angelina olhou para a loira com compaixão — Sabe que pode sempre desabafar comigo.

sirèneWhere stories live. Discover now