Boo!

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30/04/2019 Tuesday
— 06:30 AM.

— Jungwoo. — Chamou novamente assim que sentou na beirada da cama.

Decidiu dar uma olhada no mais novo quando já estava quase no horário dele sair de casa e ele não havia descido para tomar café. Encontrou o ruivo encarando a cortina escura do quarto, na direção contrária da porta.

— Oi. — Se assustou assim que notou a presença dele no cômodo, se sentando. — Desculpa, estava distraído.

— Está tudo bem com você? — Perguntou desconfiado do comportamento não característico dele. — Você já deveria ter descido.

— Só acordei um pouco indisposto... — Jogou o cobertor para o lado e foi procurar por um uniforme no gaveteiro.

— Quer ficar em casa hoje? Estou preocupado com você.

— Não, não precisa. — Foi para o banheiro.

Suspeito demais. Em que dimensão Jungwoo negaria faltar à escola?

Esperou ele voltar com o uniforme escolar, acompanhou com os olhos ele buscar a mochila pendurada atrás da porta e ficar o esperando na passagem para o corredor.

— Que marca é essa no seu braço? — Foi direto, apontando para a área coberta pela blusa de frio.

— A-ahn... Me machuquei ontem na educação física, a atividade foi handball. — Deu uma risada bem forçada na opinião de Taehyung. Se não conseguia mentir para ele, ele também não conseguia mentir para si.

— Entendi. — Se não queria falar agora, esperaria para quando ele estivesse a vontade. — Vai comer, vou te deixar no colégio.

Colocou Jeongguk adormecido na cadeirinha a o cobriu com a manta branca, deu a volta ocupando o assento do motorista. Seus olhos revezavam entre o ruivo ao seu lado e o Jeon adormecido pelo reflexo do espelho. Jungwoo estava muito calado, estranhamente quieto, o que lhe deixava preocupado.

Assim que chegaram na frente do colégio não foi diferente, ele apenas murmurou um “tchau” sem nem dirigir os olhos ao irmão.

[...]

30/04/2019 Tuesday
— 04:24 PM.

“Hyung, vai procurar a minha chupeta.” Continuou cutucando seu peitoral e tentando inutilmente incomodar de algum jeito o Kim, mas sendo ignorado igual aos minutos anteriores.

Ter aquela coisa gorducha deitada sobre si e o cutucando com as mãozinhas macias não era o suficiente para fazê-lo deixar de olhar para o teto, parecia bem mais interessante ficar assim. Sua mente ainda refletia sobre o comportamento do caçula, que no almoço mal havia trocado no prato, visto que ele não tinha o hábito de deixar comida por alí. Não teria outra saída, o jeito seria colocá-lo contra a parede e fazê-lo falar.

Será que tinha feito algo para aborrecer ele mesmo sem perceber? Sua consciência estava limpa, e se tivesse feito algo, isso seria preocupante em sua cabeça. Tomava o maior cuidado possível com as palavras quando se tratava de Jungwoo, sabendo das reações explosivas do mesmo, mas já fazia bastante tempo que essas conversas não aconteciam mais.

Seria cruel admitir que não conhecia mais o seu irmão?

Não sabia mais se sua cor favorita ainda era azul, se seu esporte favorito ainda era vôlei... Quando foi que parou de telefonar para sua família?

“Você está me forçando à tomar medidas extremas.”

Agora se sentia culpado por não estar tão presente na infância do ruivo, ainda quando ele dizia com todas as letras o quanto ficava feliz com uma mera mensagem interagindo com o primogênito. Não tinha muita disposição para fazer amizades — talvez fosse uma característica da família — e assim tinha seu irmão mais velho como “o melhor amigo de todos!”.

Jeongguk... Pocket?!Onde histórias criam vida. Descubra agora