Prólogo

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Amanda Medina

Eu respirava com dificuldade por causa daquela roupa apertada. Vestido de couro preto, quem teve essa ideia? Ah, claro, a louca da minha amiga Bárbara.

- O vestido serviu? - ouvi ela gritando do banheiro.

- Pode-se dizer que sim. - falei me observando no grande espelho do quarto dela. Meus olhos grandes se destacavam pela maquiagem feita, meu cabelo castanho liso em camadas, o vestido marcava todas as minhas curvas. Virei de lado para reparar no meu bumbum que estava acentuado pelo vestido. Meu pai não ia gostar nada disso. Nem Saulo, principalmente..Suspirei pesadamente ao pensar nele, o tempo inteiro me tratando como uma irmãzinha mais nova, me vigiando e protegendo como uma boneca de porcelana. Isso me dava nos nervos! Tudo bem que eu não tinha tanto tempo assim na polícia e ainda precisava de treinamento mas eu sabia o motivo disso tudo, ele era a mina de ouro encontrado por meu pai. "O policial exemplar que vai seguir meus passos um dia na corregedoria" dizia o Sr. Armando Medina, meu pai. Arrrgh. Por isso Saulo estava sempre acatando as ordens dele, eram como o mestre e seu aprendiz. Os dois tinham um código secreto pra me proteger e com isso me colocar nas investigações mais chatas e enfadonhas!

Achava que ia encontrar apoio no delegado Ricardo mas ele e Saulo eram melhores amigos. O que um pedia o outro fazia. Uma espécie de camaradagem entre homens, o que pelo visto, valia mais do que o código policial.

Mas hoje a noite seria diferente. Pela primeira vez desde que entrei na corporação estava na linha de frente de uma investigação importantíssima, bem como bastante perigosa. Envolvia pessoas importantes e influentes do país. Eu tinha passado meses coletando dados e pesquisando em todos os lugares por evidências do crime praticado por essa espécie de quadrilha de homens poderosos. Tudo muito sigiloso pois não queria que ninguém soubesse de início. Quando tinha arrecadado material suficiente para iniciar uma investigação mostrei tudo ao delegado Ricardo. Nunca vou esquecer a cara de surpresa dele e do Saulo, que como sempre, ficou furioso porque guardei segredos dele.

Imediatamente os dois quiseram me colocar como secundária mas não deixei. Disse que só iria entregaria o material todo se me colocassem na linha de frente e não só da pesquisa mas da ação. Ricardo sabia que poderia ficar mal na fita com meu pai mas preferiu arriscar pois aquele era um peixe grande pra nós. Agíamos na inteligência da polícia federal e portanto a descoberta de crimes e prisão dos culpados era a glória pra nós. E o crime que estava a ser de desvendado era de grande repercussão tanto nacional quanto internacional.

Ouvi o barulhinho de mensagem do meu celular e fui olhar já sabendo quem era:

"Te pego em 10 minutos. Esteja pronta"

Curto e grosso. Esse era o Saulo, tudo bem que ele era bem humorado, engraçado e gentil quando queria. Além de ter um sorriso lindo. Mas aquele era ele no modo policial-bruto-macho-alfa. Bárbara voltou do banheiro me olhando de boca aberta.

- Meu deus, amiga! Você está um espetáculo!

- Obrigada - falei - Mas faz parte do disfarce.

- Saulo vai pirar!

- Por quê?

- Nada, ué - disse - Sabe que ele é todo superprotetor contigo.

Bárbara era bem observadora e perspicaz. Fazia parte da função dela como perita criminal, ela analisava dados, juntava as peças do quebra-cabeças que eram nossas operações. Éramos amigas desde que entramos juntas na polícia e agora estávamos dividindo um apartamento em São Paulo. Sentia-me muito sortuda por tê-la ao meu lado. Trazia um balde de pipoca na mão e peguei um pouco sentando com ela no sofá, logo depois escutamos a campainha tocar e ela foi abrir enquanto eu pegava minha bolsinha.

Evidências de uma PaixãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora