Capítulo XXXIV

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Kael não aceitou muito bem a notícia de que Dionísio antes de ser preso teria de participar de uma operação perigosa em outro país, angústia, foi o que o tomou, e apenas não entrou em desespero total porque os outros na casa não precisavam carregar a mesma preocupação que ele, principalmente Dona Marília.

Se antes Kael torcia para que chegasse logo o momento que pudesse organizar-se para visita-lo, agora rezava para que seu amado retornasse daquela operação com vida.

Foram os três meses mais difíceis que o jovem passou. No começo, como as notícias que Júlio recebia eram escassas, vivia a procura de informações na internet, todos os noticiários que abordavam qualquer coisa sobre a Venezuela eram verificados por ele. Cada vez que encontrava algo que notificasse mortos em operações policiais no país, seu coração acelerava e suas mãos suavam, antecipando a notícia ruim que poderia surgir, mas em todas as vezes que Kael terminava de ler a matéria, agradecia mentalmente por Dionísio não está entre eles.

Depois de semanas contínuas que Júlio não recebia uma única ligação de atualização sobre a operação, Kael viu uma matéria que continha a seguinte manchete, Cooperação internacional policial leva a queda do cartel Pérez.

A primeira coisa que Kael fez foi gritar pelo cunhado, precisava que ele continuasse a tentar obter informações, e depois continuou a ler, até que Júlio chegou ao quarto de Kael atordoado, cabelos bagunçados e o rosto ainda inchado pelo sono, claramente havia acabado de despertar.

– Minha nossa Kael! Pensei que a casa tava sendo invadida, mas a bonita tá aí, sentada lindamente em frente ao computador! – Júlio disse exasperado, correndo os dedos por entre os cabelos, impaciente.

– Júlio, aqui diz que o Alejandro foi morto... liga de novo, tenta conseguir alguma informação. – Disse nervoso.

O quê? – Exclamou, surpreso. – Cadê? – Indagou, já se aproximando do computador para verificar a notícia, leu brevemente e voltou para seu quarto em busca do celular, ligando mais uma vez para Onório, que novamente não o atendeu.

Júlio continuou a tentar falar com o delegado, enquanto seguia Kael para sala, ligou a TV e concentrou-se no jornal, esperando que qualquer notícia sobre a operação fosse exibida.

Uma cobertura sobre a operação que incluía policiais brasileiros passou no telejornal, atraindo a atenção dos dois. A jornalista informava que houve uma grande participação de investigadores do Brasil, assim como também do Chile, Equador e outros países da América Latina.

A missão não tinha ocorrido como o esperado, o grande número de policiais envolvidos na operação, deixou a todos com a falsa sensação de vitória, tinham a prisão de Alejandro como certa, e Dionísio era um dos poucos que sabia que não seria nada fácil.

Na capital do país, foi onde o confronto se iniciou, provavelmente alertado por autoridades corruptas, Pérez soube da chegada dos policiais, e quando estava tentando deixar Caracas uma equipe tentou interceptar sua saída, no entanto, os policiais tiveram um trágico fim, uma RPG rapidamente fora apontada em direção ao carro em que estavam e nenhum deles teve tempo de recuar, o SUV explodiu e Alejandro seguiu em fuga, deixando para trás inúmeros policiais com rostos assombrados, perplexos com tamanha ousadia e poder de fogo. Naquele momento, perceberam que a missão seria muito mais complicada do que esperavam.

A presença de Dionísio, que até aquele momento parecia inútil para a maioria dos que estavam ali, passou a ter outro significado.

Era por possibilidades de imprevistos durante a execução da missão, que Dionísio havia sido levado, e aquele já demonstrava ser um dos grandes, a rápida e fácil operação, seguiu outro rumo, e tudo que ele guardava em sua mente das vezes que tinha estado naquele país, junto aos Pérez, naquele momento buscava usar a seu favor.

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