Capítulo XXIX

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– Vai com calma, não tira totalmente o pé, lembra do que te disse. A medida que tu for soltando a embreagem pressiona o acelerador. – Dionísio instruiu pacientemente mais uma vez, depois das incontáveis vezes que Kael havia estancado, incrivelmente o jovem tinha se saído muito melhor com as aulas de tiro do que de direção.

Dionísio havia tido a ideia de iniciar com o que ele acreditava que seria o mais complicado para que Kael aprendesse, no entanto, não poderia estar mais enganado. Fez com que o jovem começasse a treinar sua pontaria com uma carabina de pressão, o ensinou a graduar a mira acima do cano e entregou-lhe o chumbinho. Relutante, Kael tentou acostumar-se com a sensação de segurar aquela arma, Dionísio o incentivou a experimentar e com mãos trêmulas disparou no alvo de madeira que Dionísio havia mandado fazer.

Como era a primeira vez que fazia aquilo, não tinham nutrido grandes expectativas, Dionísio acreditava que Kael precisaria de alguns dias de aulas, e mesmo que não tenha acertado o alvo na primeira vez em que tentou, nem nas seguintes, depois de muitas tentativas, pareceu finalmente ter se entendido com aquela carabina, suas mãos não mais estavam trêmulas, já conseguia manter-se firme e aquilo ajudou com que não tivesse variações bruscas na mira, acertando o alvo.

Aquilo pareceu fornece-lhe a sistemática do ato, e nas demais tentativas obteve êxito, e por isso Dionísio resolveu apresentar-lhe algumas das armas de fogo que havia separado para seu treinamento.

– Separei essas armas pra ti e ver qual tu se adapta melhor. Mas tu vai precisar testar cada uma. – Dionísio explicou depositando a caixa entre eles e viu como Kael estava apreensivo.

– Sei que tu tá nervoso, e queria muito te dizer que se você não quiser tentar não precisa... – Suspirou pesado. – Mas não posso. – Lamentou, desviando seu olhar de Kael e fitando a imensidão de terras ao seu redor.

– Eu sei. – Sussurrou Kael se aproximando mais de Dionísio, acariciando levemente seu rosto, o que atraiu seu olhar novamente para ele.

– Queria tanto não ter que te forçar a isso... tu não deveria ter que aprender essas coisas, eu não deveria te arrastar pra tudo isso!

– Ei! Não faz assim, não lamente por isso! Eu não quero ter essa sensação de arrependimento vindo de você. Como se quisesse desistir de nós.

Aturdido, Dionísio tratou rapidamente de negar com a cabeça e Kael continuou.

– Nós estamos fazendo isso pra proteger a nossa família.

Dionísio fechou os olhos por alguns segundos, saboreando o que Kael havia dito, principalmente a maneira doce e terna que considerava aquele confuso núcleo fraterno, o que não era diferente dele.

– Não tenho ideia do que fiz pra ser abençoado dessa maneira... – Dionísio sorriu bobo.

O que? – Kael riu, e indagou sem compreender o namorado. – Eu tava falando aqui, mas pelo jeito teus pensamentos foram longe... bem distante daqui, né amor?

Dionísio riu. – É só você... Meus pensamentos são só você. – Dionísio o abraçou, beijando seus cabelos.

Kael apenas se afastou e sorriu. – Vamos continuar?

Dionísio concordou e abriu a caixa, expondo todas as armas para Kael.

– Tem armas que são grandes e outras pequenas como essas, pra ti uma dessas assim é o suficiente, mas cada uma tem suas particularidades, por isso é importante que tu experimente.

Kael concordou com um aceno e viu Dionísio apresentar-lhe cada uma, explicando que independente da arma que escolhesse sentiria o coice, mas que as de baixo recuo eram significativamente menos intensas. Depois passou a explicar-lhe que nem todas possuíam mira, sistema de segurança ou municiador, entregando cada modelo em sua mão, para que pudesse sentir o peso.

Destinado a vocêWhere stories live. Discover now