Capítulo XXII

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Dionísio não teve qualquer pensamentos ilusórios de que o irmão havia voltado apenas porque queria vê-lo novamente, tinha certeza que a última coisa que sentiria dele seria saudades, não havia dúvida de que era mais um problema que teria de resolver, mas ser recebido com um bom dia ou um quanto tempo irmão teria sido bom.

– Alberto tá me ameaçando.

– O que? Ele tá preso, como é que tá te ameaçando? Pra começar, porque ele te ameaçaria? – Dionísio não compreendia o temor que ouvia na voz do irmão.

– Pois é, preso ele tá mesmo, mas isso não impediu em nada de mandar os amigos dele me atormentarem.

– O QUE? Porra, como assim? O que ele fez?

– Ele quer que eu faça o milagre de soltar ele!

– Eu sei o quanto ele quer sair daquela merda, mas aí te ameaçar vai muito além, isso nem parece com o Alberto.

– Mas ficar preso muda qualquer um Dionísio, o que tu achava? Que ele ia sair o mesmo que entrou? Ele já era um destemperado antes de fazer do presídio a morada dele, imagina agora?

– Ok. Mas o que ele te fez? Ele mandou alguém te machucar? Tu tá bem? – Dionísio perguntou preocupado, não importava o tempo que passasse ou o tratamento que sabia que receberia do irmão, nunca deixaria de se importar com ele.

– Eu to bem. – Respondeu indiferente. – Até agora não aconteceu nada fisicamente comigo, mas não vai demorar muito pra isso. Ele me ligou algumas vezes querendo que eu ficasse a par do caso dele e fizesse brotar uma maneira com que ele fosse solto, eu expliquei que eu tava longe, nem tinha ideia de quem era o advogado dele e eu não podia simplesmente interferir na defesa de outro colega, então ele continuou insistindo e o papo mudou, as conversas passaram a ser mais agressivas, mas como tu bem sabe, eu não queria me envolver em nada que tivesse haver com os negócios da família e resolvi ignorar.

– Então? – Dionísio o motivou a continuar.

– Ele simplesmente mandou um bando de mal encarados entrarem na firma onde eu trabalho! Todo mundo pensou que era a droga de um assalto, ainda pensam, mas o recado foi pra mim. Quebraram o escritório inteiro e trancaram todos os funcionários nos banheiros e salas, mas eu fiquei separado e imagina o susto que eu levei ao ouvir um recadinho em vídeo do meu próprio irmão! Porra! Aquele bandido enfiou o celular na minha cara e tive que assistir a gravação que o Alberto fez dentro do presídio.

Dionísio o fitava incrédulo, sem conseguir reconhecer o irmão em tais atitudes.

– Ele me disse que fez merda lá dentro e tava com a cabeça a prêmio, consegui mudar ele de bloco e pelas informações que eu recebi a segurança tá reforçada, não entendo porque ele tá fazendo isso contigo, se as coisas pioraram e ele tá com medo deveria ter me ligado... pelo menos é isso que ele sempre faz, não tô entendendo o que tá acontecendo. Por que ele não me ligou? – Divagou.

– O Alberto tá mudado Dionísio, não queira colocar lógica onde não tem... A única coisa que importa pra ele agora é sair de lá, ele tem planos aqui fora...

–Que planos?

– Se tu não sabe, como é que eu vou saber? Isso foi tudo que ele me disse. Óbvio que o incentivo que eu recebi dele surtiu efeito, né? Contatei a defesa dele aqui na cidade, é uma equipe muito boa a que tu contratou, expliquei que era irmão do Alberto e queria pedir vista do processo, mas como não to qualificado como representante legal precisava da ajuda deles, que por sinal foram bem legais com isso e me forneceram tudo que conseguiram... Li e reli milhares de vezes os autos do processo e não consegui achar nenhuma saída e claro que o Alberto não aceitou quando disse isso a ele.

Destinado a vocêWhere stories live. Discover now