Capítulo XXVI

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– Di! – Kael gritou ao ver Dionísio atravessar a porta, o paninho de flanela que utilizava para limpar compulsivamente a mesa aparador da sala rapidamente deixou suas mãos e foi jogado longe, e ao conseguir o que tanto desejava nos últimos dias, apenas lhe restava correr e jogar-se nos braços daquele que rapidamente se tornou tão importante em sua vida.

Dionísio mal tinha atravessado a soleira da porta quando teve de segurar o pequeno rapaz, com os braços de Kael em volta de seu pescoço e os seus em sua cintura, o abraçou com força e enterrou seu rosto no pescoço do jovem, aspirando o cheiro que tanto gostava e lhe era tão familiar.

Kael e Dionísio se perderam um no outro, que esqueceram da presença dos demais que ali estavam. Júlio e Vitor que vinham logo atrás trocaram olhares, o primeiro sorria malicioso como se estivesse prestes a soltar uma de suas piadinhas, e o outro erguia uma sobrancelha e tinha um olhar questionador, surpreso com a atitude ousada de Kael em público, que sempre ficou tímido quando era Dionísio que tomava a iniciativa de algum contato em sua frente, e agora simplesmente forneciam um show para uma pequena plateia, já que Arnaldo e Jairo tinham acabado de estacionar o carro no gramado e também estavam aguardando para entrarem, e compartilhavam um olhar de surpresa por presenciarem tal exibição, mas em seus rostos não havia qualquer traço de crítica.

Ainda com Kael nos braços, Dionísio andou com ele até o centro da sala, quando finalmente o colocou no chão, mas sem afasta-lo de seu corpo, parecia precisar senti-lo perto, então suas mãos deixaram a cintura do rapaz apenas para fixar-se em seu pescoço e inclinou-se para falar ao seu ouvido.

– Senti sua falta, meu amor! – Dionísio murmurou roucamente, provocando arrepios na pele de Kael, que fechou os olhos e mordeu o lábio, apenas o liberando quando sentiu a respiração de Dionísio misturar-se com a sua, e os lábios macios e sedentos tomarem os seus para um beijo breve e discreto, e tão absorto no que sentia, Kael com languidez buscou por mais quando sentiu o namorado se afastar, e somente aí, finalmente conseguiu se dar conta do quanto havia se exposto.

As bochechas ligeiramente inflamadas eram um indicativo do constrangimento que acabava de tomar Kael, que correu os olhos por todos que estavam ali na sala, e os fitavam com olhares de surpresos à divertidos, mas uma certeza que se havia era que qualquer comentário troçador não seria feito, pois ainda que Dionísio estivesse um pouco mais suave, aquilo se restringia apenas a Kael e todos que não tinham um desejo de morte sabiam que deveriam manter a boca fechada, isso apenas não incluía Júlio.

– Caramba! Aposto que se a gente não tivesse vindo junto a pegação seria aqui na sala mesmo. Por que com o fogo que vocês estão nem conseguiriam chegar no quarto... – Disparou Júlio jogando-se na poltrona.

– Júlio! – Repreendeu Dionísio ao ver como Kael estava envergonhado.

– Que foi? É mentira? O garoto aí te olhou salivando assim que colocou os olhos em ti e contigo não foi diferente.

– Fecha a porra da boca! A menos que tu queira que eu te ofereça de brinde para o Alberto. – Ameaçou e imediatamente Júlio fez um gesto com a mão como se fechasse a boca com um zíper, e então Dionísio olhou para os demais. – Alguém quer falar mais alguma coisa? – Indagou, recebendo acenos frenéticos de não.

Todos fitaram o chão, como se o piso de repente fosse muito interessante, até que Vitor quebrou o silêncio que havia se instalado.

– Irmão, combinei com eles aqui pra ti passar tuas ordens. – Disse Vitor ao apontar para Jairo e Arnaldo.

Dionísio puxou Kael para que ficasse em sua frente, com a costa apoiada em seu peito, e com os braços o envolveu, ignorando o constrangimento do jovem e alguns olhares de estranhamento que ainda que não fossem preconceituosos, o faziam pela falta de costume ao ver Dionísio tão envolvido emocionalmente por alguém.

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